130 deslizamentos de terra foram registrados em Santa Maria nas enchentes de maio, aponta pesquisa

130 deslizamentos de terra foram registrados em Santa Maria nas enchentes de maio, aponta pesquisa

Foto: Anderson Cazorla e Gabriel De David

O mapeamento das cicatrizes deixadas por deslizamentosde terra durante a enchente de maio aponta que o Rio Grande do Sul já atingiu 14 mil ocorrências. A partir de imagens de satélite mais recentes, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) conseguiram mapear também a situação de Santa Maria. Em todo o território do município,foram 130 pontos que tiveram movimentação de solo nos morros.


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Segundo o pesquisador Clódis Andrades Filho, do Instituto de Geociências da UFRGS, a estimativa atual é chegar a 16 mil cicatrizes de deslizamentos no Estado, pois ainda falta mapear algumas regiões. Deve chegar a quatro vezes mais do que o recorde anterior no Brasil, que tinham sido os deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, onde tinham sido mapeadas 4,3 mil cicatrizes de movimentos de massas.

 
Esse levantamento é feito com base em imagens de satélite em alta definição e tem várias finalidades. Tudo está disponível na internet, em um site onde qualquer pessoa pode acessar e aproximar a imagem, detectando locais onde houve deslizamentos e verificar se estão perto de locais habitados. Além de continuar ajudando a identificar locais onde ainda é possível procurar por desaparecidos, essas imagens servem também de alerta para que Defesas Civis e prefeituras continuem monitorando locais de risco, onde ainda podem haver novos deslizamentos em dias de chuva forte, como nesta quarta-feira (5).


O pesquisador da UFRGS alerta que, em dias com previsão de chuva acima de 100 a 150 milímetros, quem mora perto dessas áreas de deslizamentos deve sair de casa, pois, como o solo está exposto e pode haver locais com movimentações parciais de terra, podem ocorrer novos deslizamentos.

 
– Tem áreas que tiveram rupturas parciais, que são áreas que vamos monitorar mais a partir de agora. A gente indica para os produtores rurais e os moradores que, se a chuva chegar a 100 a 150mm em 24 horas, que essa população saia. Ou se tem previsão de chuva forte, não ficar em locais que ficaram expostos – diz Andrades.

 
Segundo ele, assim como há Plano Diretor para áreas urbanas, é preciso fazer uma planejamento também para as áreas rurais, já que eventos extremos de chuvas tendem a ocorrer com mais frequência.

 
– Foi algo inédito, atípico e que pode voltar a acontecer, porque diante das mudanças climáticas, nós estamos numa região que está exposta a novas tempestades e cada vez mais fortes. A nossa região do Brasil está numa área de choque de massas frias e massas quentes, e nós temos de nos adaptar – comenta.

 
Na região, a quantidade de deslizamentos chama a atenção também em duas cidades. Agudo foi a terceira do Estado com mais cicatrizes de movimentações de terra, num total de 400, ficando atrás apenas de Caxias do Sul (607 deslizamentos) e Veranópolis (540). Já Silveira Martins é a segunda cidade no Estado com mais deslizamentos por quilômetro quadrado. Foram 320 cicatrizes de escorregamentos identificadas nas imagens, o que dá um índice de 2,68 a cada quilômetro quadrado. O município ficou atrás apenas de Santa Tereza, com 3,71.


Mortes
Mais de 180 pessoas perderam a vida na enchente de maio, boa parte atingidas por deslizamentos de terra. Na Região Central, foram 12 mortes. Só aqui na cidade, cinco pessoas perderam a vida: um casal e um bebê no interior, e mãe e filha que faleceram no escorregamento de terra no Morro do Cechella.


Serviço Geológico Nacional mapeou áreas na cidade

O chefe de Gabinete do prefeito de Santa Maria, Alexandre Lima, diz que esse tipo de mapeamento pode colaborar, mas afirma que o Serviço Geológico do Brasil já entregou um relatório detalhado dos deslizamentos em Santa Maria, com as ações previstas.  

 
– E o Plano Municipal de Redução de Risco, a cada conclusão de etapa, a professora Andrea Nummer e os demais chamam o Comitê Municipal, com representantes de várias secretarias. Ela explica, mostra que conclusões que eles chegaram e o que vão fazer – comentou Lima.


As situações mais preocupantes são na Rua Canário e na Vila Churupa, no Cechella, na Vila Bilibio e na Santa Terezinha, onde mais de 150 famílias deixaram casas por risco de novos deslizamentos.


Raio-x no Estado

Confira as cidades com mais deslizamentos na enchente de maio

  • 1ª) Caxias do Sul - 607
  • 2ª) Veranópolis - 540
  • 3ª) Agudo - 400
  • 4ª) Fontoura Xavier - 397
  • 5ª) Roca Sales - 393
  • 6ª) Bento Gonçalves - 373
  • 7ª) Nova Petrópolis - 365
  • 8ª) Anta Gorda - 359
  • 9ª) Cotiporã - 354
  • 10ª) Ibarama - 342
  • 11ª) Putinga - 326
  • 12ª) Silveira Martins - 320
  • 13ª) Faxinal do Soturno - 278
  • 14ª) Santa Tereza - 273
  • 15ª) Dois Lajeados - 270
  • 16ª) Antônio Prado - 249
  • 17ª) Candelária - 245
  • 18ª) Nova Roma do Sul - 240
  • 19ª) Sinimbu - 235
  • 20ª) Pinto Bandeira - 232
  • 21ª) Nova Palma - 224
  • 22ª) São José do Herval - 218
  • 23ª) Flores da Cunha - 202
  • 24ª) Dona Francisca - 196
  • 25ª) Muçum - 188
  • 26ª) Gramado - 186
  • 27ª) Encantado - 183
  • 28ª) Passa Sete - 175
  • 29ª) Canela - 169
  • 30ª) Imigrante - 162
  • 31ª) S. João do Polêsine - 159
  • 32ª) Pinhal Grande - 151
  • 33ª) Nova Pádua - 146
  • 34ª) Farroupilha - 146
  • 35ª) Arvorezinha - 140
  • 36ª) Vale do Sol - 135
  • 37ª) Santa Maria - 130
  • 38ª) Guaporé - 122
  • 39ª) São Francisco de Paula - 113
  • 40ª) Marques de Souza - 111


Confira as cidades com maior densidade (mais deslizamentos por km²)

  • 1ª) Santa Tereza - 3,71
  • 2ª) Silveira Martins - 2,68
  • 3ª) Imigrante - 2,26
  • 4ª) Pinto Bandeira - 2,21
  • 5ª) São José do Herval - 2,12
  • 6ª) Cotiporã - 2,04
  • 7ª) São João do Polêsine - 2,03
  • 13ª) Dona Francisca - 1,72
  • 15ª) Faxinal do Soturno - 1,64


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