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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A partir de fotos obtidas em primeira mão pelo colega José Mauro Batista, de uma cratera em uma lavoura no Distrito de Santa Flora, foram dezenas de ligações durante o dia desta quarta-feira para tentar confirmar se as misteriosas imagens eram reais e daqui ou se eram de outro país. Em uma das imagens, aparece um agricultor dentro do buraco, que tem cerca de 2 metros de diâmetro e mais de meio metro de profundidade, com muita terra espalhada para os lados.
O rumor era de que teria ocorrido um erro durante um teste de tiro no Campo de Instrução de Santa Maria (Cism) e que um projétil teria atingido a lavoura de uma propriedade. Porém, nem militares nem moradores de Santa Flora tinham ouvido falar do caso. Um militar que viu as fotos achou que a cratera era pequena para ter sido provocada por um tiro de blindado. Como na última sexta estava prevista uma chuva de meteoros em todo o país, até essa possibilidade era cogitada.
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Só às 15h desta quarta, a 3ª Divisão de Exército (3ª DE) confirmou que a cratera aberta na plantação foi causada por um projetil de um blindado M-109, recém-comprado dos Estados Unidos. O incidente ocorreu na quarta da semana passada, quando militares faziam testes de tiro no Cism para comprovar que os blindados estavam em condições perfeitas de uso e aprovar seu recebimento. Segundo a 3ª DE, nesses testes, foi feito o chamado tiro tenso, que é direto a um alvo - diferente dos tiros feitos em uma demonstração na sexta passada (foto), que foram para o alto, em determinado ângulo, para cair mais perto.
Como o alcance do tiro do M-109 é de até 30 km de distância, no caso do tiro direto, para não haver riscos, a mira é feita em direção a um vale entre duas coxilhas, para que não haja perigo de atingir ninguém nem sair da área do Cism. Porém, segundo o Exército, o projetil teria ricocheteado e voado em direção a essa lavoura, que fica ao lado do campo de instrução. Mas não informou a distância percorrida pelo projétil, que tinha carga explosiva. Por sorte, ninguém se feriu e não havia casas por perto. Foi só um susto.
- Na quarta mesmo, o fazendeiro ligou para o Exército para informar que essa granada ou parte dela caiu nessa lavoura, que fica marginal ao campo de instrução. Os tiros foram imediatamente suspensos. Esse caso nos traz muita atenção e já avisamos o campo de instrução para revisar as normas de tiro. A partir de agora, esse tipo de tiro será feito só no campo de Saicã, que é bem maior, para não haver riscos - afirmou o coronel Nei Leiria do Nascimento, assessor de Comunicação Social do Comando da 3ª DE.
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Depois de contatar com diversos moradores de Santa Flora, o Diário conseguiu localizar o dono da propriedade. O agricultor, que não quis ter o nome revelado nem as fotos divulgadas, afirmou que foi só um tiro, que explodiu no solo. Ele contou que tinha gente trabalhando na lavoura, mas não próximo ao local em que o tiro caiu.
- Foi pela manhã, escutei e imaginei que poderia ser dali. Sempre escutamos tiro de manobra, mas nunca passa para cá, essa foi a primeira vez. Eles (o Exército) deixaram bem claro que não vai mais ter problema. Naquele dia mesmo, eu avisei o Exército, e eles pararam imediatamente - afirmou o agricultor, que contou que militares foram até o local diversas vezes para averiguar a situação.
*Colaborou Dandara Aranguiz