
Foto: Divulgação
A enchente de maio já vai completar um ano, mas não há nem sinal de solução para a situação caótica do transporte ferroviário no Rio Grande do Sul. Três principais troncos de ferrovia estão interditados desde então, entre Santa Maria e Porto Alegre, da Região Metropolitana para a Serra gaúcha e Passo Fundo, e entre a Serra e Santa Catarina. Seguimos isolados do resto do país, com um só trecho em operação transportando soja: Cruz Alta-Santa Maria-Cacequi-Rio Grande. Na última terça (15), no evento Tá na Mesa, da Federasul, o vice-governador Gabriel Souza fez duras críticas à Rumo Logística, que não demonstra nenhum interesse em reconstruir esses trechos com pontos destruídos pelas enchentes. Souza disse que a Rumo, que pertence à paulista Cosan, de açúcar e etanol, só pensa em atender o transporte de seus produtos no Sudeste.
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Já o deputado estadual Felipe Camozzato (Novo) apresentou um panorama sobre o impacto dos custos logísticos na economia do Rio Grande do Sul e defendeu a urgente necessidade de resgatar e modernizar a malha ferroviária do Estado. Ele destacou que, no Estado, o cenário ferroviário é bastante preocupante: em 25 anos, a malha das ferrovias do Estado foi reduzida de 3.150 km para apenas 921 km previstos em 2025, tornando o escoamento de produção mais caro e ineficiente, especialmente após as enchentes. E isso impacta diretamente o custo logístico do Estado, que já é maior que a média nacional.
– Se o custo logístico do Rio Grande do Sul cair de 21,5% para 18% do PIB, o Estado poderá ganhar impressionantes R$ 24,7 bilhões por ano em sua economia. Quantas oportunidades de investimentos se tornariam viáveis com essa redução de custo? – provocou o deputado.
Com isso, nossas estradas seguem cheias de caminhões com cargas pesadas, como de combustíveis e celulose, o que ajuda a danificar as rodovias e aumenta as mortes em acidentes – sem contar nesse aumento do custo de frete.
Felipe Camozzato reforçou que a PEC das Ferrovias, projeto de sua autoria recentemente aprovada na Assembleia Legislativa, é um passo importante, mas não suficiente. Segundo ele, é necessário avançar com a regulamentação da PEC por meio de lei e decreto, além da criação de um Plano Estratégico Ferroviário integrado a um Plano Estadual de Logística e Transportes, que leve em conta as necessidades reais do mercado e conecte o RS ao restante do Brasil e ao Mercosul.
O problema é que o custo inicial para reconstruir apenas os trechos destruídos não baixa de R$ 5 bilhões, até porque seria preciso fazer novos traçados para tornar a ferrovia mais rápida e competitiva. E a Rumo, que detém a concessão, não tem interesse em investir aqui no Estado.
Uma esperança está em uma possível troca de concessionária. Recentemente, o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, informou que o Rio Grande do Sul está inserido no Plano Nacional Ferroviário e que um estudo de viabilidade técnica e econômica será concluído em junho para indicar novas rotas da ferrovia na região sul do Brasil. Segundo ele, o leilão do traçado deve ocorrer no 1º semestre de 2026. É que a concessão da Rumo vence em 2027. O problema é que tem muita conversa, mas pouca ação prática. Os anos vão passando, mas nada de solução.