Com 78 anos de atuação na região, a tradicional empresa de ônibus Expresso São Pedro, de Santa Maria entrou com um pedido de falência na Justiça. Na ação, do dia 18 de novembro, a alegação é que, apesar das tentativas de reequilibrar a empresa, inclusive com prazos aprovados para pagar as dívidas, a situação ficou inviável financeiramente.
O pedido está para ser julgado pelo Judiciário. Segundo a advogada Luiza Negrini Mallmann, da MMT Advogados, que representa a Expresso São Pedro, a empresa continuará operando normalmente até que a sentença seja dada, caso confirme o pedido de falência.
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Há décadas, a Expresso São Pedro faz linhas intermunicipais de Santa Maria para cidades como São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Jaguari, Santiago, São Borja, São Luiz Gonzaga e Porto Xavier. A empresa tem 20 funcionários atualmente.
A São Pedro está em processo de recuperação judicial, que foi aprovado pela Justiça em outubro de 2022. Segundo Luiza, na época, nenhum credor se opôs ao plano de parcelamento para pagar as dívidas, mas, com as enchentes e o aumento da concorrência de serviços de caronas por aplicativos, além da falta de reajuste de preços das passagens, a situação financeira da Expresso São Pedro ficou insustentável.
A coluna não conseguiu apurar qual o valor atualizado da dívida da Expressão São Pedro.
Opinião
Transporte de passageiros vive grave crise e precisará de ajuda
Como o transporte intermunicipal é um serviço de utilidade pública, antes de decidir sobre o pedido de falência da São Pedro, possivelmente a Justiça consultará o Daer e o governo do Estado para saber como ficará a prestação do serviço nas linhas intermunicipais operadas hoje pela empresa. A lei não prevê isso, mas, caso seja decretada mesmo a falência, é possível que seja negociado um período de transição até que outra empresa assuma as linhas da São Pedro.
O setor de transporte de passageiros vive um drama em todo o país, pois vem enfrentando prejuízos e falta de apoio da maioria dos governos. Algumas prefeituras até estão subsidiando a passgem do transporte coletivo urbano, mas as empresas de ônibus intermunicipal e interestadual não recebem nenhum incentivo. Várias delas estão em recuperação judicial, enquanto outras, incluindo a famosa Pluma, faliram este ano.
-66% passageiros nas rodoviárias
Aqui no Estado, a venda de passagens intermunicipais caiu 66% em 10 anos nas rodoviárias gaúchas, segundo GZH. De 32,2 milhões de passagens vendidas em 2013, caiu para 10,9 milhões em 2023. O número de estações rodoviárias caiu de 326 para 184 em 10 anos.
Os ônibus interestaduais também sofrem uma queda expressiva. Segundo estudo divulgado recentemente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2013, 58,6% dos passageiros usavam o transporte aéreo e 41,4% utilizavam os ônibus para ir de um Estado para outro. Em 2023, os ônibus interestaduais caíram para 24,4% do mercado, enquanto os aviões são responsáveis por 75,6% dos passageiros interestaduais. Aviões com tarifas mais baratas e viagens bem mais rápidas são alguns dos motivos, além de aplicativos de caronas e mudanças de hábitos da população, especialmente os mais jovens. Ou os governos socorrem o setor, ou ele vai quebrar de vez.