Em sessão extraordinária cercada de muita polêmica e de um debate ríspido travado entre governo e oposição, o Legislativo de Santa Maria votou e aprovou, no amanhecer desta quarta-feira (14), o subsídio de R$ 4 milhões ao sistema que opera o transporte público na cidade. Passava das 5h da manhã, quando o projeto do Executivo foi aprovado pelo placar (veja abaixo) de 12 votos a favor e 8 contra.
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A oposição tentou barrar a votação com ingresso de recursos, além de emendas, para ter tempo de discutir a proposta da prefeitura, que foi protocolada no começo da tarde de terça-feira (13) na Casa e analisada rapidamente por comissões após parecer favorável da Procuradoria Jurídica. O bloco fez muitas criticas ao governo Rodrigo Decimo (PSDB) por enviar um projeto para ser votado “a toque de caixa”.
Paralisação
Também argumentou que a própria Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) alegou que o valor de R$ 4 milhões é insuficiente. Os trabalhadores da Expresso Medianeira, responsável por 60% do transporte na cidade, chegou a paralisar, por mais de quatro horas, o serviço no dia 5 de maio em protesto à falta de reajuste. A ATU, por sua vez, sustenta que sem o subsídio da prefeitura não há como conceder aumento. E afirmou que há um prejuízo de R$ 7 milhões acumulado desde o mês de janeiro até agora.

A oposição argumentou,ainda, não ser contra o subsídio, mas,sim, a rapidez da tramitação e o fato de não ter uma contrapartida à população. Líder da oposição, Helen Cabral (PT) disse que o subsídio atual "ajuda os empresários e não quem mais precisa". A tarifa técnica,ressaltou ela, aponta R$ 6,85, mas o usuário paga R$ 5 devido ao subsídio que o município prometeu repassar ao consórcio. Só que sem o aporte do Executivo,desde janeiro, a diferença, conforme a petista, é arcada pelas empresas e pelos trabalhadores.
– Ninguém é contra o subsídio, mas tem de vir organizado, não bagunçado – acrescentou Tubias Callil (PL).
Base governista
Com maioria na Câmara, a base de Decimo bancou a votação do projeto sob argumento de evitar novas paralisações e ajudar as empresas. Ao longo da sessão ordinária houve muita discussão nos microfones e nos bastidores com interrupções longas à tarde e à noite. Líder do governo, Givago Ribeiro (PSDB) disse que não entraria em discussão ideológica e que o valor era para "encaminhar soluções". Acrescentou que, no momento, "não há outra forma" para ajudar a financiar o sistema que não o subsídio,questionando o governo federal por não tratar de um aporte de recursos ao transporte diante da realidade do sistema nos municípios.
– A intenção do Poder Executivo é que não ocasionem mais paralisações do transporte coletivo – completou Alexandre Vargas (Republicanos).
Para a jaula dos leões
Vereador do União Brasil, Marcelo Bisogno, que votou a favor do subsídio, disse que todos os governos municipais de diferentes partidos aumentaram a passagem nos últimos 30 anos, enfatizando que "sou da paz e vim para somar", contudo não aceitará mais "demagogias".
– Não podemos aceitar mais a demagogia e a hipocrisia dentro desta Casa. Não podemos fazer demagogia em qualquer pauta polêmica e jogar alguns vereadores para a jaula dos leões. Alguns que falam a favor dos trabalhadores votaram a favor do sexto cargo, o que não sou contra, só achei que não era o momento.Tem vereadores com uma postura quando convêm e, quando joga para a torcida, joga de outra postura – afirmou Bisogno.
A votação
A favor do projeto
- Adelar Vargas (MDB), Bolinha
- Admar Pozzobom (PSDB)
- Alexandre Vargas (Republicanos)
- Givago Ribeiro (PSDB)
- Guilherme Badke (Republicanos)
- João Ricardo Vargas (PL), Coronel Vargas
- Lorenzo Pichinin (PSDB)
- Luiz Carlos Fort (Progressistas)
- Marcelo Bisogno (União Brasil)
- Rudys Rodrigues (MDB)
- Sérgio Cechin (Progressistas)
- Tony Oliveira (Podemos)
Contra o projeto*
- Alice Carvalho (PSol)
- Helen Cabral (PT)
- Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT)
- Luiz Roberto Meneghetti (Novo)
- Sidi Cardoso (PT)
- Tubias Callil (PL)
- Valdir Oliveira (PT)
- Werner Rempel (PCdoB)
* Marina Callegaro (PT) se posicionou contra o projeto na Tribuna, mas precisou sair antes da votação.