O grande líder Leonel Brizola tinha uma expressão que recorria com frequência para justificar atitudes nada republicanas de políticos: são “os interésses”. Foi justamente o que aconteceu em Brasília, na noite de quarta-feira (14), quando a Câmara dos Deputados votou em velocidade máxima o projeto que prevê punição para discriminação de “pessoas expostas”, como políticos (presidente, governadores, prefeitos, deputados, senadores), ministros de Estado, membros do Poder Judiciário e detentores de cargos públicos em comissão. A pena é de 2 a 4 anos.
De autoria da deputada federal Danielle Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PTB), o projeto foi protocolado no dia 22 de maio e, na quarta, já aprovado um requerimento para análise em plenário no mesmo dia, o que ocorreu. Sem passar pelo crivo das comissões, a proposta, que favorece os próprios deputados, foi votada em sessão extraordinária, na noite de quarta, com 252 votos a favor e 163, contra.
E, quando se trata em legislar em casa própria, não há ideologia de centro, direita ou esquerda. Conforme informações da Secretaria-Geral disponibilizadas no site da Câmara, PL, PSDB, MDB, Cidadania, União Brasil, Progressistas, Republicanos, Podemos e PSC orientaram suas bancadas a votar a favor do projeto, entretanto, não significou que todos fecharam pelo sim, mas a maioria.
Já PT, PCdoB e PV liberaram seus parlamentares para se posicionarem de acordo com suas convicções – alguns votaram favoráveis e outros, contrários. As bancadas que votaram fechadas contra a proposta foram Novo, Rede Sustentabilidade e PSol. Dos 31 deputados gaúchos, 25 votaram e a ampla maioria foi contrária à punição por discriminar políticos.
Pena que, quando se tratam de medidas que beneficiam a população, a rapidez, muitas vezes, não é a mesma e até são colocados entraves. Além disso, há um cheiro de censura. E o fato da deputada Dani ser filha de Cunha, que chegou a ser condenado na operação Lava-Jato e constrangido em algumas situações, será mera coincidência? A conclusão é sua, leitor!
Voto dos gaúchos sobre discriminalizar políticos
A favor
- Afonso Motta (PDT)
- Dionilso Marcon (PT)
- Giovani Cherini (PL)
- Luiz Carlos Busato (União Brasil)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Pompeo de Mattos (PDT)
Contra
- Afonso Hamm (Progressistas)
- Alceu Moreira (MDB)
- Alexandre Lindenmeyer (PT)
- Any Ortiz (Cidadania)
- Bibo Nunes (PL)
- Daiana Santos (PCdoB)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Denise Pessôa (PT)
- Fernanda Melchionna (PSol)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Luciano Azevedo (PSD)
- Marcel van Hattem (Novo)
- Marcelo Moraes (PL)
- Mauricio Marcon (Podemos)
- Osmar Terra (MDB)
- Pedro Westphalen (Progressistas)
- Reginete Bispo (PT)
- Tenente-coronel Luciano Zucco (Republicanos)
- Ubiratan Sanderson (PL)
*Foram os deputados que participaram da votação do projeto, conforme dados da Secretária-Geral da Câmara.