Até março, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) decide seu futuro. Na mesa, há duas propostas: fusão ou incorporação com MDB, de onde nasceu o PSDB, ou com o PSD, originado a partir de ex-tucanos.
O fato é que o PSDB encolheu no país e perdeu muito espaço, especialmente em São Paulo, onde foi hegemônico por décadas. E terá de se reinventar para chegar competitivo em 2026. Hoje, a sigla possui apenas três governadores entre os 27 Estados e Distrito Federal: além do gaúcho Eduardo Leite, Eduardo Riedel de Mato Grosso do Sul, e Raquel Lyra de Pernambuco.
Nos últimos dias, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, concedeu várias entrevistas em veículos do centro do país sobre o futuro dos tucanos. Disse que a decisão sairá até março, porém evitou cravar que a legenda estaria mais próxima do PSD de Gilberto Kassab, atual secretário do governo Tarcísio de Freitas em São Paulo. Perillo acrescentou que a decisão será por afinidade ideológica e levará em conta o cenário nacional – e não as peculiaridades de cada Estado.
Consenso mesmo pelas palavras do dirigente tucano é o nome do governador Leite para a disputa presidencial, elogiando seu preparo e a capacidade de gestor e conciliador. Futuramente, o gaúcho poderá, talvez, até compor como vice, dependendo do cenário nacional.
Sobre peculiaridades nos Estados, há posições diferentes. São os casos dos dois maiores colégios eleitorais no país: São Paulo quer se unir ao PSD, e Minas Gerais, ao MDB. E o Rio Grande do Sul? O vice-governador é Gabriel Souza (MDB), com quem Leite tem boa relação e é nome cotado para concorrer ao Piratini, contudo uma ala do MDB, ligada ao bolsonarismo, não apoiou o tucano em 2022 – fez campanha no segundo turno para Onyx Lorenzoni (PL).
Me parece que nem Leite nem essa parte do MDB se sentiram confortáveis respirando o mesmo ar. Assim como MDB, PSD é base da gestão tucana. As duas siglas, aliás, fazem parte também do governo Lula (PT).
E a aldeia de Santa Maria, como fica diante dos caminhos propostos? O PSDB, que emplacou três vitórias consecutivas na prefeitura, tem como principal liderança política o ex-prefeito Jorge Pozzobom. Em 2026, ele concorrerá a deputado estadual por um novo partido. Sua posição será a definida por Leite, afirma ele.
Já o principal emedebista na cidade, Beto Fatinel, secretário de Desenvolvimento Social de Leite, disse ser favorável à fusão ou incorporação com seu partido, uma vez que “o PSDB tem um conteúdo programático muito próximo”. O presidente do PSD em Santa Maria, Jorginho Leal, por sua vez, ressaltou que a legenda está entre os cinco principais partidos do Brasil e que o PSDB seria um importante acréscimo.
E na Boca do Monte?
Na Boca do Monte, MDB e PSD estão no governo Decimo. E o cenário local apontaria uma leve vantagem para a união dos tucanos com o segundo. Não me parece que o PSDB iria em peso para o MDB. Já com o PSD, que ficou, inclusive, sem bancada no Legislativo, as chances tendem a ser maiores. Mas, como na política, tudo é possível, não dá para duvidar de nada. Certo mesmo é que os tucanos baterão asas, em breve, para outro ninho em busca de sobrevivência.
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“Minha posição é a que o governador (Leite) definir. Não vou tratar de MDB ou PSD, estamos tratando
de maneira conjunta”.
Jorge Pozzobom (PSDB), ex-prefeito de Santa Maria
“Apoiei no segundo turno o projeto liderado pelo Rodrigo (Decimo). Seria muito positiva a fusão para reafirmarmos nossa posição política.O MDB é um partido que sabe dialogar e construir, o PSDB saiu de dentro do MDB, só vejo pontos positivos!”.
Beto Fantinel (MDB), secretário de Desenvolvimento Social do governo Leite
“Nossa posição quanto à possibilidade é bem clara: tudoque for para o crescimento ainda maior do partido, vamos trabalhar para que tenhamos diálogos, transparência e união”.
Jorge Leal, presidente do PSD em Santa Maria