Brincar é...
Brincar é viver! Brincar é educar! Brincar é diversão! Brincar potencializa habilidades! Brincar é criar memórias! Brincar é coisa séria! Brincar é uma forma de fazer ciência e, não existe idade para tais experimentos. No brincar aprendemos o que ninguém pode nos ensinar, aprendemos a ser de verdade o que nossa imaginação nos permitir ousar. Aprendemos a explorar os possíveis nos impossíveis. Vamos então brincar? Certa feita, resolvi perguntar para meus pais, Seu Mario e Dona Rene, quais brincadeiras eles experenciaram quando eram crianças.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Para minha felicidade eles me responderam que brincavam com o que tinha na natureza. Dentre inúmeras brincadeiras que eles narraram, suas preferidas eram: jogar pedrinhas no rio, subir em árvores, esconde-esconde, pega-pega... Quando perguntei sobre os brinquedos eles me responderam que construíam os mesmos.
Construir brinquedos é...
Sim, quando não se tem brinquedos, a solução é construí-los, o que por sua vez, acaba sendo uma excelente experiência brincante para pôr em prática imaginação, ousadia, criatividade, habilidades, cognição e tantos outros contributos contidos no ato do brincar. Minha mãe, em sua infância, teve lindas bonecas feitas de espigas de milho construídas por ela mesma. Tais bonecas usavam roupas feitas com as próprias palhas do milho ou com retalhos de pano que encontrava em sua casa.
Os cabelinhos da espiga eram cuidadosamente penteados para deixá-las mais bonitas. Meu pai construía seus carrinhos com ossos e carcaças de animais. Ele narra também que escreviam e faziam desenhos em pedras. Ao perguntar se eles viveram uma infância feliz com o que tinham, afirmaram que sim, porque podiam criar e fazer de seus mundos, suas realidades repletas de riquezas naturais, porque tudo o que eles criavam em suas brincadeiras era em contato com a natureza.
Existe idade para brincar?
Quando crescemos, tendo vivido cada fase das nossas vidas em sua plenitude, compreendemos que o ato de brincar acompanha nossas ações cotidianamente como doses de felicidade. Quando brincamos, nos revelamos tais como somos sem o uso de subterfúgios. O ato de brincar nos promove a cúmplices de nós mesmos, porque trazemos à tona nossas verdades destemidas. A brincadeira em si, promove uma descarga de adrenalina regulando também nossa pressão arterial, promovendo bem-estar físico e mental, nos fazendo sentir mais seguros e confiantes. Em cada etapa das nossas vidas somos surpreendidos por novas possibilidades de percebermos as brincadeiras como aliadas às nossas formas de agir e de pensar no mundo.
Na velhice, por exemplo, as brincadeiras tornam-se passa tempos favoritos de muitos, pois trazem consigo tempos de afetos que são rememorados também através de narrativas orais, amenizando a saudade de uma infância presente. Para brincar, é preciso estar de verdade no tempo que é presente.
Você brinca com os seus presentes?
Quem são os seus presentes? Você já parou para pensar que quem você tem em sua vida são os seus presentes? E que você também é o presente de alguém? Seus filhos; seus companheiros; seus irmãos; seus pais; seus colegas, seus amigos... Se você tem alguém em sua vida, permita-se brincar, permita-se ousar a ser quem você é, isto não lhe eximirá de sua seriedade, tampouco lhe tirará do tempo presente conquistado. Aliás, que gente estranha essa que não se permite brincar achando que perderá sua larga escala hierárquica comportamental conquistada por anos luz caso brinque vez ou outra.
Seriedade e profissionalismo, mantém aqueles que também sabem brincar. Basta observar as crianças quando brincam e levam muito a sério suas ações, porque quando brincamos na infância, estamos experimentando o mundo na observação dos adultos que são nossas referências e, quando brincamos na fase adulta, estamos reafirmando aquilo que aprendemos observando e que polimos considerando ser coerente para a construção de nossos seres.
Portanto, só brinca quem se sente seguro daquilo que construiu sobre si. Seja hoje o presente de alguém e permita-se brincar. Envolva-se no mundo da imaginação e da criatividade onde seus possíveis possam entrelaçar-se a tantos outros impossíveis criando morada de verdade na vida de alguém.