Marlon Borba
Palco onde ocorreram as apresentações artísticas.
O domingo (15) de sol em Santa Maria foi aproveitado por tradicionalistas e visitantes que prestigiaram o Acampamento Farroupilha, no antigo Hotel Fazenda Pampas, no Bairro Camobi. A programação foi destinada a todos os públicos, desde crianças até idosos e incluiu apresentações artísticas, passeios a cavalo, churrasco, dança e muita música. Segundo a organização do evento, cerca de 25 mil pessoas circularam pelo espaço durante o dia.
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A área central do acampamento serviu de palco para as invernadas artísticas e casais mirins que apresentaram danças tradicionais gaúchas durante manhã e tarde. Festival de Cultura e Arte Mirim (Fecart) é um evento tradicional em Santa Maria e foi levado para dentro do acampamento por dois motivos: valorizar a Semana Farroupilha e os turistas que estariam circulando pelo local, além de incentivar as crianças a participarem do tradicionalismo. É o que afirma o coordenador do festival, Thalles Vargas, integrante do CTG Farroupilhas, que promove o evento.
Para pais de dançarinos, o meio artístico é visto como espaço sadio de confraternização. É o caso do supervisor de vendas Rodrigo Bolsing, 37, que acompanhava a filha Cecília, de 6 anos, durante a apresentação.
– É um espaço ideal para as crianças. Sempre gostamos do tradicionalismo, mas a parte artística e das danças partiu das próprias crianças. Levamos ela para o CTG e hoje estamos aqui – conta.
Quem passou pelo antigo hotel também pode participar dos passeios a cavalo promovidos pelo Piquete Junção dos Casco. Para a auxiliar de cozinha Márcia Silva da Rosa, 37, que trouxe os filhos para aproveitar a experiência, essa é uma oportunidade de única:
– Já viemos outros anos aqui e sabíamos que ia ter o passeio, por isso viemos de novo. Ele [filho] ama cavalos e aqui pode ter a oportunidade de andar.
17 piquetes acampam no local
Diferente de quem visita o acampamento, a rotina dos tradicionalistas dos piquetes é mais movimentada. Neste ano, são 17 sedes construídas para abrigar grupos de amigos, que se reúnem e montam programações próprias para os 10 dias de evento. Há quem venha de longe só para curtir a festa. O santa-mariense Bráulio Azambuja de Freitas, 46, mora atualmente em São Paulo, mas tirou férias para viajar e aproveitar a Semana Farroupilha. Ele é um dos 30 integrantes do Piquete G10, que participa pela segunda vez do acampamento, promovendo almoços e jantares.
– Cada dia é um prato por aqui, uma especialidade de alguém. Nos ajudamos e formamos uma grande família. Alguém já vem cedo, organiza e faz fogo. Ficamos todo o dia aqui – afirma Freitas ao Diário.
A rotina também é intensa no Piquete Junção Soccer, que reúne cerca de 28 integrantes, além de amigos que visitam a sede durante a semana. Segundo o patrão da entidade, Édson Luiz dos Santos Rosa, 57, o dia começa às 8h da manhã e termina às 4h da madrugada.
– Estamos fazendo o melhor possível para nossos convidados e familiares. Dá bastante trabalho, mas faz parte do tradicionalismo. Para essas crianças que estão correndo aqui é uma maravilha. Queremos levar adiante a tradição. Tem pessoas que vem bem cedo. Alguns até posam, descansam, recuperam a energia e no outro dia, estamos aqui de novo – comenta.
O piquete mais famoso é o Junção dos Casco, que também organiza o acampamento. O médico Daniel Godói, 46, foi um dos fundadores do grupo há 25 anos atrás. Na Semana Farroupilha, trouxe a esposa e as filhas para confraternizar:
– Desde pequenas, elas estão conosco aqui. É importante para mantermos as tradições. Aqui tem roda de chimarrão todo o dia. Sempre quisemos manter a tradicionalidade e a proximidade com o campo, por isso tem passeio a cavalo, fogo de chão e dança.
Programação que segue
O rol de atrações que busca valorizar as tradições gaúchas vai desde bailes até oficinas campeiras e segue até 22 de setembro. A maioria das atividades é gratuita e pode ser acessada por meio de ingresso solidário, com a doação de alimentos. A exceção são os shows a partir das 22h, quando serão cobrados ingressos.
A programação também prevê atividades culturais e artísticas durante todos os dias de acampamento, especialmente para escolas que foram convidadas a visitar o local a partir desta semana. Prendas e peões planejam oficinas para ensinar nó de lenço, tiro de laço na vaca parada, declamação, danças tradicionais e outras atividades que envolvem a cultura gaúcha. Pelo menos 2 mil crianças de diferentes instituições são esperadas no acampamento, segundo expectativa da 13ª Região Tradicionalista (13ª RT). Além disso, cerca de 25 entidades, entre piquetes e Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), estão envolvidas na programação.