Fotos: Beto Albert (Diário)
“Se tudo concluir como a gente está estimando teremos a maior safra da história de soja da Região Central do Rio Grande do Sul”, a fala convicta é do engenheiro agrônomo e gerente regional da Emater, Guilherme Passamani. Para chegar a esse recorde, seria necessário uma produção superior a 3 milhões de toneladas. A qual representaria quase 15% da produção do Estado do Rio Grande do Sul.
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Se for mantido a média de 55 sacas por hectare, a Região Central deve colher 58,19 milhões de sacas de soja. Pela cotação de R$ 114 reais, isso geraria R$ 6,6 bilhões. A expectativa segue o comportamento no Estado. Os 426 municípios que plantam o grão devem colher 77% a mais do que no ano passado.
Ainda assim, após as dificuldades climáticas dos últimos anos e os valores desvalorizados da saca, agricultores estão receosos nas expectativas. Na safra anterior, 2022/2023, por exemplo, a margem era de 24,9 sacas de soja por hectare.
Soja na Região Central
Nessa safra, a Região Central tem um pouco mais de 1 milhão de área plantada de soja. Na avaliação de Passamani, essa área diminui ano a ano, ao mesmo tempo, há também uma significativa evolução na questão da produtividade. Nesse caso, os agricultores estão colhendo mais na mesma área.
As lavouras dessa cultura encontram-se, em sua maior parte, finalizando o ciclo. 15% na fase de enchimento de grão, 65% em maturação e 20% colhida.
A chuva favorece muito esse cenário, defende Passamani. Um resultado positivo, e até recorde, move uma engrenagem da cadeia que circula por volta das culturas de grãos:
– O desenvolvimento afetará a economia local. O comércio vende mais carro, máquina, adubo. O agricultor se motiva a investir vende. Tudo gira em torno da agricultura. Seja da soja, no arroz, milho, mesmo que com menos intensidade. Até a própria pecuária, que também teve condições climáticas de desenvolvimento.
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Produção na prática
Ilustrando. Em uma propriedade média, o cultivo da soja fatura cerca de R$ 4 milhões. Metade pagaria os custos. A outra, serviria de subsídio para a próxima safra. A torcida é que sobre uma maior quantia após esse investimento.
Na propriedade dos Trevisan, no interior de Dilermando de Aguiar, a expectativa é positiva, ainda que receosa. São 840 hectares de cultivo. A expectativa é colher 60 sacas de soja por hectare.
As condições climáticas dos últimos anos, os valores elevados dos insumos e o preço da saca geram insegurança aos proprietários.
O produtor rural responsável pelo cultivo, Bruno Trevisan, 28 anos, diz que a chuva no início da plantação deixou o solo muito úmido, e houve problemas.
– Em dezembro, antes de plantarmos choveu bastante e o solo ficou bem úmido. Ficamos preocupados. Plantamos em janeiro, mês que choveu bastante também. Tivemos que fazer um replantio de algumas áreas. Agora está em época de enchimento de grãos. Não está chovendo muito, o que é positivo para essa fase - explica.
Grãos cheios são mais pesados, por consequência, a lavoura fica mais rentável para o agricultor, pois a produção e produtividade será maior.
Condições climáticas
Um ano de El Niño geralmente é chuvoso no Rio Grande do Sul. Este foi o fenômeno que prevaleceu no ano da atual safra. Com ele, a soja tem um bom desenvolvimento, em comparação ao período de estiagem.
Ainda assim, pode aparecer problemas como a dificuldade do plantio, porque as lavouras estão com umidade alta e as máquinas não conseguem entrar. Após isso, a chuva é essencial.
Arroz na Região Central
A cultura de arroz está com desafios nesta safra. Devido às chuvas do segundo semestre de 2023, a plantação foi realizada após o período de costume. As áreas, geralmente de várzea, são mais dificultosas para plantar, pois exigem drenagem.
O que impacta o cenário nacional, já que o Estado é responsável por cerca de 70% da produção.
Conforme Emater, as propriedades da Região Central que estão colhendo a cultura apresentam satisfatório nível de produtividade. 50% já colheram. No município de São João do Polêsine, por exemplo, os produtores têm alcançado uma produtividade entre 180 a 200 sc/ha, entre 9 a 10 mil kg/ha.
No caso das lavouras que ainda serão colhidas, estas devem apresentar alguma redução de produtividade em função do atraso do plantio. O nível depende de cada caso. 45% estão em maturação e 5% enchendo o grão.
Mercado (preço médio da saca)
- Soja – R$ 114,86
- Arroz – R$ 97,81
- Milho – R$ 49,46
- Feijão – R$ 262,86
- Trigo – R$ 60,60
Outros cultivos na Região Central
Feijão 2ª safra
A segunda safra de feijão na região se encontra aproximadamente em 20% desenvolvimento vegetativo, 23% em florescimento e 32% em enchimento de grãos e 22% em início de maturação e 3% colhido.
Milho
Neste momento, o milho está em fase de colheita. Na região já foram colhidos 60% do total da produção de 48 mil hectares. A produtividade média esperada é superior a 5 mil kg/ha.O preço médio da saca de 60 kg manteve estabilidade
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