Vang Gogh, Tarsila do Amaral e Romero Britto de um jeito nunca exposto antes. Inspirados em obras de artistas de todos os cantos do mundo, os alunos da Emei Circe Terezinha da Rocha fizeram releituras com uso de materiais recicláveis. O resultado foi exposto na “1ª Vernissage Ecológica”, realizada na última quinta-feira (10).
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As formas e combinações de cores do pintor pernambucano Romero Britto ganharam uma nova versão com uso de papeis, plásticos e tampinhas. Os operários, pintados por Tarsila do Amaral, foram cuidadosamente substituídos pelo rosto dos alunos. Até o cavalo Caramelo, um dos símbolos de resiliência nas enchentes do Rio Grande do Sul, foi homenageado pela iniciativa.
A professora da Educação Infantil, Catia Pascotini Bairros conta que a confecção das releituras começou no início do ano e envolveu os 180 alunos da Emei. O primeiro passo foi o recolhimentos dos materiais, feito em parceria com as famílias e a comunidade. Com os itens recicláveis à disposição, cada uma das nove turmas recebeu a sua inspiração, escolhida de acordo com a idade, interesse das crianças e elementos trabalhados em sala de aula. O berçário, por exemplo, fez experimentações de cores a partir da obra “A Casa Amarela” de Van Gogh.
– O que procuramos oferecer, na escola, são elementos para estimular e instigar a criança. E a gente também faz um processo contra as telas para voltar a essa exploração de processos mais naturais e brinquedos não-prontos, em que a criança consiga criar seu próprio brinquedo e consiga criar o seu brincar a partir de objetos, folhas, galhos e outros elementos da natureza – conta a professora.
As mentes criativas de Isabeli Araújo e Carlos Augusto dos Reis, de 5 anos, deram vida as releituras inspiradas no artista plástico Vik Muniz. Para eles, criar foi fácil, o difícil mesmo foi separar a infinidade de tampas por cores.
– Eu fiz a melancia. Colocamos vermelho, verde, branco e preto. O preto são as sementinhas. Foi legal, incrível – conta Carlos.
O entusiasmo dos alunos foi confirmado pela professora Fábia Algarve, que acompanhou tudo de perto. Ela conta que o material que mais tinham eram tampinhas e, inspirados no artista brasileiro, construíram as obras de arte:
– Eles gostaram bastante. Alguns queriam fazer várias obras. Além disso, eu coloquei eles para trabalharem em dupla, então, também é o estímulo a dialogar com o colega. E eles deram conta, direitinho, do recado.
Para além da exposição
A exposição é apenas uma ação de um propósito muito maior: a conscientização sobre o meio ambiente desde cedo. O diretor Fernando Ferrão e a professora Catia contam que logo após a inauguração da escola, em março de 2023, houve um diálogo com a comunidade e, a partir disso, a criação do projeto "Plantando e Crescendo Juntos: Educação Ambiental, Reciclagem e Sustentabilidade", responsável por promover a exposição de arte. De lá para cá, o reaproveitamento de materiais se soma ao cultivo da horta, conscientização dentro da sala de aula, distribuição de mudas e participação em eventos como o Educar e Empreender.
– Essa vertente ecológica do projeto vem por conta de uma característica da comunidade escolar. Aqui, (no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon), parte das famílias são recicladoras. Então, a ideia é que a escola se transforme em um espaço de fomento a educação ambiental e também a reutilização de materiais. Que desde pequeno, eles consigam enxergar e ampliar essa compreensão no futuro – afirma o diretor.
Outra prática comum na escola é o manuseio com a horta e o cultivo de mudas – desde hortaliças até flores. A Antonella Pinheiro Rocha, 5 anos, lembra como se fosse ontem, o nascimento de um girassol em que ela pôde acompanhar todo o processo de perto, do plantio a colheita das sementes:
– A gente botou a semente e depois nasceu – conta Antonella.
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