Sonho de cursar Medicina e atuar em hospitais públicos: conheça o terceiro estudante de Santa Maria a tirar nota máxima na redação do Enem

Sonho de cursar Medicina e atuar em hospitais públicos: conheça o terceiro estudante de Santa Maria a tirar nota máxima na redação do Enem

Foto: Vinícius Machado

Igor conta que seu sonho é atender pacientes em hospitais públicos, como o Hospital Universitário de Santa Maria

“A sociedade brasileira exclui, segrega, silencia, invalida e interdita as mulheres e suas conquistas. A universalização do acesso à cidadania é o principal desafio que precisa ser enfrentado para que a invisibilidade do trabalho de cuidado feminino no Brasil seja superado”. Foi com essas palavras que o santa-mariense Igor Castagnetti Silva, 29 anos, começou a redação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. A argumentação sobre a desigualdade de gênero no serviço doméstico o colocou no seleto grupo que atingiu o mil na redação. Apenas 60 candidatos no Brasil alcançaram a pontuação máxima nessa prova. No Rio Grande do Sul, foram seis. Metade é de Santa Maria.

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– Eu sempre tentei fazer o melhor possível. Eu tinha expectativa de tirar uma boa nota, mas o mil me surpreendeu. Fiquei muito feliz porque eu sei que é muito difícil – conta o candidato.

Igor é formado em Psicologia pela Faculdade Integrada de Santa Maria (Fisma). Durante o Ensino Médio, ele estudou na Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Rocha. Ele relata que ser egresso de escola pública torna sua conquista ainda mais importante:

– Os professores das escolas públicas são heróis. Eles fazem o melhor que podem com as condições que têm. Mas, muitas vezes, o ensino público não tem a carga horária ideal e isso se torna um desafio para esses estudantes, como eu.

Nas estatísticas do Enem, apenas quatro candidatos dos 60 que tiraram nota mil eram oriundos de escolas públicas. Igor não é contabilizado nesses dados por já ter saído do Ensino Médio.

Há seis anos ele se prepara para ingressar no curso de Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Sua preparação foi toda feita de forma individual com ajuda de vídeos e materiais disponíveis online.

– Em 2018, eu estudava em média de 12 a 14 horas por dia. Ao longo daquele ano eu fiz mais de 200 redações. Foi muita tentativa, repetição e determinação, vendo o que eu estava errando. Atualmente, eu trabalho durante o dia e tento conciliar as duas atividades. Eu acredito que o Enem mede habilidades que podem ser adquiridas e exercitadas e é isso que eu busquei – afirma o estudante.

Bagagem de vida

Igor conta que a argumentação utilizada na redação é fruto de uma bagagem que ele carrega de vida. Para ele, estar perto de mulheres inspiradoras foi o diferencial para alcançar o texto de excelência:

– Eu tenho que agradecer todas as mulheres que fazem parte da minha vida: minha mãe, minhas avós e minha namorada. Minhas estagiárias na prefeitura também foram importantes. Elas me presentearam com livros sobre feminismo e feminismo negro que me fizeram chegar aqui.

Sonho de ajudar quem precisa

Além de valorizar o ensino público, Igor diz que é extremamente grato à saúde pública e ao Sistema Único de Saúde (SUS).

– É um sonho meu há muitos anos. Caso passe para Medicina, penso em exercer as atividades somente no serviço público. O SUS é muito importante e eu percebo que faltam profissionais da área da medicina. Sou usuário do SUS e quero atender as pessoas como eu gosto de ser atendido, com um serviço humanizado – afirma Igor.

Foto: Vinicius Machado

Quebra de estigmas

O psicólogo atua no serviço público de Santa Maria. Ele é servidor da prefeitura e atende adolescentes e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na rede pública de saúde. Ele, inclusive, é uma pessoa com TEA. Igor acredita que a nota mil pode ser um bom exemplo para superar preconceitos e estigmas sociais a respeito do transtorno.

– Diariamente eu atendo pais que ficam desesperados ao receberem o diagnóstico dos filhos e pensam que eles não terão nenhuma possibilidade. É importante que os pais percebam que não é o fim do mundo. Se eles tiverem acesso à educação e serviços, eles podem muito bem chegar ao Ensino Superior. Cada caso é um caso, mas não podemos generalizar achando que todas pessoas com TEA não conseguirão entrar no mercado de trabalho formal e ingressar no Ensino Superior – ressalta o psicólogo, que descobriu a condição quando já era adulto.

Igor ainda afirma que o olhar humanizado de familiares, amigos e professores deve facilitar muito a vida de quem tem TEA.

3 notas mil na redação em Santa Maria

Além do Igor Castagnetti Silva, outras duas estudantes alcançaram a nota mil na redação do Enem 2023. Vitória Quevedo Taschetto, 18 anos, e Ana Carolina Famoso, 20 anos, são estudantes do cursinho Totem Vestibulares de Santa Maria.

Enem

  • 4 milhões de inscritos
  • 2,7 milhões de participantes

Nota Mil

  • 60 redações nota mil
  • 4 redações nota mil são de escolas públicas
  • 6 redações nota mil no Rio Grande do Sul
  • 3 redações nota mil em Santa Maria


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