Foto: Maurício Mozzaquatro (Divulgação)
Agricultores de Santa Maria e região estão mobilizados para cobrar medidas de apoio ao agro gaúcho após a catástrofe climática que atingiu o Estado neste ano. Desde o último domingo (4), produtores rurais de Formigueiro estacionaram caminhões e máquinas agrícolas às margens da ERS-149, em direção a Restinga Sêca, como forma de chamar a atenção para as demandas da categoria.
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Em Santa Maria, agricultores reuniram-se na manhã desta quarta-feira (7) às margens da BR-392, na saída para São Sepé, com o mesmo objetivo. As ações fazem parte do Movimento SOS AGRO RS, que já realizou protestos em outros municípios do interior, e se prepara para um grande encontro na Capital.
Tratoraço na Capital
Na quinta-feira (8), o movimento desembarca em Porto Alegre para um “tratoraço” que estima reunir ao menos 5 mil produtores e 300 tratores vindos do interior de todo o Estado. A concentração será no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, a partir das 9h. As demandas serão levadas até a superintendência do Ministério da Agricultura no Estado. Às 10h, um ato na Casa do Gaúcho com a presença do governador Eduardo Leite marca o início da mobilização.
Produtor rural de Formigueiro e um dos participantes do ato na cidade, Enril Tolio destaca que a intenção é sensibilizar a população e autoridades para a necessidade de ações mais abrangentes e eficazes para auxiliar na recuperação do setor agrícola do Estado. Além das enchentes, os períodos de estiagem vivenciados no campo nos últimos anos também somam prejuízos.
– É até difícil de mensurar as perdas, são muitas e em diversas áreas. Além da perda de grãos e lavouras, tivemos perda de máquinas e estrutura – destaca o produtor.
Na dia 31 de julho, o governo federal publicou uma medida provisória que indica ajuda aos produtores. No entanto, os anúncios foram considerados insuficientes pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul), que disse que a medida “não atende todo o problema”.
A medida trata especialmente da renegociação de financiamentos, porém, ao contrário do que o setor esperava, o texto beneficia somente aqueles que tiveram perdas iguais ou superiores a 30%. A publicação também define que só podem ser beneficiados os produtores rurais dos municípios em estado de calamidade pública ou situação de emergência reconhecidos até o dia 31 de julho. No caso das operações de crédito para industrialização, o desconto para liquidação ou renegociação só valerá para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e com comprovação das perdas.
Para o produtor rural do distrito de Santa Flora, em Santa Maria, Fernando Penna, as ações publicadas na MP divergem do que havia sido debatido entre a categoria e o governo federal.
– A Medida Provisória não abrange boa parte dos produtores rurais, porque a grande quantidade de cláusulas acabam eliminando todo mundo – explica o agricultor.
Em entrevista à Rádio CDN nesta quarta-feira, o secretário executivo do Plano Rio Grande, programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do RS, Paulo Salerno, afirmou que o movimento vem sendo apoiado e recebido pelo governo do Estado que reconhece a importância do setor para a retomada da economia.
– Reconhecemos a importância do agro e entendemos que essa pressão é necessária para que haja esse socorro aos nossos agricultores que precisam reconstituir áreas e ter crédito para poder garantir as próximas safras – afirma Salerno.
O Diário pediu resposta ao governo federal sobre as ações referentes ao assunto, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
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