Com seis votos favoráveis e três abstenções, a Câmara de Vereadores de Itaara cassou o mandato do prefeito Silvio Weber em sessão de julgamento que começou na noite de quinta-feira (14) e se encerrou na madrugada desta sexta-feira (15), com duração de mais de sete horas. Com o resultado, o Legislativo emitiu decreto e Weber é afastado imediatamente. Quem assume a prefeitura é a vice, Salete Desconzi, Tita Desconzi.
A sessão, que votou o pedido de cassação, iniciou às 20 horas de quinta-feira (14). Mais cedo, a comissão processante finalizou o relatório, já que o depoimento do chefe do Executivo ocorreu ainda no final da tarde.
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Weber chegou à sessão acompanhado de seu advogado, Robson Zinn.
Votaram nove vereadores por ordem alfabética. No plenário, só havia a imprensa, os vereadores e o prefeito. Às 23h45min, cerca de 487 pessoas assistiam a transmissão da sessão pelo canal de YouTube da Câmara de Itaara.
O vereador relator, André Burin (Progressistas), falou por cerca de 3 horas e 20 minutos e baseou o pedido de cassação, principalmente, na Operação Santidade deflagrada pelo Ministério Público de Porto Alegre em novembro de 2022. Entre os fatos apresentados na denúncia do MP, estão suposto superfaturamento em contratos, desvios de recursos e suspeita de ser mentor intelectual do roubo à casa do ex-presidente do Legislativo, Robertson Tatsch (PSB), conhecido como Mano Zimmermann, autor do pedido de cassação.
— O prefeito Silvio Weber agiu de maneira intencional e consciente. Ficou claro nos autos que o prefeito sabia de tudo e participava — afirmou André Burin, na conclusão do relatório.
Na sequência, cada vereador teve direito a 15 minutos para manifestação oral.
Em certo momento, a vereadora, que assumiu no lugar de Mano Zimmermann para votar, foi à cozinha da Câmara, onde também estava o prefeito e seu advogado, e teria sido pressionada, pedindo ajuda a colegas para buscá-la. A Brigada foi acionada e policiais entraram na Casa e os ânimos foram acalmados.
O advogado de Weber utilizou das duas horas disponíveis para a defesa. Zinn tentou convencer os vereadores que não havia provas contra o prefeito e que as denúncias eram causadas por interesse nas eleições 2024.
— Cadê o dinheiro da corrupção? Na conta do prefeito, não está. Nesse jogo, não temos inocentes. — acrescentou Zinn.
O advogado disse, ainda, que a comissão "pincelou" trechos da denúncia do MP que estão sob sigilo e não poderiam constar no relatório.
Mas, ao final, às 03h20min de sexta-feira, a Câmara votou pela cassação. O voto foi aberto e por ordem alfabética. Mano Zimmerman, autor do pedido, não votava e foi convocada a suplente, Rose Ferreira Machado (PSB). Zinn apontou falhas no trabalho da comissão e vai recorrer à Justiça contra a cassação.
Do lado de fora, o grupo de manifestantes que pediam a cassação de Weber comemoraram. Duas viaturas da Brigada Militar fizeram a segurança do local.
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