Coletivo inaugura exposição de fotos em memória aos 12 anos da tragédia da boate Kiss

Coletivo inaugura exposição de fotos em memória aos 12 anos da tragédia da boate Kiss

Fotos: Beto Albert (DIário)

A data era 25 de junho de 2013, e a Câmara de Vereadores de Santa Maria foi tomada por manifestantes que questionavam a forma que a CPI sobre a tragédia da boate Kiss foi constituída. Após 12 anos de luta, o mesmo local volta a receber mais um episódio de fortalecimento da memória de quem sobreviveu e perdeu entes e amigos queridos. Desta vez, pela arte.

Até a próxima sexta-feira (24), o hall do Legislativo recebe a exposição fotográfica Sobrevivi para Contar, do Coletivo Kiss: que não se repita. A inauguração ocorreu na manhã desta sexta-feira (17), com a presença de familiares das vítimas, sobreviventes e autoridades.


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As histórias são de 12 famílias ou pessoas diretamente envolvidas com a tragédia, retratando sobreviventes, familiares e amigos das vítimas do incêndio na boate Kiss. Veja a lista de fotografados: 

“Aline Maia, Arianne Lima, Bharbara Agnoletto, Cristiane Clavé, Fani Torres, Flávio Silva, Joana Treullieb, Jovani Rosso, Luismar Model, Luiza Mathias, Maike dos Santos, Mirian Schalemberg e Patrícia Carvalho.”

Na foto, Mary Elizabeth Alves, voluntaria no Coletivo e Diretora de Arte da exposição.


Conforme o fotógrafo Eduardo Ramos, responsável pelas imagens, o trabalho tinha como objetivo trazer, em cada olhar, os sentimentos que permanecem, fluem e se transformam com a saudade de quem se foi. Além disso, o projeto reforça a necessidade de mudanças em políticas públicas e maior atenção à segurança coletiva.

Fotógrafo responsável, Eduardo Ramos.

– Conseguimos reunir as pessoas interessadas. Tinham alguns familiares com mais resistência. Foi um trabalho bem delicado nesse sentido.  É uma ferida nunca fechada. Então, teve muita conversa. Fico muito feliz de poder fazer esse registro e trazer sempre essa memória, que é muito necessária para que não se repita. Estou há anos envolvido nisso. Fui recebido por muitas casas, famílias que abriram suas casas e corações. A cobertura nunca é fácil. Pedi a cada pessoa que olhassem para a câmera de maneira que transmitissem, pelo olhar, suas histórias – narrou Ramos, sobre o processo de construção das fotos.


Transbordar

Quando chegou em frente ao quadro com a foto de sua tia, a estagiária Rafaela Torres, 42 anos, surpreendeu-se. A dor nos olhos da foto emoldurada extrapolava o imaginado por Rafaela. Fani Torres perdeu sua única filha, Flávia Maria Torres Lemos, de 22 anos.

Fani, com imagem de sua filha, na época, de 22 anos.

– Os olhos dela carregam muita coisa. A gente sabe da dor, é óbvio, mas quando me deparei com a foto, meu deus, percebi o quanto a minha tia é forte. O luto é vívido no dia a dia, mas janeiro é sempre muito difícil, e são 12 anos – relatou Rafaela, sobre a primeira impressão ao ver a foto da tia Fani.


Sobre a exposição  

O projeto foi viabilizado por financiamento coletivo. O grupo de criação do projeto é comporto por André Polga, Luiza Mathias, Milene Louzada, Miriam Schalemberg e Sindi Chaves. A fotografia é de Eduardo Ramos. Edição, direção de arte e organização a cargo de André Polga. E assessoria de comunicação de Milene Louzada.


Público 

Para prestigiar a abertura da exposição, estiveram presentes o presidente do Sindilojas Região Centro, Ademir José da Costa, e os vereadores Luis Carlos Fort (Progressitas), Luiz Roberto Meneghetti (Novo), Alice Carvalho (PSol), Luiz Fernando Cuozzo Lemos (PDT) e Guilherme Badke (Republicanos). Também esteve presente a vereadora Marina Callegaro (PT), autora da Lei nº 6839/2023, que institui a Semana em Memória às Vítimas da Boate Kiss, de 21 a 27 de janeiro.

Representando o Executivo, a vice-prefeita Lúcia Madruga (Progressistas) esteve no local na abertura e se manifestou:

– Temos que nos acolher em relação a esse  marco da cidade e, juntos, buscarmos como continuar a vida. Santa Maria traz sempre essas pessoas juntas, com acolhimento - disse a vice-prefeita.


Exposição “Sobrevivi para Contar”

  • Quando – Até sexta-feira (24) (exceto neste sábado e domingo), das 7h às 13h
  • Onde – Hall da Câmara de Vereadores (Rua Vale Machado, 1.415, Centro)
  • Quanto – Gratuita. A classificação é livre

Relembre a ocupação da Câmara

A ocupação da Câmara de Vereadores se estendeu por seis dias, de 25 de junho a 1º de julho de 2013. Cerca de 300 estiveram no plenário. Eram populares de grupos como o Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dos sindicatos de professores e de servidores da universidade e demais movimentos estudantis, além da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e do Movimento do Luto à Luta.

A CPI que investigava possíveis responsabilidades do poder público no incêndio da boate virou alvo de críticas pelos manifestantes. Primeiro, pela forma que foi construída. Depois, pelo vazamento de uma conversa entre integrantes da CPI e um assessor.  

Os ocupantes pediam a cassação dos três e a a demissão do procurador-jurídico Robson Zinn, que presidente municipal do PMDB, mesmo partido do prefeito Cezar Schirmer, e supostamente articulava para que a investigação não atingisse o Executivo municipal.

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