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Entrada da Escola Estadual de Ensino Médio Vicente Goulart, em Itacurubi.
A temática da proibição do celular em sala de aula tomou conta das redes sociais e veículos de comunicação nos últimos dias, principalmente após a aprovação pelo plenário do Senado Federal do Projeto de Lei que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis. Na região, uma escola de Itacurubi completa e comemora sete meses de implementação da medida, que segundo a diretora, trouxe benefícios aos alunos.
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A decisão, tomada em conjunto com pais e responsáveis durante uma assembleia, foi adotada em todas as turmas do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Vicente Goulart. A medida foi vista como solução para problemas como falta de atenção e rendimento, além da dispersão durante atividades pedagógicas.
Com isso, a materialização da ideia veio com a criação de uma peça em tecido, com compartimentos exclusivos para abrigar o aparelho de cada estudante:
– Desenhamos um modelo e fomos atrás de uma empresa que fizesse. Então foi colocado com um suporte nas paredes e assim surgiu o porta-celular. Estudamos um modelo bom, que não tivesse como o celular cair. Quando eles [alunos] saem, para fazer alguma atividade fora, a sala é chaveada pelo professor. Nunca tivemos nenhum problema quanto a segurança dos aparelhos – explica a diretora, Marli Souza.
Os 160 educandos da instituição que é a única estadual e com ensino médio no município, tiveram tempos diferentes de adaptação, como relata a diretora:
–Tivemos que explicar que foi uma medida pensada na aprendizagem e não foi tomada só pela escola, foi com o apoio dos pais. Com os pequenos foi tranquilo. Os maiores [do ensino médio] contestaram, mas depois entenderam e se acostumaram.
O equipamento para restringir o uso dos celulares foi instalado nas nove salas de aula do educandário. Conforme a direção, a norma é: na chegada à sala, cada aluno deixa seu celular em um dos compartimentos. De lá, o eletrônico só pode ser retirado mediante autorização do professor ou na saída para o intervalo. Na volta deste, o aparelho novamente é recolocado, a fim de ser retirado somente ao fim da aula.
Sete meses após a implementação do combinado e depois de relatos de professores, a direção avalia a situação como positiva:
– Pelo menos, neste momento na sala, conseguimos a concentração deles. Eles já acostumaram, entram e largam o aparelho, sem resistência ou outra desavença, afirma a diretora.
O objetivo é realizar, no início do ano letivo, uma nova reunião com a comunidade acadêmica, a fim de realizar uma avaliação completa com pais e docentes. Com isso, adaptações poderão ser feitas e a ideia é que a medida. A professora que está a frente da escola se mostra a favor da continuidade do projeto:
– Eles precisam focar naquele momento, na explicação, no professor. O problema é que eles [alunos] ainda não têm essa consciência por conta própria e qualquer espiada nas redes sociais acaba dispersando. Por isso a importância de adotar isso - considera Marli.
Texto aguarda sanção presidencial
Na última quarta-feira (18), o plenário do Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 104/2015, que restringe o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, principalmente de telefones celulares, nas salas de aula dos estabelecimentos públicos e privados de ensino infantil e médio de todo o país.
O texto que teve unanimidade entre os senadores, também é apoiado pelo governo federal. Com a aprovação no Congresso, o projeto segue para sanção presidencial e poderá valer já para o ano letivo de 2025.
No plenário, o relator do projeto no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), defendeu que a medida "orienta uma política pública educacional" e explicou como deve ser a regularização nas escolas:
– Entre o início do período de aula até o final, o uso de celular está proibido, salvo questão de necessidade, como saúde. A regra é que o aluno deixe esse celular desligado, mutado, na sua mochila ou no estabelecimento que tiver espaço, e ele tenha concentração total na aula. É um projeto muito simples, ele quer resgatar a atenção do aluno, levar esse aluno a prestar atenção na aula, argumentou o senador.
Durante as discussões, duas emendas foram apresentadas: uma delas, para estabelecer a obrigatoriedade apenas no ensino infantil e fundamental; e outra que previa obrigar a instalação de câmeras em salas de aula. A primeira emenda foi rejeitada. Já a segunda, foi retirada pelo autor para ser reapresentada na forma de um projeto de lei em separado.