O transporte coletivo deixou de circular nas áreas de risco mapeadas pela Defesa Civil de Santa Maria. Na última quinta-feira (4), moradores de locais como a Vila Terezinha foram notificados sobre a suspensão. A prefeitura e a Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU) alegam que a decisão foi tomada para garantir a segurança de motoristas, cobradores e passageiros. Por outro lado, moradores que ainda seguem nas áreas enfrentam dificuldades pela suspensão do serviço.
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A empregada doméstica Maria Antônia Ferreira Rangel, 58 anos, depende do transporte público no dia a dia e, agora, convive com a falta dele. Para se deslocar ao trabalho ou à fisioterapia que faz duas vezes na semana, precisa caminhar cerca de 30 minutos até a parada mais próxima ou pagar o motorista de aplicativo. Antes, a parada de ônibus ficava na esquina de casa.
– A situação está crítica aqui. Tem muitas pessoas que não tem como se deslocar. E só com motorista de aplicativo não tem como, pensa no gasto. É complicado até para ir no mercado. Eu estou com a carta (Aluguel Social) na mão, mas ainda não consegui casa para alugar. Quando vamos nas imobiliárias, eles pedem fiador e não aceitam que o fiador seja a prefeitura. Ou pedem calção. Está muito triste a situação.
Maria Antônia reside na Vila Santa Terezinha, apontada pela prefeitura como área de risco. Além da localidade, que fica próximo ao Morro das Antenas, outros três locais em Santa Maria entraram nesse mapa: Rua Canário, onde houve um grave deslizamento que matou duas mulheres, Vila Churupa e Vila Bilibio.
Conforme a prefeitura, laudos técnicos elaborados por geólogos da Secretaria do Meio Ambiente delimitaram, na Vila Santa Terezinha, regiões consideradas de risco muito alto (R4) e risco alto (R3) para movimentos de massa. Com estas considerações técnicas, a Defesa Civil Municipal notificou os moradores e instalou placas de sinalização indicando a área de risco, uma delas no início da Rua das Marcelas.
A partir disso, a Secretaria de Mobilidade Urbana optou por suspender o tráfego de ônibus do transporte coletivo na Rua das Marcelas, Bairro Chácara das Flores, e requisitou à Secretaria do Meio Ambiente uma análise complementar e específica para o tráfego de transporte coletivo. Até que esses laudos sejam concluídos, a suspensão segue por tempo indeterminado.
Na última semana, os moradores foram comunicados pelos motoristas sobre a suspensão dos ônibus na localidade. Conforme o representante da ATU, Edmilson Gabardo, a associação seguiu os limites impostos pelo município.
– Entendemos que a placa colocada lá é bem explícita quanto ao risco. E não existe nada mais importante do que a vida. Então, as linhas têm respeitado isso, pois somos responsáveis pela segurança dos trabalhadores e dos passageiros – afirma Gabardo.
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