Caso Lula: neurocirurgião detalha procedimento e faz alerta aos perigos de quedas para idosos

Caso Lula: neurocirurgião detalha procedimento e faz alerta aos perigos de quedas para idosos

Foto: Valter Campanato (Agência Brasil/Divulgação)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por um procedimento médico na manhã desta quinta-feira (12) para evitar um novo sangramento na cabeça. A equipe médica que atende Lula no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), informou que a intervenção obteve sucesso e que “o presidente está acordado, comendo e superestável”. 

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O procedimento realizado foi uma embolização da artéria meníngea média. Lula, que tem 79 anos, precisou fazer uma cirurgia de emergência na madrugada de terça-feira (10) para drenar um hematoma na cabeça decorrente da queda que sofreu no banheiro do Palácio da Alvorada, em 19 de outubro.

O caso acendeu um alerta sobre os riscos de quedas para pessoas idosas e a importância do acompanhamento médico para evitar sequelas após este tipo de acidente. Em entrevista à Rádio CDN (93.5 FM) nesta quinta, o médico neurologista Juarez Lopes falou sobre estes cuidados e trouxe detalhes sobre os procedimentos ao qual o presidente foi submetido. Confira abaixo a entrevista:

Diário – Por que este novo procedimento pelo qual passou o presidente Lula nesta quinta-feira não é considerado uma cirurgia?

Dr. Juarez – O procedimento feito é uma embolização de uma artéria chamada “meníngea média”. É um cateterismo onde se colocam pequenos dispositivos que obstruem essa artéria e ela para de sangrar. É um procedimento simples, rápido, feito com cateterismo em um membro superior ou inferior e não tem risco.

Diário – Por que o público idoso é mais vulnerável em casos de queda?

Dr. Juarez – É muito comum esse tipo de trauma craniano em idoso, porque o idoso, diferentemente do jovem, ele tem o cérebro mais afastado da membrana dura máter, que é uma capa que recobre todo o cérebro. 

Questões como envelhecimento, alcoolismo, drogas, cigarro e vida sedentária provocam a diminuição do tamanho do cérebro. Existem pequenas veias-ponte que comunicam o cérebro com essa membrana e, como no idoso tem um espaço entre eles, o que acontece é que, em qualquer batida, ocorrem pequenos sangramentos. Dois ou três meses depois aparece o hematoma subdural, que é um coágulo abaixo membrana dura máter. Não é uma lesão cerebral, mas ele afasta ou empurra o cérebro para dentro. Há casos em que o paciente não precisa ser operado porque é absorvido o hematoma, mas outros em que ele cresce muito, é necessário operar. 

É uma cirurgia muito simples, que pode ser feita de várias técnicas. Uma delas é a trepanação em que se fazem dois furinhos na cabeça e drena o hematoma e a pessoa fica curada.

Diário – Qual é a orientação a ser seguida em situações de queda de idosos?

Dr. Juarez – Quando o idoso bate a cabeça, o hematoma não forma logo, mas sim até três meses depois. Por isso, mesmo que seja uma batida leve, é preciso que a família observe se irão aparecer sintomas como dificuldade para caminhar, sinais de demência, falta de equilíbrio ou dor de cabeça. Caso apareçam, é necessário fazer uma tomografia para ver se existe esse hematoma ou não. 

O idoso se machuca facilmente, em lugares como banheiro é comum ocorrerem esses acidentes. É importante a prevenção.

Diário – É correto procurar o atendimento médico logo após a queda?

Dr. Juarez – É interessante logo após a queda fazer o exame, para se ter uma imagem sem o coágulo. Aquela fica uma imagem padrão para que depois, em novos exames, seja possível ver se formou um coágulo. É sempre importante procurar um especialista após um trauma, por menor que seja, porque no idoso mesmo pequenos traumas provocam hematomas.

Diário – Outros fatores de risco, como problemas cardíacos, podem trazer complicações nestes casos? 

Dr. Juarez – O idoso tende a acumular vários problemas circulatórios, como corações e rins, o que faz com que ele precise usar anticoagulantes, essenciais para a manutenção da vida. Porém, os anticoagulantes podem auxiliar na formação desse coágulo, então é importante saber as patologias deste idoso e quais medicamentos ele utiliza. 

É um conjunto de sinais e sintomas que deve ser observado para poder salvar a vida deste idoso. 

Diário – Quando procurar um neurologista de forma preventiva?

Dr. Juarez – O neurologista deve ser procurado a partir dos 60 anos. Hoje sabemos que algumas doenças, como o Alzheimer, que é uma demência, pode ser prevenida, porque 20 anos antes de a pessoa ter demência já é possível identificar alguns sintomas. E também, 50% da doença pode ser evitada se fizer um tratamento preventivo que inclui uma série de exercícios físicos, mentais e medicamentos. Além disso, também é importante a prevenção do Acidente Vascular Cerebral (AVC) comum no idoso e pode ser prevenido fazendo avaliações neurológicas, cardiológicas e verificando todos os sinais.

Com um bom tratamento preventivo, que não inclui só medicamentos e sim exercícios físicos e mentais, podemos evitar ou retardar uma série de doenças graves neurológicas. Eu aconselho que após os 60 anos, todos façam uma revisão por ano, mesmo que não tenha sintomas.

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