Conheça a startup santa-mariense líder no setor de tecnologia jurídica no Brasil

Conheça a startup santa-mariense líder no setor de tecnologia jurídica no Brasil

Foto: Ernesto Sacchet

A legaltech santa-mariense Jusfy conquistou o primeiro lugar na categoria Mais Escalável da Startup Competition, realizada durante o South Summit Brazil 2025, uma das principais vitrines de inovação da América Latina. O feito coroa a trajetória de uma startup que nasceu do dia a dia de um escritório de advocacia e que, em poucos anos, se transformou em uma empresa avaliada em US$ 30 milhões, com mais de 38 mil clientes pagantes.


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Como tudo começou

A semente da Jusfy foi plantada quando o advogado Rafael Bagolin, após anos de uma carreira sólida em Santa Maria, se viu diante de uma frustração comum na rotina jurídica: a dificuldade de realizar cálculos judiciais com agilidade e precisão no dia a dia para auxiliar na resolução de processos. O que parecia ser apenas um problema específico de Rafael acabou se mostrando uma dor comum a grande parte dos advogados brasileiros. 


– Era uma dor matemática. Todo dia eu precisava calcular o valor das ações. Chegava a pagar R$ 1.500 por cálculo, e nem sempre o cliente queria arcar com isso. Um dia a conta estourou. E eu pensei: não é possível que ninguém tenha feito um sistema pra isso ainda – conta Rafael.


A partir dessa necessidade, Rafael começou a buscar alternativas, mas não encontrou nenhuma ferramenta no mercado eficiente o bastante para seu dia a dia. Foi então que conheceu Juliano Lima, desenvolvedor de software, e passaram a desenvolver uma ferramenta exclusiva, de uso interno, que fosse capaz de calcular rapidamente e de forma eficiente os mais diversos processos do escritório. Embora o plano inicial não fosse criar um produto comercial, a repercussão entre colegas de profissão foi imediata. A solução se espalhou de forma orgânica e os acessos ao sistema cresceram exponencialmente, inclusive sobrecarregando os servidores.


– Cortei o acesso geral e deixei só para o meu escritório, mas o telefone não parava de tocar. O pessoal dizia: ‘isso já está integrado na nossa rotina, bota no ar de novo. Diz quanto custa, a gente paga’” – relembra Rafael.


A partir daí, o advogado percebeu o potencial do que havia criado. Com mais pesquisa, planejamento e investimento, a ferramenta foi transformada em produto. Em julho de 2021, nascia oficialmente a Jusfy, agora com o objetivo claro de atender um grande problema da advocacia brasileira, segundo Rafael: a ineficiência nos processos diários do profissional jurídico.


Página da Jusfy na web.Foto: Reprodução


De uma calculadora a um sistema operacional

O que começou como uma simples ferramenta de cálculo se transformou em uma plataforma all-in-one (tudo em um). A Jusfy reúne atualmente mais de 23 ferramentas integradas, oferecendo soluções que vão desde automações jurídicas e geração de petições até consultas a bancos de dados públicos como Detran, Junta Comercial e Receita Federal.


– Não estamos vendendo batata frita no deserto. Estamos vendendo água. A dor existe. Quando o advogado encontra a Jusfy, ele percebe que era exatamente o que precisava e nem sabia –, afirma Rafael.


Além disso, a Jusfy incorporou inteligência artificial própria, treinada com base em dados reais e com foco no contexto jurídico brasileiro. A proposta da startup não é substituir o advogado, mas sim tornar sua atuação mais ágil, assertiva e moderna.


Fora do padrão

Diferente de muitos empreendedores do universo tech, Rafael não veio de uma formação tradicional em tecnologia. Entretanto, segundo ele, essa origem fora da bolha acabou sendo uma vantagem.


– Ninguém me contou que era errado lançar vários produtos ao mesmo tempo. Então eu fui lá e fiz. Talvez se eu tivesse vindo da bolha, teria ficado limitado a uma ideia só. Eu resolvi um problema e sabia que o mercado precisava de muito mais.


A ousadia permitiu que a Jusfy não apenas resolvesse uma necessidade específica, mas expandisse para outras áreas do direito. Hoje, a empresa é vendida como a única legaltech brasileira com uma solução operacional completa, sem concorrentes diretos com o mesmo nível de integração e profundidade.


Validação internacional

A consagração veio com a vitória na Startup Competition do South Summit Brazil 2025, na categoria Mais Escalável. O evento contou com mais de 2 mil inscritos de 79 países, e a Jusfy foi selecionada entre as top 50 do mundo antes de levar o prêmio final. 


Rafael Bagolin, CEO da Jusfy, recebendo o prémio de Startup Mais Escalável na Startup Competition 2025.Foto: Arquivo Pessoal


O reconhecimento atraiu investidores, abriu portas e deu visibilidade nacional e internacional à Jusfy, permitindo o contato com outras empresas do ramo, além de reforçar a confiança no projeto. A empresa tem hoje 47 funcionários.


Santa Maria: um potencial polo de inovação

Embora tenha iniciado a operação formal em São Paulo, Rafael fez questão de transferir a sede da empresa para Santa Maria, sua cidade natal. A decisão foi simbólica e estratégica.

 
– Eu sou daqui, meus filhos são daqui. Se é pra pagar imposto, que seja aqui. A gente tem um banco de talentos enorme no interior. O que falta são incentivos e apoio para essas ideias saírem do papel.

 
Ele destaca o papel das universidades e incubadoras locais em desenvolver o setor da inovação, mas alerta para a falta de recursos disponíveis para jovens empreendedores. A ausência de apoio financeiro é um grande obstáculo para quem está começando. O exemplo que dá é muito claro: só conseguiu iniciar a Jusfy porque tinha uma carreira consolidada como advogado e capital próprio para financiar a ideia.

 
– Eu tive esse colchão da minha carreira. Mas o estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por exemplo, não tem. E é aí que a gente perde muitos talentos com ideias incríveis. Acho que tem muitas travas, tem pouco incentivo, não só em Santa Maria como no próprio Rio Grande do Sul inteiro.


Uma jornada que inspira

A trajetória da Jusfy mostra que a inovação não é exclusividade das grandes capitais. Com visão prática, coragem para agir e capacidade de execução, uma ideia nascida no interior pode conquistar o mundo.

 
Embora Rafael continue afirmando que tudo começou com uma frustração simples, o que ele construiu foi, na verdade, um novo modelo de como a advocacia pode ser praticada no século 21 – mais eficiente, integrada e centrada em dados. A startup segue crescendo e pavimentando um novo caminho para o setor jurídico. E, ao fazer isso a partir de Santa Maria, ajuda a colocar o interior gaúcho no mapa da inovação global.

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