Foto: Pedro Piegas (Arquivo Diário)
Imagem ilustrativa.
Transtornos com a alimentação animal, mais gastos em pastagens e, por fim, perdas de animais. Essas são as principais reclamações dos pecuaristas no Rio Grande do Sul após as fortes chuvas de abril e maio. Na Região Central, não é diferente. Dois terços dos municípios do território relataram perdas de animais bovinos e ovinos, também das áreas de campo.
Na região de Santa Maria, mais de 1,3 mil produtores de 25 municípios foram atingidos, estima um levantamento feito pela Emater/RS-Ascar. Esses criadores perderam mais de 2 mil cabeças, entre ovinos e bovinos.
Restinga Sêca é o município mais prejudicado, com a perda superior a 900 bovinos e 150 ovinos.
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Em segundo lugar estão as áreas de campo e pastagens levadas pelas enxurradas, e até as pastagens que não se desenvolveram pela falta de luminosidade e excesso de umidade. Mais de 24 mil hectares foram atingidos, em maior ou menos grau. São Martinho da Serra foi o município com a maior área atingida. Mais de 10 mil hectares em perdas, indica a Emater.
Consequências na produção
O momento é difícil, ainda que o pior já tenha passado, indica a assistente de pecuária da Região Santa Maria, Elusa Andrade. Segundo ela, houve aumento inesperado nos custos. Além disso, o preço de venda está baixo, há pouca e até nula rentabilidade, e muito prejuízo, especialmente para as pequenas propriedades, com menor escala de produção.
Além das perdas de animais, as pastagens afetadas atrasam o retorno à normalidade, principalmente neste momento de reprodução dos rebanhos. Com isso, há uma maior necessidade nutricional.
– As pastagens de inverno tiveram pouco desenvolvimento ou nenhum devido ao excesso de chuvas, faltando alimento de qualidade para os ovinos e bovinos. Para os rebanhos não perderem peso, os produtores estão recorrendo a compra de alimentação conservada (feno, silagem, pré-secados e rações), o que eleva muito o custo da produção sem planejamento – informa Elusa.
Mais contas e endividamento certo
A busca por outros meios de alimentação está custando caro. Os valores não planejados saem, na sua maior parte, do bolso do produtor. Esse cenário pode levar a um maior grau de endividamento no campo, diz a técnica da Emater.
– Há facilitações e disponibilidade de crédito, dependendo de cada produtor. Houve algumas entregas de feno para os mais atingidos, mas aqui na região foi bem pouca a doação de feno, comparado ao número de produtores que tiveram suas pastagens afetadas – diz Elusa.
Segundo ela, seria preciso mais doações de forragens conservadas ou maior disponibilidade de crédito facilitado para compra de alimentação animal.
O consumidor sente a diferença?
É carne bovina que o consumidor deveria sentir um impacto direto das perdas com as enchentes. No entanto, a Emater indica que o aumento dos gastos de produção ainda não foram repassados ao consumidor. O preço de venda do terneiro, por exemplo, não sofreu grande alteração. E a expectativa é que isso deva seguir até outubro, no mínimo.
Municípios com mais perdas na região
Animais perdidos com as enchentes:
- Restinga Sêca – Mais de 900
- Cacequi – 300
- Jaguari e Nova Palma – Mais de 100
- Agudo – 73
- São Martinho da Serra e São Vicente do Sul – Aproximadamente 70
- Paraíso do Sul – 60
Mortes de ovinos
Animais
- Restinga Sêca – 150
- Santiago – 67
- Nova Palma – 24
Áreas de campo perdidas
Em hectares
- São Martinho da Serra – Mais de 10 mil
- Restinga Sêca – Aproximadamente 5 mil
- São Vicente do Sul com mais de 2 mil
- Jaguari – Mais de 1 mil
- Formigueiro – 600
- Jari – 500
- Nova Palma – 446
Fonte: Emater/RS-Ascar