O Rio Grande do Sul, de encantos mil, como referencia Teixeirinha em “Querência Amada”, foi celebrado no desfile de 20 de setembro, numa manhã de céu nublado e temperatura amena. Mais do que amor à tradição, a saudade. Após um ano sem evento, a Avenida Medianeira voltou a ser palco do desfile, que ocorreu na manhã desta sexta-feira em Santa Maria. Mais de 5 mil pessoas, entre público e tradicionalistas, participaram do evento, segundo a Guarda Municipal.
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Para o coordenador da 13ª Região Tradicionalista (13ª RT), Junior Pozzobon, que acompanhou o desfile próximo ao público, o sentimento era de saudade. Isso porque o último desfile foi realizado em 2022, o primeiro após a pandemia da Covid-19. Em 2023, apenas cavalgadas solidárias ocorreram na região, depois do cancelamento do evento em função das chuvas no Vale do Taquari.
– O diferencial deste ano foi manter o evento com qualquer tempo. E foi lindo, uma bela festa. O pessoal estava com saudade do desfile. A verdade é essa. O tempo assustou um pouco, mas vieram prestigiar – afirma o coordenador, em referência à forte chuva que caiu durante a madrugada.
As façanhas, que no hino rio-grandense servem de “modelo à toda terra”, na manhã do feriado de 20 de setembro foram manifestadas na rua, junto à comunidade. Em pouco mais de duas horas, mais de 30 entidades e 1,4 mil pessoas passaram pela Avenida Medianeira. E no trajeto, valia de tudo em nome da tradição gaúcha, desde acenos e música, até o churrasco e o chimarrão que desfilavam junto aos tradicionalistas.

Um deles foi Elder Sarturi, do Departamento Tradicionalista Gaúcho Noel Guarany, que desfilou junto ao filho Benício, de 1 ano e 8 meses. Para ele, cada ano é uma emoção diferente:
– É um prazer, a cada dia 20, cultuar a tradição dessa forma. Pela primeira vez desfilei com meu filho, então, foi uma emoção a mais. É importante ensinar a tradição para essa gurizada.
A cavalo e em companhia do Departamento de Cavalgada da 13ª RT Tropeiros do Coração do Rio Grande, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) também se juntou aos participantes do desfile de 20 de setembro. O orgulho de ser gaúcho e a resiliência do povo gaúcho após as enchentes, de acordo com ele, resumem o desfile:
– Esse é o povo gaúcho. Também quero prestar a mais profunda solidariedade a muitas cidades que não puderam fazer o desfile porque foram assoladas pelas enchentes. É mais fácil ser prefeito do que andar a cavalo (risos). Eu, desde que comecei a desfilar a cavalo, nunca mais parei. É uma forma de mostrar a importância de cultivarmos a tradição.

Tradição que ultrapassa gerações
Mais de 4 mil santa-marienses saíram de casa, muitos pilchados e com o chimarrão na mão, para acompanhar o desfile. Distribuídos em toda a extensão da Avenida Medianeira, não faltaram manifestações de amor a tradição também por parte do público. Para Luiz e Cândida Benaduce, 33 e 32 anos respectivamente, o desfile sempre foi uma parte importante do 20 de setembro. Em 2024, com um objetivo a mais: mostrar os festejos ao filho Miguel, de 1 ano e 8 meses.
– É uma tradição. E também para ele (o filho) já começar a apreciar isso porque é muito bonito. Eu acho que temos que, cada vez mais, cultivar nossas raízes. Então, é importante vir até aqui – conta Cândida.
Vestido a caráter, o aposentado Antonio Ilha, 72 anos, também não perde nenhum desfile:
– Barbaridade, tá bom demais. Eu gosto muito de ver as criancinhas. Eu desfilava também, mas perdi meu cavalo e agora venho assistir. E é bom mesmo vir pilchado.
Desfile Farroupilha em Números
*Conforme a Guarda Municipal
- 1.450 pessoas participantes
- 870 cavalos
- 80 veículos
- 4 mil de público