Foto: Nathália Schneider (Diário)
O aposentado Claudemir Pippi, 60 anos, projeta uma vida longa em Santa Maria.
Metade dos brasileiros tem até 35 anos, mas este indicativo é maior na Região Central do estado, segundo os últimos dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após a atualização, o Rio Grande do Sul caracteriza-se por ter a população mais velha do país e menor número de crianças, com idade mediana de 38 anos.
Este índice delimita a idade que separa a metade mais jovem da metade mais velha da população. Entre os 40 municípios do centro do Estado, 35 superam a marca estadual – Ivorá é o que tem o maior índice, com uma idade mediana de 48 anos. Em Santa Maria, a população de 60 anos ou mais cresceu 48,3% nos últimos 10 anos.
Confira a Idade Média de sua cidade na Região Central
"Se há uma população idosa maior, quer dizer que houve um trabalho eficiente na saúde e com acesso à alimentação. Se isso não ocorrer o idoso morre". A leitura da evolução da pirâmide etária de Santa Maria é da pesquisadora da Geografia da População e professora do Departamento de GeoCiência da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Gilda Benaduce.
Investimento em qualidade de vida
Conforme a professora Gilda, a qualidade de vida é tópico essencial para manter um envelhecimento populacional saudável. A manutenção e criação de políticas públicas para proporcionar este efeito são pensadas a partir de dados como do Censo.
Claudemir Pippi entende que já está na faixa da população idosa por ter alcançado os 60 anos. Santa Maria é a cidade onde pretende envelhecer. Como ele, aos 60 anos ou mais, há mais de 53,2 mil pessoas no município, conforme o censo de 2022.
– Minha terra que eu nasci e me criei aqui. Vou viver aqui, né?! Tenho acesso ao posto de saúde e tomo remédio controlado. Mas a questão de segurança é o que eu acho péssimo.
Raio-x de Santa Maria
Nestes últimos 10 anos, os santa-marienses estão em maior número – cerca de 4%. A maior faixa etária é de homens e mulheres entre 20 e 24 anos.
Segundo a pesquisadora Gilda, a tendência é que a cidade mantenha o comportamento apresentado nestes últimos 10 anos.
– O que a gente pode ressaltar é um encolhimento significativo na sua base. O nascimento de crianças tem sido bem reduzido. Em contrapartida, vem aumentando o que a gente chama de população jovem ou de uma população economicamente ativa. Esta tem crescido substancialmente. Na verdade, não só cresceu, mas ampliou significativamente o número de pessoas nessa faixa, possibilidade de termos uma população economicamente ativa mais numerosa – julga Gilda.
"Esta população está clamando por emprego"; alerta a pesquisadora
Governos municipais, estaduais e federal tomam decisões com base no diagnóstico da população e as faixas etárias são determinantes para a condução e aplicação de políticas. Dessa forma, a pirâmide etária é um mecanismo para apresentar a estrutura da população jovem, adulta e idosa.
Assim, a forma como ela se configura em cada sociedade pesa nas dinâmicas sociais. A partir destas leituras, ocorre a criação de políticas públicas com preocupações como educação, vacinação em dia e alimentação. No caso de Santa Maria, com uma grande população na faixa etária adulta, de 19 a 60 anos, a prioridade do governo deve ser de criar empregos para a população nesta faixa, defende Gilda:
– Isto é uma tendência, conforme este último censo, portanto, isso gera a pressão dessa população sobre os empregos oferecidos dentro da cidade. Isso é bem notório. Mostra uma estrutura populacional se configurando de uma forma diferenciada do que já foi.
Emprego
Emprego qualificado é uma outra discussão para a interpretação de dados da pesquisadora de geografia da população, Gilda Benaduce. A questão é a obrigação em criar oportunidades devido ao crescimento da população economicamente ativa. Sem elas, no último caso, ocorre a migração desta população. Conforme Gilda, a tendência é que o desenho da pirâmide hoje seja replicado nos próximos anos. Exceto se o Estado interferir de alguma forma, como, por exemplo, com medidas que gere maior número de nascimentos, como inibir o controle de fertilidade.
Linhas de ação para promover um envelhecimento saudável
- Promover políticas públicas e alianças para o envelhecimento saudável na Região das Américas
- Apoiar o desenvolvimento de ambientes amigáveis, adaptados a todas as pessoas idosas
- Alinhar os sistemas de saúde para que atendam às necessidades específicas das pessoas idosas
- Desenvolver sistemas sustentáveis e equitativos de prestação de cuidados de longo prazo
- Melhorar a mensuração, o monitoramento e a pesquisa sobre envelhecimento
* Indicações da Organização Pan-Americana da saúde