
Foto: Beto Albert
O mês de janeiro tem apresentado características pouco favoráveis à agropecuária. Sem previsão de chuva na região pelo menos até o dia 16 e com temperaturas elevadas no período da tarde, alguns agricultores temem a chegada da estiagem, que pode impactar as plantações.
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Na manhã desta quarta (8), o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Guilherme Passamani, foi entrevistado pelos jornalistas Rogério Kerber e Tayline Manganelli no programa "Bom Dia, Cidade!”, da Rádio CDN (93.5 FM). Apesar de ainda ser cedo para prever o prejuízo exato, ele salienta que dificuldades na agropecuária já estão sendo enfrentadas na região e podem piorar nos próximos dias.
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Estiagem
Apesar de não ser garantida, a previsão do tempo para os próximos dias mostra-se preocupante em relação à estiagem, já que não indica chuva até a segunda quinzena de janeiro e, posteriormente, não deve ter grandes índices pluviométricos. De acordo com a Emater, a safra apresentava potencial até meados de dezembro. Contudo, alguns municípios da região já estão há cerca de 30 dias sem chuva, o que resulta na queda do nível de água dos rios, causando indisponibilidade de água para irrigação em algumas lavouras.
– Ainda é muito cedo para estimarmos se isso vai se concretizar (estiagem). O que tem nos preocupado é o prognóstico climático, que não prevê chuva nos próximos 15 dias. E nesses municípios que já estão sem chuva há quase 30 dias, 45 dias seria uma linha tênue entre um prejuízo quase total para uma lavoura que tínhamos expectativas de que seria boa – disse Passamani.
Entre as principais culturas impactadas estão soja, arroz e milho. Além disso, o gerente regional da Emater reforça que a falta de chuva também afeta as pastagens, que estão perdendo qualidade. Sendo assim, a pecuária é prejudicada com a perda de ganho de peso de alguns animais.
Quem está sofrendo diretamente com a falta de chuva é o agricultor Alberi Rigão, 59 anos, que planta soja, em Santa Flora. Como não tem irrigação em sua lavoura, ele torce para que um período de instabilidades chegue na região, mesmo sabendo que a previsão indica o contrário.

Rigão começou o plantio no início de novembro, mas enfrentou problemas de excesso de umidade no mês, sendo obrigado a realizar alguns replantios em dezembro. No entanto, o prejuízo maior foi aparecer neste mês.
– Até demorei para fazer o replantio, fiz em dezembro, e está nascendo de novo há pouco tempo, mas falta água. E o que eu plantei cedo já está no processo de enchimento dos grãos, já tem soja morrendo. Então, agora vai depender da estiagem, porque o prejuízo aumenta a cada dia que passa – revelou Alberi Rigão.
O agricultor estima que, até o momento, tem um prejuízo de até 10% de sua plantação. Contudo, reforça que pode aumentar em função da previsão do tempo para os próximos dias.
– É só rezar e esperar – disse Rigão.

Soja
Principal cultura do Estado, a soja é plantada em 1.063.075 hectares na região coordenada pela Emater, que abrange 35 municípios, com destaque para Júlio de Castilhos, Tupanciretã e Cachoeira do Sul, que estão entre as cinco cidades com maior produção. Como informa Guilherme Passamani, a maior parte da soja foi plantada em meados de novembro. Ou seja, está em desenvolvimento vegetativo, que ainda não é o período mais crítico, apesar de exigir atenção.
No entanto, alguns agricultores iniciaram o plantio antes. Neste caso, o período é crítico, pois a soja pode estar no momento em que exige a maior disponibilidade de água para fazer a floração e encher os grãos, dando qualidade a eles.
Arroz
Restinga Sêca, Cacequi, Formigueiro, São Sepé, Faxinal do Soturno e outros municípios da Quarta Colônia já apresentam relatos de lavouras com indisponibilidade de água para realizar o processo. Outro fator que tem prejudicado as lavouras são as temperaturas mais baixas registradas à noite, que afetam as plantas em estágio reprodutivo.
Milho
Muito ligado à agricultura familiar, o milho é plantado em 46.357 hectares na região. Há perdas consideráveis nas lavouras que estão em floração, sem contar que nas lavouras mais jovens aumentou o ataque de lagartas do cartucho. No entanto, no caso do milho silagem, utilizado para alimentar animais, o prejuízo é menor. Dos 10.843 hectares, 75% da área já foi plantada e boa parte colhida. O restante não deve ser plantado.
Feijão - primeira safra
Com um plantio de 1.120 hectares na região, mais de 30% das lavouras estão em maturação e mais de 40% do grão já foi colhido. Na última quinzena, as temperaturas elevadas e a falta de chuva comprometeram as plantações, principalmente as que estavam em floração e enchimento de grãos.
Hortaliças e frutas
As temperaturas elevadas estão prejudicando o desenvolvimento, exigindo mais água para irrigação, e também precisam de um manejo mais cuidadoso dos cultivos protegidos. A colheita do tomate está terminando em São Vicente do Sul e apresentou bons resultados.
Quanto às frutas, o morango está em fase final de produção. A colheita está em andamento para as culturas de dia neutro e já finalizada para as cultivares de dia curto. Já a colheita da melancia passa dos 60% em São Francisco de Assis. No geral, a produtividade está boa.
O que fazer para diminuir os prejuízos
Prevendo o possível período de estiagem, a Emater está intensificando o acompanhamento por meio de extensionistas nas lavouras da região. Nessas visitas, algumas sugestões estão sendo feitas aos agricultores.
– Estamos estimulando alguns agricultores a buscar o manejo preventivo às situações climáticas, que o nosso Estado vem frequentemente sendo afetado. A gente trabalha com o manejo de solos, utilização de plantas de cobertura, que proporcionem que a água infiltre no solo e esteja disponível por um período um pouquinho maior para essas plantas - revelou Guilherme Passamani, afirmando que o processo consegue segurar a umidade por mais alguns dias, muitas vezes salvando a lavoura.
Além disso, a Emater também trabalha em conjunto com o governo do Estado por meio do programa “Supera Estiagem”. A ideia é disponibilizar recursos para agricultores implantarem sistemas de irrigação em suas lavouras. No caso da entidade, existe a ajuda no desenvolvimento desses projetos e o estímulo para que os agricultores tentem o recurso.