Em 27 de janeiro, a tragédia da boate Kiss completará 12 anos. É a partir dessa data que o Memorial em homenagem às vítimas receberá uma etapa importante: a concretagem. Após dois meses em ritmo reduzido, a equipe trabalha para finalizar a etapa de infraestrutura. A previsão segue para março deste ano, mas a empresa não descarta atualização no prazo e nos valores.
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Na última semana, a Infa Incorporadora, responsável pela construção, trabalha na preparação das formas – parecidas com caixinhas que se encontram nas laterais da boate como um grande mosaico. São elas que recebem o concreto. É a partir dessa etapa que outras estruturas do memorial, como as paredes, aos poucos, ganham forma e preparam a obra para receber o paisagismo, a composições em vidros e os 242 pilares de madeira que levam os nomes de quem perdeu a vida no incêndio.
– Estamos fazendo a preparação das formas para que, na semana que vem, comece a concretagem, que é uma fase bem importante. Após a secagem, daremos início ao processo de subir as paredes com os blocos de concreto, e a mão de obra começa a aparecer mais – afirma a arquiteta e urbanista Taciane Diniz.

Obra já completa seis meses
Em janeiro, a construção do Memorial completa seis meses. A retirada do letreiro da boate Kiss e das portas de entrada, em ato simbólico na Rua dos Andradas no dia 12 de julho, marcou o início da obra. Ainda na primeira semana, foram catalogados os objetos que farão parte do acervo, e teve início a retirada de materiais da boate como gesso, madeira, alumínio e espuma. O objetivo era dar o direcionamento adequado aos itens e abrir espaço para a entrada do maquinário.
Quase duas semanas depois, em 23 de julho, outro marco importante: a remoção do telhado e das estruturas internas do local. No dia seguinte, a fachada do prédio da boate Kiss começou a ser demolida de forma manual, com a retirada de janelas e estrutura de madeira. Esse foi o último passo antes da derrubada completa das paredes da boate, que ocorreu no dia 29.

Com a remoção da estrutura, foi realizada a limpeza do entulho e nivelamento do terreno. Nada sobrou do antigo prédio da boate. Após, foram realizadas as marcações de obra e no início das perfurações – primeiras fases da obra, relacionadas à infraestrutura.
Dois meses depois da obra iniciada, um contratempo. Um andar abaixo do nível do solo no prédio vizinho, antes desconhecido, exigiu adequações nos projetos estrutural, arquitetônico e no PPCI para solucionar problemas antigos do terreno, como alagamentos. Por isso, por quase oito semanas, a obra seguiu em ritmo reduzido, com outras atividades que não dependiam da execução do projeto estrutural, como a fabricação de forma, colocação de ferragens e preparação do terreno.
– Foi um círculo de readequações que foram necessárias para se adequar a um lote com nada em cima. Isso era algo que não prevíamos, mas que está factível a uma obra da dimensão do Memorial. Se tratando do lote onde ela está, onde tem declínio acentuado, lotes lindeiros e onde não tem uma metragem de terreno que possa separar, com construções ligadas umas nas outras – explica o superintendente e gestor da construção do Memorial, Jéferson Nunes.
A partir das adequações, a obra seguiu as etapas de infraestrutura. Para dar conta do prazo e das ações previstas, a equipe, antes composta por dez pessoas, passou a contar com até 16 profissionais. Tudo depende das exigências de cada fase da obra, conforme explica Taciane:
– Nessas últimas semanas, intensificamos a equipe porque queríamos uma continuidade maior na questão das formas e agilizar a etapa da concretagem. E, passado esse processo, outros serviços acabam se liberando e conseguimos ter uma produtividade maior.

Paralisação das obras no dia 27
No dia 27 de janeiro, haverá uma paralisação na construção. O pedido foi da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), devido à programação voltada aos 12 anos da tragédia da boate Kiss. A concretagem será retomada na próxima terça-feira (28), com possíveis alterações no trânsito devido à entrada e saída de maquinários.
Mudanças no valor não foram descartadas
O Memorial será construído na Rua dos Andradas, onde ficam as ruínas da boate Kiss. O projeto de 383,65 metros quadrados será feito em um único pavimento, para facilitar a acessibilidade e a manutenção. O custo será de R$ 4,8 milhões oriundos do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), presidido pelo Ministério Público (MP), que destinará ao Memorial os valores provenientes de multas e acordos judiciais por danos causados à coletividade. Além disso, a prefeitura dará uma contrapartida de R$ 800 mil.
A prefeitura e a empresa responsável pela obra ainda trabalham com prazo e valores originais do contrato. Mas, devido às alterações no projeto, não descartam mudanças:
– Nós sabemos que é factível que ocorra um acréscimo de prazo. Ainda trabalham com o prazo original. É muito prematuro, hoje, 20 de janeiro, tratarmos de um aditivo de prazo, sendo que ainda temos 100 dias.
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