Padre recém-ordenado ajuda professor da UFSM a despertar para vocação religiosa

Padre recém-ordenado ajuda professor da UFSM a despertar para vocação religiosa

Foto: Padre Maicon Marion (Arquivo Pessoal)

Padre Maicon Marion e arcebispo dom Leomar Brustolin (ao centro, de vermelho), durante encontro com jovens vocacionados.

A formação religiosa exige fé, discernimento e dedicação. Tornar-se padre é uma decisão de vida que envolve espiritualidade, amadurecimento pessoal e anos de estudos. Na Arquidiocese de Santa Maria, histórias como a do jovem Filipe Ramos Netto, 26 anos, professor de matemática da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e do recém-ordenado padre Maicon Marion, ajudam a entender esse percurso.


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O primeiro passo é o despertar da vocação, geralmente fruto da vivência comunitária e da participação ativa na Igreja. Segundo o padre Maicon, esse chamado pode surgir na infância, na juventude ou mesmo na vida adulta.


Após esse reconhecimento inicial, o interessado é orientado a procurar o setor vocacional da diocese. A partir daí, inicia-se um acompanhamento com encontros, visitas, conversas e orações.


– É um processo muito sério, personalizado. Não é da noite para o dia. Os encontros servem para que o jovem entenda de fato o que é ser padre e se é isso mesmo que Deus lhe chama – destaca o padre Maicon.


Netto está justamente nessa fase. Participa de grupos de oração e se prepara para um encontro vocacional decisivo em junho.


– Cada vez mais tenho convicção de que é isso que quero. É onde posso servir melhor a Deus e aos irmãos. Se é isso que Deus quer pra mim, eu fico feliz em abraçar – afirma.


O vocacionado Filipe Netto (à frente) durante encontro religioso.Foto: Filipe Netto (Arquivo Pessoal)


Após essa etapa, ocorre o ingresso no seminário propedêutico, um ano introdutório com foco na vivência comunitária, espiritualidade e fundamentos filosóficos. Na província eclesiástica de Santa Maria, esse seminário ocorre em Santa Cruz do Sul.


Concluído o propedêutico, o seminarista ingressa no Seminário Maior, em Santa Maria, onde estuda filosofia e teologia durante, pelo menos, seis anos. Caso o vocacionado já tenha curso superior, como Filipe, podem ser feitos ajustes no currículo, mas as etapas são mantidas.


Padre Maicon percorreu esse mesmo caminho e lembra que o chamado surgiu ainda na infância, quando brincava de celebrar missa. Ele frisa, no entanto, que o sacerdócio não é a única vocação possível dentro da Igreja.


– Talvez Deus esteja chamando para outra vocação, porque não é só ser padre. Existem outras vocações: família, religiosos, como freis e freiras, ou mesmo leigos que atuam nas comunidades. Deus tem seu chamado para cada um – afirma o padre.


Hoje, o seminário propedêutico da Arquidiocese de Santa Maria conta com seis seminaristas, três deles da própria cidade. No Seminário Maior, há cerca de 20 estudantes.


Padre Maicon Marion durante sua ordenação.Foto: Maicon Marion (Arquivo Pessoal)


Formações diferentes para atuação

A vocação sacerdotal pode seguir diferentes caminhos. O padre diocesano (secular), como é o caso de Maicon, serve a uma diocese específica e não precisa fazer votos religiosos. Ele faz promessas de obediência ao bispo e ao celibato e serve em um território específico, onde está a sua diocese. Já o padre religioso, como o monsenhor Clésio Facco, nomeado bispo da Diocese de Uruguaiana pelo Papa Leão 14, pertence a uma congregação, vive em comunidade e atua em diferentes locais e países. Além disso, ele assume votos de pobreza, castidade e obediência. O monsenhor, por exemplo, é da Ordem dos Palotinos.  


Embora haja diferenças nas formações e contextos de vida de padres seculares e religiosos, ambos podem celebrar os sacramentos e exercer o ministério pastoral, desde que sejam ordenados.


Há também os freis, que não são, necessariamente, padres. Eles, assim como as freiras, seguem uma ordem religiosa e vivem em comunidade. Entretanto, nem todos são sacerdotes e, por isso, não são considerados padres. No caso de uma religiosa professa, não é possível assumir um caminho sacerdotal e, por isso, não celebra missas ou administra sacramentos. Seu papel é essencial na comunidade, especialmente em áreas como educação e saúde.


O diácono também tem uma função de destaque. No caso do diácono permanente, como Hermes Bertoldo, trata-se de um homem casado e experiente que divide a vocação entre a família e o serviço à Igreja. Ele pode proclamar o Evangelho, presidir batizados, distribuir a Eucaristia e abençoar casamentos, mas não pode celebrar a missa.


Já o diácono transitório é aquele que está em formação para se tornar padre.


Igreja no Brasil e no mundo

Dados de 2024 do Vaticano revelam que o número de freiras tem diminuído, especialmente na Europa, América e Oceania. Em contrapartida, houve crescimento na África e Ásia. Ainda assim, as religiosas continuam representando 45% a mais do que os sacerdotes. 

 
O número de padres também teve uma leve queda, com destaque para os crescimentos na África (2,7%) e na Ásia (1,6%) e queda na Europa (1,6%) e América (0,7%).


o número de diáconos permanentes vem crescendo e chegou a 51,4 mil em 2023 – aumento de 2,6% em relação ao ano anterior. A maior parte está na América do Norte e Europa.


O número de bispos também aumentou, sendo cerca de 1,4%, totalizando 5,4 mil no mundo.


No Brasil, segundo a Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), havia em 2023 pouco mais de 22 mil padres em exercício, sendo 15,2 mil diocesanos e 6,9 mil religiosos. A CNBB contabiliza 318 bispos em atuação e 172 eméritos.


A Comissão Nacional de Diáconos (CND) informa que há cerca de 6 mil diáconos filiados no país.


Na Arquidiocese de Santa Maria, conforme os dados mais recentes, são 70 padres e 23 diáconos, atuando em 26 municípios. Ela é liderada pelo arcebispo metropolitano dom Leomar Brustolin desde 2021, após ser nomeado pelo Papa Francisco. No arcebispado, há também o arcebispo emérito dom Hélio Adelar Rubert e dois bispos eméritos, dom Elói e dom Edson.

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