opinião

Pressão popular pode interferir no local onde pedágio será instalado na RSC-287

Deni Zolin

Foto: Renan Mattos (Diário)
Praça será construída entre Santa Maria e Quarta Colônia, mas ponto exato ainda não foi infor
mado

Na proposta de instalar pedágios da RSC-287, possivelmente até o começo de 2020, uma das dúvidas será se quem mora perto das praças de cobrança terá ou não isenção da tarifa. Esse é um dos temas que devem ser discutidos nas audiências públicas que serão nos próximos meses e que servirão de base para que o governo do Estado faça mudanças no projeto. Essa preocupação cresceu porque uma das praças de pedágio está prevista para ser instalada perto do trevo de Santuário. Se isso for mantido, quem vai de Santa Maria para a Quarta Colônia, e vice-versa, terá de pagar pedágio - cobrança que iniciará no 2º ano de concessão. O estudo apontou que a tarifa máxima deve ser de R$ 5,93, mas o Estado acredita que poderá baixar para até R$ 4.

Para saber se seria possível dar desconto ou isentar de pedágio quem mora a poucos quilômetros da praça, questionei o professor da UFRGS e doutor em Transportes Luiz Afonso Senna, que coordenou o Plano Estadual de Logística do Estado (Pelt) de 2018, apresentando gargalos e obras necessárias.

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- Isso são coisas que não estão em contrato. Pode ser que tenha uma ou outra situação em que a empresa concessionária fez uma gestão local, para não ficar se incomodando, e abriu mão da cobrança, mas desde que seja 10 ou 20 veículos, para não ter tanto impacto. A ideia é que não se coloque praças entre duas cidades que tenham um grande tráfego e de curta distância. O contrato da CCR da Freeway tinha uma praça com essas características, em Gravataí, e que vai ser realocada depois de Gravataí, para perto da fábrica da GM, para não pegar esse morador que sai de Gravataí para ir trabalhar em Porto Alegre. Não é esse o público alvo. No projeto, você já busca evitar que exista esse tipo de conflito - diz.

Ele comenta que, quando a tecnologia evoluir, a tendência futura é não haver mais praças de pedágio:

- Teve uma proposta lá na Câmara, do Esperidião Amin, de que não tivessem de pagar os moradores da cidade onde estivesse a praça de pedágio. Aí, até falei com ele: "Então, numa cidade como São Paulo, se tiver uma praça, ninguém vai pagar?". Nas primeiras rodadas de concessões, existia essa preocupação com isenção, mas isso está sumindo. A ideia na concessão de rodovia é, no futuro, não ter mais praça de pedágio. É todo mundo ter um chip no carro e pagar por km que rodar. Se anda pouco, paga pouco, se anda muito, paga mais. Então, hoje, existem algumas pessoas que moram perto das praças que poderão ser prejudicadas.

LOCAL DA PRAÇA
A partir dessas afirmações desse doutor em Transportes, chega-se à conclusão de que será difícil isentar de tarifa quem mora perto das praças de pedágio. Porém, não é algo impossível. Tudo dependerá da pressão popular e das autoridades que ocorrer nas audiências públicas, nos próximos meses, para tratar do projeto de instalação de pedágios. A tendência é que prefeitos e moradores da Quarta Colônia peçam que a praça de cobrança seja instalada, no sentido Santa Maria-Porto Alegre, depois do trevo de Santuário, justamente para evitar o pagamento de pedágio para quem viaja da Quarta Colônia a Santa Maria.  

Se o governo do Estado vai ouvir o clamor, ainda não se sabe. A definição disso dependerá, principalmente, das informações sobre volume de tráfego nesse trecho, que serão divulgadas em breve pelo governo do Estado. Se a quantidade diária de veículos for muito grande entre Santa Maria e a Quarta Colônia, poderá cair muito a receita do pedágio caso a posto de cobrança seja instalado depois do trevo de Santuário, em direção à Capital.

Assim, o governo terá de avaliar o impacto dessa redução de verba e o que pode ser feito: elevar um pouco o preço do pedágio para compensar ou reduzir o volume de obras na rodovia. Precisará haver uma análise política e técnica do caso.

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