
Por segundo, cerca de 220 litros de esgoto chegam na estação de tratamento, localizada no Bairro Lorenzi, em Santa Maria. É ela que garante que os resíduos que saem das residências cheguem aos córregos e arroios de forma adequada, sem danos ao meio ambiente. Desde o ano passado, a estrutura foi duplicada com a expansão da rede de esgoto na cidade. A previsão é que, até o final deste ano, 77% das residências santa-marienses tenham acesso ao serviço.
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Conforme a gerente institucional da Corsan, Andréia de Moraes Zanini, a ampliação da rede de esgoto nos bairros só foi possível porque houve a duplicação no tratamento dos resíduos. O investimento foi de aproximadamente R$ 40 milhões:
– Somente com essa duplicação que nós garantimos a capacidade de tratar todo o esgoto das redes que estão sendo plantadas na cidade. Toda a expansão tem a previsão de vir para a estação de tratamento da Lorenzi e é aqui que todo processo de tratamento, propriamente dito, vai acontecer até que a gente consiga liberar esse esgoto ao meio ambiente nas condições adequadas.

Como funciona uma estação de tratamento
Em Santa Maria, aquilo que sai das residências chega na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), localizada no Bairro Lorenzi e administrada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). É lá que o esgoto chega e passa por um rigoroso processo – que vai desde a filtragem inicial até a liberação do afluente final.
Assim que o efluente chega na estação, passa por uma primeira filtragem, chamada de gradeamento grosseiro. Nessa etapa, uma espécie de grade bloqueia a passagem de materiais como plástico, embalagem de remédio e cabelo. Na visita da reportagem, até um carrinho de brinquedo fazia parte do montante de coisas que vão parar no esgoto.

– Grosseiro porque ele pega coisas maiores como câmara de pneu, fio, plástico e panos. 95% das coisas param aqui (na etapa). Cada um dos canos tem uma bomba que manda o esgoto para a próxima etapa que faz a filtragem no outro gradeamento. Essa primeira filtragem ajuda a deixar o líquido livre dos resíduos sólidos que foram descartados incorretamente na rede de esgoto. Todos esses resíduos sólidos são destinados para um local devidamente licenciado, que esteja apto para receber esses materiais – explica o operador da ETE, Rodrigo Moreira Mendes, que guia a reportagem durante a visita.
Depois, o esgoto passa por uma segunda filtragem, o gradeamento automático. É a partir dele que a vazão é divida em dois tanques gigantes. São parecidos com grandes aquários. A diferença é que ao invés de peixes, uma massa de bactérias é criada. Lá, acontece o que os especialistas chamam de lodo ativado:

– Aqui o nosso processo é de lodo ativado. Nós temos uma colônia de aproximadamente 50 mil bactérias. Para elas conseguirem se alimentar da matéria orgânica que entra, precisamos manter ela (bactéria) airada. Então, precisa haver essa mistura a partir da movimentação.
Após o tratamento biológico, o líquido é submetido a um processo de decantação. O lodo formado vai para o fundo do tanque, separando-se da parte líquida, que já está livre de impurezas. Essa matéria acaba se tornando um subproduto do chamado biossólido, que pode ser usado na agricultura.

É a partir disso que o esgoto, agora tratado, é conduzido ao meio ambiente através de canaletas. Todo esse processo dura em torno de 26 a 27 horas. Conforme a Corsan, por segundo, entram cerca de 220 litros de esgoto – o que por dia representa uma capacidade de 17.280 metros cúbicos.

No laboratório
Uma parte fundamental do processo são as análises. Pelo menos uma vez ao dia, uma amostra do afluente, do líquido intermediário e do efluente são encaminhadas ao laboratório. Cada amostra é colocada em um frasco e passa pelo processo de decantação por uma hora. Após esse período, as análises são concluídas:
– Conforme os resultados, do intermediário e do efluente, sabemos se temos que colocar mais cal ou mais sulfato de alumínio. Quanto mais alto está o PH, que geralmente fica entre seis e sete, melhor o sulfato de alumínio vai trabalhar. E, conforme o sulfato de alumínio trabalhar, melhor ele captura o fósforo e outros resíduos químicos e melhor é a saída do efluente final.

Todos os parâmetros devem estar de acordo com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que é o órgão fiscalizador do Estado. A Danieli Schallemberger, que é supervisora de Meio Ambiente na ETE, explica que as coletas também são importantes para esse monitoramento:
– Tudo que está aqui dentro deve ser o que bate com a licença, que é esse documento que aponta as regras para operar o sistema. Então, o órgão ambiental faz essa fiscalização e nós, como técnicos, precisamos estar sempre monitorando.
Como o esgoto chega na estação de tratamento?
Tudo começa em cada residência santa-marienses. É a ligação do esgoto doméstico com a rede implantada na rua que permite o direcionamento dos resíduos até a Estação de Tratamento.
Em Santa Maria, cinco bairros estão com obras em andamento para implantação de uma rede de esgoto: João Goulart, Km 3, Nossa Senhora das Dores, Caturrita e Diácono João Luiz Pozzobon, o que deve beneficiar cerca de 10,9 mil pessoas. O trabalho é feito pela Companhia Riograndense de Saneamento, a Corsan. Conforme a instituição, além destes, outros bairros também entram na lista ainda este ano – como São João e Chácara das Flores. Com isso, até o final de 2025, a previsão é que 77% das residências santa-marienses tenham rede de esgoto.
Diante disso, a Corsan alerta para a importância das ligação:
– Todo o ciclo ele somente se dá a partir da adesão das pessoas com as suas ligações às redes que estão sendo implantadas nas ruas da cidade. É muito importante que isso aconteça para que o esgoto chegue da forma adequada na estação e consiga encerrar o processo.
Obras em andamento em Santa Maria
Diácono João Luiz Pozzobon
- Início da obra: Janeiro 2025
- Fase: Rede coletora implantada e ramais prediais instalados. Falta repavimentar as ruas e construir a estação de bombeamento de esgoto.
- Valor investido: R$ 1 milhão
- Rede implantada: 3,5 km
- Ligações de esgoto: 320
- Pessoas beneficiadas: 1,3 mil
Caturrita
- Início da obra: Janeiro 2025
- Fase: Rede coletora implantada e ramais prediais instalados. Falta repavimentar as ruas e construir a estação de bombeamento de esgoto.
- Valor investido: R$ 1,2 milhão
- Rede implantada: 4,1 km
- Ligações de esgoto: 644
- Pessoas beneficiadas: 2,5 mil
Nossa Senhora das Dores
- Início da obra: Fevereiro 2025
- Fase: Implantação da rede coletora de esgoto e dos ramais prediais.
- Valor investido: R$ 1,5 milhão
- Rede implantada: 4,1 km
- Ligações de esgoto: 317
- Pessoas beneficiadas: 1,3 mil
KM 3
- Início da obra: Março 2025
- Fase: Implantação da rede coletora de esgoto e dos ramais prediais.
- Valor investido: R$ 2,7 milhões
- Rede implantada: 4,8 km
- Ligações de esgoto: 435
- Pessoas beneficiadas: 1,8 mil
João Goulart
- Início da obra: Abril 2025
- Fase: Implantação da rede coletora de esgoto e dos ramais prediais.
- Valor investido: R$ 5,2 milhões
- Rede implantada: 12,3 km
- Ligações de esgoto: 1.026
- Pessoas beneficiadas: 4 mil
Como fazer a ligação
Após receber a notificação de que a rede de esgoto está funcionando, o morador tem 120 dias para fazer a ligação. Os custos para fazer a conexão de dentro do imóvel até a caixa de esgoto que fica na calçada são de responsabilidade de cada cliente. Andreia, gerente institucional da Corsan, explica que caso o cliente não faça a ligação dentro do prazo, ele passará a pagar a chamada taxa de disponibilidade, que pode chegar a 100% do valor de consumo de água.
Já quem se conecta dentro dos 120 dias após a notificação paga 70% do valor consumido de água como taxa de esgoto. A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) disciplina o pagamento da disponibilidade e é responsável pelo fundo que recebe os valores pagos por essa taxa.
Como fazer a ligação em uma rede antiga
Nesse caso, o primeiro passo é identificar a rede e também a possibilidade de conexão a essa caixa de calçada. Se ela estiver disponível, o morador deve chamar uma pessoa adequada na área que possa fazer a conexão.
— Caso surja uma situação em que ele não identifique essa caixa de calçada, o que pode acontecer, por ser mais antigo, ele deve entrar em contato conosco. A partir daí, vamos fazer uma vistoria técnica para identificar se existe ou não essa caixa de calçada lá. Às vezes a pessoa faz uma calçada e acaba deixando ela coberta, então é importante, se ele identificar que existe a caixa, ele já pode fazer a conexão e informar a Corsan. Importante que informe justamente para passar ao cadastro, o que vai trazer ele para condição normal de cobrança — explica a gerente institucional da Corsan.
Descontos
Quem conectar no primeiro mês após aviso terá um subsídio tarifário de seis meses de carência da taxa de esgoto — ou seja, meio ano sem pagar a taxa de esgoto. Já o morador que fizer no segundo mês, tem três de carência e, a partir disso, ele começa a fazer o pagamento.
Fiz a ligação, e agora?
Após realizada a ligação, o usuário deve comunicar a Corsan pelo aplicativo, pelo WhatsApp (51) 99704-6644, ou pelo 0800-646-6444 e solicitar a vistoria de ligação dentro do domicílio.
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