Um ano do selo Geoparque Unesco: a identidade e o orgulho pela Quarta Colônia pelo olhar de moradores, empreendedores e autoridades locais

Fotos: Thais Immig (Diário)

Bárbara, Sara, Érick, Guga e Marco são personagens que têm o que os outros não têm: a identidade da Quarta Colônia. Inspirados em dinossauros encontrados na região, cada um deles conta um pouco sobre a história de Agudo no livro sensorial Dino's, idealizado pela artesã Rozeli da Paixão. Ao longo das páginas, instigados por cores, texturas e sons, o leitor descobre elementos como o Rio Jacuí, a Gruta do Índio e o ipê roxo. Todos contados por quem viveu aqui há milhões de anos.


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Apesar de ser criada para ser uma ferramenta didática, o livro instiga todas as idades. A imersão na história da região é acompanhada pelos personagens. As características e o nome de Guga, por exemplo, foram inspirados no Bagualosaurus agudoensis. É ele o responsável por apresentar o Morro Agudo e bromélia.

– Não sou nascida aqui, vim pra cá depois de adulta. Me apaixonei pelo lugar e fiquei. Quando começaram a expandir a ideia dos dinossauros resolvi, com o artesanato, mostrar a nossa identidade e os nossos pontos turísticos. Foi aí que nasceu o livro sensorial. Como cada um tem uma personalidade, a ideia é que as crianças se reconheçam nele. Que elas possam ter esse sentimento de pertencimento – afirma Rozeli.

A identidade da Quarta Colônia, presente na arte de Rozeli, também se manifesta por meio da arte, do turismo, do empreendedorismo que valoriza os produtos locais ou por museus que contam a história dos nove municípios. O selo da Unesco e o certificado do Guinness Book, o Livro dos Recordes, que reconhece a região como o berço dos dinossauros mais antigos do mundo, se soma a essa lista. Pelo olhar de moradores, autoridades e empreendedores, não faltam motivos para se orgulhar.


O que representa o geoparque para a artesã

“O selo do geoparque é muito importante porque ajuda na divulgação do nosso trabalho. Temos reconhecimento e a valorização de todo o nosso território. Eu sinto que pertencer a esse lugar e, aqui, a gente reconhece o valor que tem. É a gastronomia, o turismo, os dinossauros. E o geoparque veio para valorizar ainda mais isso.”

Assim como a artesã, outras personalidades da Quarta Colônia também falaram sobre a importância do geoparque. Confira, abaixo, o que disse cada uma delas:


Matione Sonego
Atual prefeito de São João do Polêsine e presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus)

“O geoparque, para mim, representa o reconhecimento de todo o potencial que a nossa região tem, que sempre soubemos e trabalhamos em cima disso. Sempre achamos que a nossa região fosse diferenciada pela sua beleza natural, sua geografia, sua cultura e sua culinária. E o selo do geoparque vem oficializar e reconhecer tudo isso, através de um órgão internacional. Isso nos orgulha muito, nos deixa muito felizes.”


Valserina Gassen
Participou da criação do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus); atualmente, secretária executiva

“Estamos no mundo, levando o nome dos nossos municípios. Há muitos anos atrás, não usavam o termo Quarta Colônia. Com o passar do tempo, notamos que as pessoas ficaram com orgulho da sua terra, da sua cidade, do seu produto. Mudou muito. Estamos com várias famílias trabalhando para além da agricultura. Hoje, nós temos também o comércio, a indústria, os serviços e o turismo. Acho que nos recriamos novamente, com o reconhecimento de tudo que é nosso.”


Ricardo Zimmer
Secretário de Cultura e Turismo de Dona Francisca

“O geoparque é uma referência. Eu posso dizer que é um presente e, nesse primeiro ano, a gente pode dar um pontapé inicial. Então, esse reconhecimento é, na verdade, um avanço na questão turística e cultural. É uma oportunidade de ser reconhecido por aquilo que temos.”


Leonardo Kerber
Diretor do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa)

“Percebo esse pertencimento, principalmente, por parte das crianças que já crescem nesse contexto que é o geoparque Quarta Colônia. É muito comum que a gente receba crianças aqui que já sabem das coisas. Elas já têm essa ideia e sentem que fazem parte do território onde estão os dinossauros mais antigos do planeta.”


Gislaine Cristiane Raddatz
Moradora da região e idealizadora da Rota Jacuí

“O nosso geoparque é muito singular. É tudo muito ímpar. Cada lugarzinho tem sua peculiaridade e tem uma história para contar. Contamos com muito orgulho, para quem vem de fora, que fazemos parte da Quarta Colônia.”


Rosane Silveira
Moradora de Agudo e artesã

“Eu percebo que está aumentando o orgulho das pessoas, até mesmo porque o geoparque é uma referência muito forte. E, no nosso caso, tendo o selo, faz com que a gente tenha cada vez mais interesse em empreender e levar o nosso trabalho para que outras pessoas possam conhecer."

Luiz Conceição

Membro da Associação dos Remanescentes Quilombolas, de Dona Francisca

“Até o geoparque, as nossas comunidades quilombolas praticamente não existiam para o mundo, principalmente aqui no Rio Grande do Sul e menos ainda aqui na Quarta Colônia onde se falava apenas nos Italianos e alemães que colonizaram essa região. Ninguém falava nas comunidades quilombolas. Os avaliadores nos confessaram que não imaginavam que aqui tivesse comunidades quilombolas tão organizadas. Com certeza, a partir da certificação, estamos nos preparando para participar cada vez mais com o nosso patrimônio cultural, nossa cultura afro é muito rica e temos que mostrar aos nossos visitantes nossas diversidades culturais como a dança, a música, a religião e as festas, além da sua gastronomia muito diversificada.”


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