Um ano do selo Geoparque Unesco: Cappa projeta aumentar atuação na Quarta Colônia com a criação de um Museu de História Natural

Nos fragmentos do dinossauro Gnathovorax cabreirai, características como a grande mandíbula que rendeu a ele o título de maior carnívoro da sua época e muito sobre o passado da Quarta Colônia. Descoberto em São João do Polêsine, pelo paleontólogo Sérgio Furtado Cabreira, ele é apenas um dos fósseis expostos no universo do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa). O local, que recebe cada mais curiosos sobre a história dos dinossauros, representa o passado e o futuro do Geoparque Quarta Colônia.

O Gnathovorax cabreirai é um dos fósseis expostos no centroFoto: Beto Albert


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Por trás de cada fóssil exposto nas paredes ou nas redomas de vidro, está um trabalho que começa muito antes. O coordenador, Leonardo Kerber, conta que o Cappa foi criado para trabalhar em todas as esferas da paleontologia – desde a prospecção e procura por sítios fossilíferos, até a divulgação. Atualmente, três paleontólogos, um administrador e 20 alunos da graduação e pós-graduação são responsáveis por esse trabalho.

Iasmin Michelotti (foto), graduanda de Ciências Biológicas na UFSM, atua desde 2022 no CappaFoto: Beto Albert

– É uma experiência bem interessante para quem tem interesse em conhecer um pouco mais o que é a paleontologia. E sabemos que isso desperta muito a atenção das pessoas. Porque, na verdade, as nossas cidades são construídas sob as rochas que guardam essas informações sobre o passado. No caso da região central, temos fósseis que são muito valiosos em contexto mundial.

Além da procura, da preparação e do estudo, a preocupação do centro é compartilhar os resultados que tem chegado a outros cantos do mundo. Os últimos achados são prova disso. A descoberta do fóssil de um antecessor dos dinossauros, em Paraíso do Sul, foi destaque em sites e jornais como The New York Times (EUA), The Gazette (EUA), Independent (Inglaterra), CBC (Canadá), Indian Express (Índia), e agência internacional Reuters.

Para Kerber, a divulgação internacional, reconhece a pesquisa do Cappa e também serve de vitrine para o geoparque:

– Toda vez que sai um artigo novo, tentamos compartilhar os principais resultados com a mídia e o público geral. Assim, qualquer pessoa consegue ler e entender um texto técnico. Como os fósseis encontrados aqui tem uma importância muito grande, acaba tendo uma visibilidade muito grande. Então, qualquer espécie nova, chama a atenção. Foi um longo processo até a certificação e a paleontologia está diretamente ligada com o geoparque. Acaba servindo de vitrine para algo muito maior

Leonardo é o atual coordenador do CappaFoto: Beto Albert


No rastro dos dinossauros

No rastro dos dinossauros, estão pessoas de Goiás, do Acre, do Amazonas, de São Paulo e dos mais diferentes cantos do Rio Grande do Sul. Um caderno com a lista de presenças não deixa mentir. Anualmente, são cerca de 5,5 mil visitantes de quase todos os Estados brasileiros e outros 25 países do mundo.


Público do Cappa 

  • Visitantes por ano: 5,5 mil 
  • Estados: Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Tocantins, Amazonas, Rondônia, Pará, Pernambuco, Ceará, Piauí, Bahia, Maranhão, Alagoas, Distrito Federal, mato grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
  • Países: Austrália, Irlanda, Colômbia, Suíça, China, Espanha, França, Reino Unido, Ucrânia, Polônia, Itália, Tunísia, Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Uruguai, Paraguai, Argentina, Venezuela, República Tcheca
Já são mais de 20 países na lista de visitantesFoto: Divulgação (Cappa/UFSM)

Além dos turistas, outra presença frequente são as escolas. Na terça-feira (5), foi a vez dos alunos da Escola Dom Antônio Reis, de Faxinal do Soturno, conhecerem o espaço. Nas explicações, olhos atentos e perguntas curiosas sobre cada fóssil exposto. Em outros momentos da visita, o aceno com a cabeça para mostrar que aquele assunto já não era novidade para eles.

Para o coordenador, o diferencial do Cappa também está no trabalho do dia a dia que, durante as visitas, pode ser acompanhado de perto:

Nós não somos um museu. Temos uma amostra, dentro de um centro de pesquisa. Então, quando o visitante está aqui, ele está visitando onde a ciência é construída todos os dias. Tem dezenas de cientistas que trabalham aqui todos os dias tentando desvendar como era o passado do Rio Grande do Sul. E é uma das partes que as pessoas mais gostam porque muita gente não tem ideia de como funciona.


O projeto do Museu de História Natural

A ideia de um Museu de História Natural nasceu junto com o Cappa, criado em 2003. Com o selo da Unesco, o sonho está mais perto de se tornar realidade. Pensado para ser um espaço de amostra e experiências interativas, o projeto ampliaria a exposição, atualmente limitado ao espaço do Cappa, e movimentaria a economia local, conforme explica o coordenador do Cappa, Leonardo Kerber:

– Por mais que a gente goste de receber as pessoas aqui, queremos um espaço maior. Então, existe a ideia de criar um museu e, nos últimos anos, tem ganhado mais apoiadores. É uma forma de fazer a relação entre a paleontologia e a economia da região porque a pessoa que vem visitar o centro é um turista. E a grande mágica, disso tudo, é que todo mundo gosta de ver fósseis.

A secretária executiva do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), Valserina Gassen, afirma que o valor de R$ 3,5 milhões já está na emenda do orçamento estadual, com previsão para ser liberado no próximo ano. No momento, a equipe do Condesus, responsável pelo projeto, trabalha para finalizar o envio da documentação necessária.

– Vamos, por meio do consórcio, consolidar as demais obras previstas no nosso projeto inicial. Acreditamos que em um ano ou um ano e meio, após receber o recurso, possamos ter a obra pronta. A partir disso, ou em paralelo a isso, teremos que trabalhar a parte da museografia. Claro que, adequado aos tempos atuais – afirma Valserina.


Evento para as crianças acontece neste sábado

Com o objetivo de unir ciência, diversão e conhecimento, o Cappa recebe mais uma edição do Paleodia. A edição deste ano será realizada neste sábado (9), a partir das 15 horas. O objetivo é trazer aspectos da paleontologia de forma lúdica para as crianças. Para isso, estão sendo preparadas diversas atividades como caça aos fósseis, pinturas e brinquedos infláveis.

O evento é organizado pelo Cappa em parceria com o Condesus e a UFSM. A entrada é gratuita e não exige inscrição.

Na sexta-feira, o Cappa já se preparava para receber os visitantesFoto: Divulgação (Cappa/UFSM)

 

Confira as atividades previstas:

  • Caça ao fóssil (simulação de escavação paleontológica)
  • Brincadeira “Dinos no gelo”
  • Oficina de pintura de replicas e atividades lúdicas
  • Divulgação científica de laboratórios do PPGBA/UFSM
  • Observação de aves
  • Pintura facial
  • Comercialização de produtos de parceiros do Geoparque Quarta Colônia


Paleodia 2024

  • Data: Sábado, dia 09/11
  • Horário: a partir das 15h 
  • Local: Cappa - São João do Polêsine/RS
  • Valores e inscrição: a entrada será gratuita e não exige inscrição


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