
Fotos: Beto Albert (Diário)
Agora, a ida na academia todas as terças-feiras faz parte da rotina de Carmelina.
Nunca é tarde para começar algo novo, seja qual for o motivo e não importa a idade. Aos 101 anos, dona Carmelina começou a fazer musculação para melhorar a qualidade de vida e, desde então, segue à risca os treinos semanais. Mãe de seis filhos, avó de 13 netos e com 10 bisnetos, ela vive em Faxinal do Soturno, na Quarta Colônia, e surpreendeu a todos pelo gosto e hábito pela atividade.
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Todas as terças-feiras, por cerca de 40 minutos e com orientação da fisioterapeuta, ela faz exercícios para membros inferiores e superiores, com três séries de 10 até 12 repetições cada um. Além da melhora na respiração e mobilidade, é visível a mudança no astral e também na autoestima de Carmelina, conforme conta a filha mais velha, Alice Anita Vizzotto, de 77 anos.
— Ela sempre gostou de fazer atividade física, participava dos grupos da terceira idade, fazia hidroginástica, cantava. Mas isso (os treinos na academia) nos pegou de surpresa, ela gostou muito e sempre pede para voltar. Ela adora sair de casa, ver pessoas diferentes. Não tem como não trazer ela, né? — conta a professora aposentada.
Natural de Val Veronês, interior de Faxinal do Soturno, Carmelina Dallasta Vizzotto mudou-se para a cidade quando se casou com Santo Vizzotto, falecido em 2001, aos 84 anos. Atualmente, vive uma rotina marcada pela presença dos filhos, outros familiares e amigos, e, além da academia, tem o costume de ir à missa toda quarta-feira. Para Alice, a vitalidade da mãe é um exemplo para todos da família.

Como tudo começou

Quem sugeriu os treinos de musculação para Carmelina foi a fisioterapeuta Amanda Chelotti, 25 anos. No primeiro momento, em julho de 2024, a profissional iniciou o acompanhamento para auxiliar no tratamento de uma pneumonia, por meio de técnicas de higiene brônquica, para remover o excesso de muco e impurezas dos pulmões, e expansão pulmonar, para melhorar a função respiratória. Com o fim das sessões, o próximo passo era tirar Carmelina do sedentarismo.
Os atendimentos começaram em casa, conta Amanda, até que, recentemente, surgiu a ideia de levar a centenária até a academia.
— Ela gosta muito de sair, passear, então pensei nisso para tirar ela da rotina, que acaba sendo bem parecida todos os dias. Começamos a colocar elas nos aparelhos e ela adorou — relembra.

Agora, a idosa se movimenta duas vezes na semana, sendo um treino na academia e o outro em casa. Independentemente do lugar, os exercícios são adaptados para as limitações de Carmelina, na intenção de tornar a idosa mais funcional e com autonomia. Embora dependa da cadeira de rodas, ela ainda consegue caminhar.
Em casa, a dinâmica dos treinos é a mesma, o que muda são os exercícios. Sem os aparelhos, Carmelina faz agachamentos com apoio, exercícios para panturrilha, treino de marcha (conjunto de atividades que visa melhorar a capacidade de caminhar), entre outros. Porém, os treinos na academia têm sua preferência:
— Gosto de fazer exercício com aparelho e não vou parar — diz a idosa, que não é de muitos palavas.
E apesar da idade, a centenária surpreende pelo comprometimento:
— Ela tem uma tolerância muito boa, geralmente, vai fazendo mais repetições do que o necessário, nem se preocupa muito com isso, se deixar ela faz até 20. Ela adora se mexer, para ela isso é uma coisa muito prazerosa, então a gente faz questão de manter ela o mais ativa possível.

Para envelhecer com saúde, é preciso movimentar o corpo

A fisioterapeuta reforça a importância do exercício físico para a saúde, especialmente com o avanço da idade. Com o passar do tempo, a perda de massa muscular fica ainda mais acentuada, por isso é tão importante se movimentar com frequência. A academia é a opção mais comum para casos em que o foco é o ganho muscular, mas essa não é a única opção, segundo Amanda:
— Orientamos os pacientes que façam alguma atividade física regular sempre que possível, e é importante que essa atividade seja prazerosa. Não forçamos ninguém a fazer uma atividade isolada, tem que ser algo compatível para a pessoa. Isso é importante para a rotina deles, e acaba facilitando também para quem cuida, já que as atividades da rotina como ir ao banheiro ficam mais fáceis — reforça a fisioterapeuta.
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