Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A problemática que envolve os catadores e carroceiros e as atividades desempenhadas por eles em Santa Maria já entrou em discussão em diversas oportunidades. Ao longo de 2017, o assunto ilustrou uma série de reportagens no Diário e, desde então, emergiram iniciativas do Legislativo e do Executivo, incluindo uma comissão especial para tratar de carroceiros e veículos de tração animal, bem como do Grupo de Trabalho (GT) da prefeitura. A maioria das ações propostas, bem como o cadastramento de trabalhadores e animais, não avançou.
No mesmo ano, um estudo do Instituto Assistencial de Bem-Estar Animal (Iabea) indicou que a cidade tem cerca de 3 mil carroças e 2 mil equinos. Uma das frentes debatidas é a questão da informalidade da atividade (trabalho é informal e sem amparo legal) e os problemas na mobilidade urbana (carroças dividem espaço com carros, expondo os carroceiros e motoristas a riscos), saúde pública e maus-tratos aos animais de tração. Pensando em tudo isso, o formando do curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) de Santa Maria, João Luis Kuhn, 48 anos, desenvolveu o Projeto Catador, que propõe a inclusão social e a proteção ambiental através da inserção de políticas públicas na cidade.
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Ao longo de um ano, o acadêmico pesquisou, testou, desenvolveu e materializou a ideia de um meio de transporte que pode vir a substituir os transportes de tração animal e humana (carroças e carrinhos). O projeto foi apresentado último dia 5 como trabalho de conclusão do curso e, nos próximos dias, será entregue ao Executivo e ao Legislativo como uma sugestão de projeto de lei para regularizar a atividade.
- Para além de apresentar a problemática, eu quis propor uma solução. Mas aí, pensei em mostrar que era possível aplicar essa ideia, que sugere uma política pública para essa classe tão desassistida. O conjunto é composto por uma bicicleta, um carrinho-coletor e 12 peças de equipamento de proteção e segurança. Todas as normas foram levadas em conta. A ideia é tentar dar dignidade para essas pessoas, que enfrentam, muitas vezes um olhar de desprezo da sociedade - explicou Kuhn.
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O protótipo desenvolvido custou cerca de R$ 3 mil, valor custeado, em parte, com o apoio de três empresas da cidade. O projeto, no entanto, pode ser bancado pelo poder público, através de parcerias público-privadas, e também pode ser apoiado pela iniciativa privada. Atualmente, o modelo está exposto no hall de entrada do prédio principal da Ulbra, que fica na BR-287, na saída para São Pedro do Sul.
- O poder público, ou quem for apoiar, tem que encarar como um investimento, não como uma despesa, pois o projeto atende várias demandas, entre elas a questão social. Formulei um projeto de lei que vou entregar na prefeitura e na Câmara de Vereadores para que possam avaliar e ver a viabilidade de implantação. Uma das ideias é cadastrar os catadores e, a partir daí, se trabalhar conforme a lei regulamenta - apontou o idealizador.