
Foto: Bibiana Pinheiro (Diário)
A Polícia Civil de Teutônia retornou a Santa Maria nesta quinta-feira (24) e coletou mais 13 depoimentos para concluir a investigação sobre as causas do acidente com o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que deixou sete mortos e 26 feridos no Vale do Taquari, no dia 4 de abril. A sede da 1ª Delegacia de Polícia, no Centro, foi mais uma vez o palco das oitivas, que iniciaram pela manhã.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Segundo o delegado José Romaci Reis, responsável pela investigação, foram ouvidos sobreviventes, motoristas e mecânico de empresa terceirizada da UFSM:
– Todo mundo disse mais ou menos aquilo que a gente já sabia. Algumas vítimas reafirmaram que o ônibus estava em precárias condições, outras falaram que, efetivamente, não havia cinto para todo mundo.
A UFSM não possui serviço próprio de mecânica, que também é fornecido por empresa terceirizada. Um dos profissionais responsáveis pela revisão do veículo prestou depoimento e, segundo Reis, contou sobre a última vez que havia feito esse procedimento no ônibus:
– Ele (o mecânico) disse que fez uma revisão neste ônibus em 2023. De lá para cá, não fez mais revisão, somente consertos pontuais.
Dos três motoristas chamados para depor, dois não haviam comparecido pela manhã. O delegado conta que foram expedidos dois mandatos para que a dupla comparecesse ao local:
– Conseguimos entregar o mandato para um deles. O outro não foi localizado. Vamos verificar ainda se é necessário coletar o depoimento dele.
Sobre os demais responsáveis por conduzir o veículo, o delegado questionou os profissionais sobre o preenchimento do checklist das viagens:
– Eles afirmaram que alguns preencheram o checklist, enquanto outros não... que em viagem curta não seria necessário preencher. Mas a ordem é para que todos preencham, em todas as viagens.
Histórico do veículo
Um dos ouvidos nesta quinta foi um representante de uma empresa com sede em Santa Maria, que já fez serviços de manutenção em 2023 no ônibus envolvido no acidente. Marcos Duara explicou que foram apresentados esclarecimentos e notas fiscais, bem como vídeos, para colaborar com a investigação:
– A empresa já fez manutenção em outros ônibus, mas neste caso, apresentamos documentações referente ao ônibus envolvido no acidente. Prestamos esclarecimentos pertinentes e apresentamos notas fiscais e vídeos.
Próximos passos
Além dos depoimentos, a polícia analisa documentos referentes a contratos das empresas firmados com a universidade. Segundo ele, são mais de 300 páginas de documentação para investigação. A perícia técnica do local já foi concluída, como afirma Reis. Já a perícia técnica no ônibus está em fase final de conclusão.
– Vamos ouvir outras pessoas, tem esse motorista que ficou pendente e talvez algum ou outro profissional. Também aguardamos o laudo pericial do ônibus. A perícia está sendo bem minuciosa – conta Reis.
Em 9 de abril, o delegado e sua equipe estiveram em Santa Maria e ouviram 17 pessoas, entre o motorista que dirigia o ônibus no momento do acidente, sobreviventes e profissionais da universidade. Na ocasião, em alguns depoimentos, testemunhas relataram que nem todos os passageiros utilizavam o cinto de segurança e que em alguns assentos o equipamento não existia.
O acidente
O ônibus com estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) caiu em uma ribanceira perto do trevo de acesso ao município de Imigrante, na região do Vale do Taquari, na tarde de sexta-feira (4), e deixou sete mortos e 26 feridos. A UFSM divulgou em 5 de abril a lista das vítimas fatais. Todas elas eram calouras do curso de Paisagismo do Colégio Politécnico da instituição.
No total, 33 pessoas – estudantes, professoras e o motorista – estavam em uma excursão que faria visita técnica ao Cactário Horst (espaço dedicado ao cultivo de cactos e suculentas), em Imigrante, quando o acidente aconteceu. Uma das teorias da causa do acidente seria falha nos freios. O ônibus pertencia à UFSM, mas o motorista era terceirizado.
As despedidas das vítimas fatais Dilvani Hoch, Fátima Eliane Riquel Copatti, Flavia Marcuzzo Dotto, Janaina Finkler, Marisete Maurer, Paulo Victor Estefanói Antunes e Elizeth Fauth Vargas foram realizadas em Santa Maria, São Pedro do Sul, Vale Vêneto (distrito de São João do Polêsine), Estância Velha, Passo Fundo e São Martinho da Serra.
Leia mais:
- Aposentado não é obrigado a contribuir com nenhum sindicato ou associação, alerta advogado
- Servidores da Justiça Estadual protestam contra criação de mais de 800 cargos em comissão
- Saiba quais são as 11 entidades investigadas por fraude em benefícios do INSS