
Foto: Polícia Federal (Divulgação)
Associação Cannábica Ascamed foi alvo de operação da Polícia Federal na semana passada, por suspeita de cultivo irregular de maconha. Mudas foram incineradas em Caçapava do Sul
A Associação Cannábica Ascamed organiza uma manifestação no próximo domingo (23), em Santa Maria, para protestar contra a destruição da produção de óleos medicinais durante operação da Polícia Federal, na semana passada. O ato está marcado para as 16h20min, no Parque Itaimbé.
Segundo a associação, o manifesto, batizado de “Ato por Justiça para a Ascamed: Saúde Não Se Apreende!”, buscará denunciar a recente operação policial que resultou na apreensão de óleos medicinais e destruição da produção da Ascamed, que impactou no tratamento de mais de 900 pacientes no país. A instituição defende que a plantação de maconha, erva da qual o óleo à base de cannabis é obtido, estava em análise na Justiça e obteve parecer favorável do Ministério Público Federal (MPF).
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A manifestação deverá reunir pacientes, familiares, profissionais da saúde, ativistas e lideranças locais para discutir a importância da regulamentação do cultivo associativo da cannabis medicinal e exigir justiça para aqueles que tiveram seu tratamento interrompido.

Os prejuízos à produção de cannabis em Santa Maria foram levados nesta quinta-feira (20) pelo presidente da Ascamed, Matheus Almeida Hampel, à reunião da Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização do Estado, da Assembleia Legislativa.
– Nós não fazemos nada por lucro, por benefício próprio. Tudo que fazemos, cada frasco de óleo, cada atendimento, cada pesquisa, é para e pelos associados – defendeu.
Sobre a operação policial, Hampel disse que se tratou de uma injustiça, que tratou a associação de saúde como uma “organização criminosa”.
Em 14 de março, a Polícia Federal desencadeou a operação Desvio Verde, que investiga irregularidades no cultivo de cannabis e na produção de medicamentos derivados sem autorização sanitária. Na ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em uma propriedade rural de Caçapava do Sul e na sede da associação, em Santa Maria. Durante a ação, foram incinerados 422 pés e 480 mudas de cannabis, além de insumos utilizados na produção, que não possuiriam autorização para cultivo, de acordo com a PF.
Preservação
Conforme a diretora Social da Ascamed, Júlia Silverter, os medicamentos apreendidos pela Polícia Federal seguem indisponíveis. Mas houve autorização para a manutenção de algumas plantas em Santa Maria.
– Com a colaboração da Polícia Federal, estamos regando diariamente nossas plantas na tentativa de fazer com que se mantenham vivas até recuperarmos – informa.
Júlia diz que, para atender os pacientes que utilizam cannabis, a associação obteve ajuda de outros produtores do óleo medicinal no país, que estão fornecendo o medicamento até que a Ascamed possa obter autorização para retomar a produção.