"Essas mulheres precisam ser apoiadas de todas as formas para conseguirem sair desse ciclo", diz juiz sobre medidas para frear as estatísticas sobre a violência doméstica

*Colaborou Vitória Parise

Foto: Nathália Schneider (Diário/Arquivo)

O Rio Grande do Sul registrou uma triste e alarmante estatística com o assassinato de seis mulheres na última Sexta-Feira Santa. Nenhuma delas tinha medida protetiva contra os suspeitos, que ex ou atuais companheiros. Segundo o juiz titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar (JVD) da Comarca de Santa Maria, Rafael Pagnon Cunha, a medida é um passo importante na busca de proteger mulheres vítimas de agressões. O magistrado concedeu entrevista ao vivo ao programa Bom Dia, Cidade!, da CDN, na manhã desta segunda-feira (21).  

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O quadro de seis mulheres mortas em apenas um dia é grave, avalia o magistrado. Além disso, é possível perceber que há um padrão na violência, que, normalmente, acontece dentro de casa, com parceiros como agressores

– Estamos nos sentindo impactados com isso. É um quadro grave e lamentável. A violência doméstica e o feminicídio, que é o último quadro dessa violência, acontecem dentro de casa. Ele acontece longe dos olhos dos outros. É um padrão que verificamos no dia a dia – acrescenta o juiz. 

Também, conforme Cunha, a medida protetiva não é solicitada: 

– Podemos constatar que essas mulheres mortas não tinham medidas protetivas ativas. É um padrão que se verifica não apenas no Rio Grande do Sul. Em imensa maioria, as mulheres vítimas de feminicídio não têm medidas protetivas. 

Como funciona

Quanto aos números, o juiz aponta que, diariamente, há mais de 10 medidas deferidas em Santa Maria. Além disso, reforça que o processo acontece no mesmo dia e aponta a necessidade de mudar a cultura para que mais mulheres denunciem a prática de violência contra elas. 

– Os números são impressionantes e não param, continuam aumentando.No mesmo dia, as medidas protetivas são deferidas. E esse número de pedidos de medidas protetivas é cada vez maior. Precisamos mudar a cultura. Entrar na mente das pessoas para que as pessoas denunciem. Essas mulheres precisam ser apoiadas de todas as formas para conseguirem sair desse ciclo de violência. Precisamos enfrentar isso de todas as formas. Com educação dentro de casa, na escola, pelo Estado, e por repressão também. Precisamos dar limites para esses homens. As barras da cadeia serão limites para muitos deles – afirmou Cunha. 

O papel do olhar de outras pessoas, como amigos, familiares e conhecidos, é fundamental para tirar a mulher do ciclo de violência, comenta o magistrado. 

– Temos uma quantidade significativa de chamadas de medidas protetivas, que iniciam a partir de vizinhos, familiares, algo que não acontecia antigamente. É um apelo que fazemos: metam a colher. Não existe mais o ditado que, em "briga de marido e mulher, não se mete a colher". Muitas vezes, essa mulher está fragilizada, então em muitas vezes não conseguem pedir ajuda. As famílias ficam inteiramente afetadas por violências como essas. A vida das mulheres é ceifada, assim como a dos filhos, que vivenciam, muitas vezes, as violências, e de outros familiares – afirma o juiz.  

Onde buscar ajuda

Em Santa Maria, o Centro de Referência da Mulher (CRM), bem como a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) são alguns dos serviços disponíveis para quem precisa de ajuda. Confira mais informações de apoio às mulheres aqui.

​Denuncie

  • Brigada Militar – 190
  • Central de Atendimento da Mulher – 180
  • Espaço Bem-me-quer – (55) 3845-2626 (Ramais 6557 ou 6547);
  • Delegacia da Mulher – (55) 3174-2252
  • Delegacia de Polícia Civil – (55) 3222-2858

Seis vítimas em 24 horas

Feliz, Vale do Caí

Raíssa Muller, 21 anos, e o atual namorado foram mortos a facadas. O autor do crime é o ex-companheiro de Raíssa. O suspeito invadiu a casa após ver fotos do casal nas redes sociais. Ele foi preso em flagrante.

São Gabriel, Região Central

Uma mulher de 47 anos foi morta a facadas e degolada na frente da filha de 6 anos. O ex-companheiro foi encontrado com a arma do crime e também acabou preso.

Viamão. Região Metropolitana

Patrícia Viviane de Azevedo, 50 anos, foi baleada. O principal suspeito é o ex-companheiro

Parobé, Vale do Paranhana

Caroline Machado Dorneles, 25 anos, foi assassinada a facadas durante a madrugada 

Santa Cruz do Sul, Vale do Rio Pardo

Simone Andrea Meinhardt, 48 anos, foi morta com golpes de facão na cabeça dentro da própria residência. O companheiro, de 49 anos, foi encontrado ferido com cortes no pescoço e nos punhos e foi levado ao hospital

Bento Gonçalves, Região da Serra

Jane Cristina Montiel Gobatto, 54 anos, foi morta com facadas no pescoço em sua casa. O companheiro, 64 anos, foi preso no local e teve a arma apreendida

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