Operação Desarme: Atletas de tiro esportivo criticam vinculação da prática com fraudes em registros de CAC

A Operação Desarme, que investiga suposta vinculação de atiradores e colecionadores de armas com facções criminosas, acabou provocando mal-estar entre os praticantes de tiro esportivo do Rio Grande do Sul. Os atletas gaúchos criticam a vinculação da prática esportiva e legalizada com a criminalidade.

 
Para a Federação Gaúcha de Tiro Prático (FGTP), é necessário valorizar o esporte, que segue regras rígidas e é praticado no mundo todo, presente inclusive em olimpíadas. Para o presidente da FGTP, o atleta Diogo Santos, os praticantes dessa modalidade acabam prejudicados por notícias na imprensa como a da Operação Desarme.


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Na terça-feira (17), a investigação, conduzida pelo Ministério Público Militar da União (MPM), em parceria com o Ministério Público Estadual, cumpriu mandados de busca e apreensão em mais de 30 municípios gaúchos, incluindo Santa Maria, Rosário do Sul, Jaguari e Júlio de Castilhos. O objetivo foi buscar provas de que pessoas com registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) estariam fornecendo armas a criminosos. A operação também teria revelado que pessoas com condenações judiciais teriam obtido o registro, o que é ilegal.

 
Segundo Santos, o foco da operação deveria ser identificar, dentro do poder público, quem fornece o registro de atirador e colecionador de forma fraudulenta a pessoas condenadas judicialmente. Ele pondera não ser contrário à investigação, mas que seja mais abrangente.

- Precisamos voltar no tempo e identificar quem forneceu o registro de CAC a essas pessoas. Quem autorizou? - questiona Santos.

 
A Federação Gaúcha de Tiro Prático tem sede em Porto Alegre e cerca de 2 mil sócios no Estado. Muitos moradores de Santa Maria e região. Em Itaara fica a Sociedade Concórdia Caça e Pesca (Socepe), entidade de referência no esporte de tiro esportivo no país.


Nota de repúdio

Nesta quarta-feira (18), a FGTP divulgou uma nota de repúdio contra a reportagem do Diário sobre as investigações da Operação Desarme. Para a entidade, notícias assim desabonam a atividade esportiva.

 
- Para quem é leigo, fica parecendo que todo mundo que é colecionador e atirador esportivo é criminoso, e isso não é verdade - reclama.

 
"A Federação Gaúcha de Tiro Prático (FGTP) manifesta sua indignação com a abordagem tendenciosa da matéria publicada pelo Diário de Santa Maria, que generaliza o envolvimento de atiradores esportivos em supostas irregularidades apuradas na Operação Desarme. Ao negligenciar as nuances do caso e atacar genericamente uma classe de atletas comprometidos, a reportagem distorce os fatos e compromete a percepção pública sobre um esporte que é motivo de orgulho nacional", diz trecho da nota.

 
Diogo Santos diz que o atual governo federal evidencia essa relação, ao apontar que muitos dos crimes que acontecem no Brasil são culpa dos atiradores esportivos e colecionadores de armas. O presidente da entidade gaúcha acrescenta que a Federação Brasileira de Tiro Prático trata com o governo federal o fornecimento de um registro específico de armas para atletas, desvinculando o registro atual de CAC.

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