Paraguaios são denunciados à Justiça por fabricar cigarros ilegais em cidade da Quarta Colônia

Paraguaios são denunciados à Justiça por fabricar cigarros ilegais em cidade da Quarta Colônia

Foto: Rafael Menezes (BD - 22/01/2025)

Sete cidadãos paraguaios, que haviam sido libertados pela Justiça em 20 de março de 2025 com o uso de tornozeleiras eletrônicas, foram denunciados pelo Ministério Público por envolvimento em organização criminosa e crimes contra as relações de consumo, relacionados à produção ilegal de cigarros.


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Prisão em fábrica clandestina

Em 22 de janeiro de 2025, uma operação da Polícia Civil desmantelou uma fábrica clandestina de cigarros na localidade de Porto Alves, interior de Agudo, na Quarta Colônia. No local, foram apreendidos maquinários, embalagens, insumos e caixas de produtos prontos para revenda. Sete paraguaios e dois brasileiros, com idades entre 23 e 31 anos, que trabalhavam na fabricação dos cigarros, foram presos na ocasião.

A fábrica clandestina tinha capacidade para produzir até 3,5 milhões de cigarros por dia, gerando um faturamento diário de cerca de R$ 300 mil. As investigações apontaram que os produtos eram comercializados em outras cidades sem o devido recolhimento de impostos, simulando serem de fabricação paraguaia.


Relatos de condições degradantes

Durante a operação, os trabalhadores paraguaios relataram que foram enganados com promessas de emprego em uma ervateira. Ao chegarem ao Brasil, tiveram seus documentos e celulares confiscados e foram levados para a fábrica clandestina, onde enfrentaram jornadas de trabalho de até 12 horas diárias em condições precárias. Um dos trabalhadores descreveu a situação como “um inferno”.

Foto: Rafael Menezes (BD, 22/01/2025)

Liberação e denúncia

Após quase dois meses de detenção, a Justiça determinou, em 20 de março de 2025, a libertação dos sete paraguaios e de um brasileiro, sob a condição de uso de tornozeleiras eletrônicas.

A denúncia do Ministério Público foi confirmada nesta terça-feira, 20 de maio, pelo advogado Ariel Cardoso, que representa os cidadãos paraguaios. Eles foram denunciados por envolvimento em organização criminosa e crimes contra as relações de consumo, relacionados à fabricação e comercialização de cigarros ilegais.

Em contato com a defesa, Cardoso afirmou que a denúncia contra os sete paraguaios trata-se de um equívoco. Segundo ele, os estrangeiros vêm sendo tratados como criminosos quando, na verdade, foram atraídos ao Brasil com a promessa de trabalho em uma ervateira. Ao chegarem, tiveram seus celulares confiscados e passaram a ser vigiados por homens armados. Para o advogado, os paraguaios são vítimas, e a defesa buscará a absolvição de todos. Ele ainda ressaltou que, diante do estigma social e de falhas no processo, os estrangeiros sequer tiveram oportunidade de dar suas versões — o que só foi possível graças à imprensa, que permitiu que eles relatassem o “inferno” que viviam.


Outros denunciados

Além dos sete paraguaios e do casal preso na fábrica clandestina, outras cinco pessoas também foram denunciadas pelo Ministério Público. Conforme as investigações, elas fariam parte da facção criminosa responsável pela estruturação e operação da fábrica, sendo apontadas como integrantes da cúpula logística e financeira do esquema.

Outros brasileiros presos na operação também respondem por porte ilegal de armas. A suspeita é de que atuavam como segurança do local e tinham ligação direta com a facção criminosa, reforçando o caráter organizado e estruturado da atividade ilícita.

O caso segue em tramitação na Justiça. Os denunciados aguardam o andamento do processo em liberdade monitorada.


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