Quem passa pelo trecho da BR-392 próximo a ponte sobre o Arroio Passo das Tropas, que deixou quatro vítimas fatais em acidente, já encontra certa normalidade. De perto, é possível observar partes de lataria dos carros, estilhaços de vidro e peças de roupas cortadas. As mortes no trânsito, ocorridas na sexta-feira (13), causaram comoção e também reforçaram os alertas. Moradores e pedestres, que frequentam o trecho com frequência, relatam a insegurança e a dificuldade na travessia.
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O agente de saúde Anderson Santos Gomes, 38, mora há cinco anos no Passo das Tropas, distrito de Pains – bem próximo ao local do acidente. Para ele, o principal problema da rodovia é o excesso de velocidade. São fatos como o da última sexta-feira que reforçam, para Anderson e os vizinhos, a necessidade de fiscalização eletrônica:
– A partir do momento que tiraram os pardais (fiscalização eletrônica), os carros vem com muita velocidade, não tem um limite. E, com isso, fica fácil perder o controle do veículo. Quanto a entrada, precisaria de um recuo para o carro manobrar e ter um melhor acesso para a Vila Ipiranga. E aqui tem muito ônibus e movimento de crianças indo e vindo da escola então, é perigoso fazer esse trajeto. – afirma o agente de saúde.
Outro problema, para os moradores, está nas condições para a travessia de pedestres. No trecho da BR-392, de pista simples, a rodovia é bem sinalizada mas falta faixa de pedestres e iluminação à noite – período em que acontecem a maior parte dos acidentes de trânsito. Jessica Soares, 32 anos, que comenta viver entre "idas e vindas" de ônibus, enfrenta dificuldades na beira de rodovia. Para ela, apesar do acostamento em ambos os lados, atravessar até o outro lado não é uma tarefa simples:
– É um lugar bem perigoso, principalmente quando tu está a pé, porque os carros não respeitam. Precisa cuidar bem, se não, pode acontecer alguma coisa.
De acordo com Jussie Pettine Santos, da 9ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os comandos de fiscalização, conhecidas como blitz, são feitas com base em dados sobre locais com maior acidentes e os respectivos horários. Com a retirada de pardais em locais como o trecho da BR-392, segundo ele, há um aumento de velocidade com a ausência de um aparelho fixo para controle:
– Trabalhamos para estar mais presentes e ostensivos nesses locais para fazer com que os condutores reduzam a velocidade. Mas, de qualquer forma, as lombadas fazem falta no momento em que não é possível que a PRF permaneça no local. Por mais que se faça essas atividades (blitz), o motorista acaba não respeitando nos demais horários pela falta do equipamento fixo – explica.
Quanto a retomada da fiscalização eletrônica, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informa que “já está em vigor um contrato para instalação de novos controladores de velocidade em todas as rodovias federais do Rio Grande do Sul sob administração do Departamento. Nesses contratos estão incluídos os da BR-392/RS. Contudo, até que os equipamentos sejam instalados e aferidos pelo Inmetro para que entrem em operação, a autarquia vai reforçar a sinalização em locais que tenham travessias de pedestres da rodovia. O Departamento ressalta que dentro do contrato de restauração e manutenção da rodovia está contemplada a revitalização da sinalização. Sendo assim, quando necessário, os pontos com travessia de pedestres serão reforçados”.
Relembre o caso
O acidente aconteceu por volta das 22h15min, de sexta-feira (13), na ponte sobre o Arroio Passo das Tropas. Quatro pessoas morreram na colisão entre três veículos: um Ford KA e um VW Gol, ambos de Santa Maria, e um Toyota Yaris, de Formigueiro. Entre elas, a candidata a vereadora pelo Partido Social Democracia Brasileira (PSDB) nas eleições deste ano Fabiana Davila Rocha, de 35 anos. Além dela, outras três pessoas perderam a vida. A irmã de Fabiana, Bruna Rocha da Silva, 30; o motorista do Toyota, Rodrigo Carlos Forcin, 43; e o motorista do Ford Ka, Fábio Correa, 32. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) investiga o acidente.
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