
Fotos Rafael Menezes
Na manhã desta quarta-feira (22), uma operação policial em Agudo, região central do Estado, resultou na prisão de um grupo de paraguaios que estavam trabalhando em uma fábrica clandestina de cigarros. Entre eles, um jovem compartilhou seu relato angustiante sobre como chegou até ali, revelando as armadilhas que muitos imigrantes enfrentam em busca de uma vida melhor.
- Polícia Civil deflagra operação em fábrica clandestina que produzia mais de 3 milhões de cigarros por dia na Região Central
- Morre aos 82 anos o advogado e contador Adi Henrique Gausmann; sepultamento será nesta quarta em São Pedro do Sul
Em uma conversa franca, o jovem explicou que ele e seus companheiros chegaram ao Brasil há apenas uma semana, vindos da cidade do Leste, no Paraguai.
– Era por internet que ficamos sabendo da vaga de emprego. Pensávamos que iríamos trabalhar em uma ervateira, colher erva – disse ele, ainda em choque com a realidade que encontraram.
A viagem começou com a compra das passagens, que foram enviadas a eles por uma pessoa desconhecida por meio de um QR code.

– Não sabemos em que cidade chegamos. A pessoa que nos buscou na rodoviária também era estranha. Colocou a gente em um carro com vidro escuro, não víamos nada – relatou.
Ao chegarem ao local de trabalho, perceberam que a situação era muito diferente do que haviam imaginado.
– Tiraram todos os nossos documentos e celulares na rodoviária. Assim que chegamos aqui, vimos que não era para colher erva, mas para trabalhar em uma fábrica de cigarros – contou, visivelmente angustiado.
As condições de trabalho e de vida eram precárias.
– Era um inferno. Assim que chegamos, tivemos que limpar tudo, porque estava muito sujo – afirmou o jovem.
Ele e seus colegas trabalhavam em média 12 horas por dia, começando às seis da manhã e indo até as 18. Porém, muitas vezes, a jornada se estendia até mais tarde.
Questionado sobre se já havia acontecido algo semelhante com ele ou com alguém conhecido, o jovem respondeu que não. Ele expressou a esperança de conseguir entrar em contato com sua família e recuperar seus documentos e celulares.
– O melhor seria saber o que vai acontecer com a gente – concluiu.
