Foto: Beto Albert (Diário)
A reconstituição do crime que resultou na morte de Zilda Corrêa Bitencourt após um ritual dentro de cemitério, no interior de Formigueiro, avançou ao longo da noite de terça-feira (30). O caso ocorreu no dia 10 de fevereiro deste ano. A reprodução simulada dos fatos começou às 13h foi encerrada por volta das 23h.
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No início da tarde, os suspeitos do crime chegaram até a delegacia da cidade: Francisco Guedes, que seria pai de santo, Jubal dos Santos Brum e seus dois filhos, Larry Chaves Brum e Mayana Rodrigues Brum, acompanhados de seus advogados de defesa. O marido e o filho da vítima também estiveram no local. Todos prestaram depoimento novamente, procedimento que durou até o fim da tarde.
Somente no início da noite, os suspeitos, as testemunhas, os agentes da Polícia Civil, do Instituto Geral de Perícias (IGP) e da Brigada Militar deram início à reconstituição do crime. O trabalho se desenvolveu em duas etapas: a primeira foi na casa de Jubal, pai dos casal de irmãos que participou do ritual e que segue preso. Na residência também vivia o suposto pai de santo, conhecido Chico Guedes.
Na sequência, todos seguiram até o cemitério da Colônia Antão Faria, que fica cerca de 11 quilômetros do centro da cidade, para a realização da reprodução simulada do ritual que culminou na morte de Zilda. O objetivo desse trabalho era esclarecer aspectos do crime, especialmente o modo como tudo teria ocorrido.
Os advogados de defesa não se manifestaram, da mesma forma o delegado responsável pelo caso, em decorrência do medida de silêncio da Polícia Civil contra o governo do Estado.
A inspetora do IGP, Francine Palma, explicou que esse processo trabalha em dois momentos. No primeiro, todos são ouvidos novamente na delegacia e posteriormente, nos dois locais que possuem relação com o crime:
– A coleta das informações realizadas faz parte de uma parcela de algo muito maior. Agora, será feita uma análise todos os fatos para emitirmos um laudo pericial.
O promotor de Justiça, da comarca de São Sepé, Átila Kochenborger, reforçou a importância dessa etapa:
– É de extrema relevância esse processo, principalmente com a captura de imagens de todo o processo. As imagens serão usadas para combater o que foi dito em depoimento, para ver se estão de acordo em relação ao local e às circustâncias do fato.
Defesas
A defesa de Francisco Guedes nega o crime e garante que o ritual foi realizado dentro das regras para esse procedimento.
A defesa de Larry, Nayana e Jubal informou, em nota, que “desde o início os três estão colaborando com a investigação e instrução processual, bem como da reconstituição dos fatos, e não se omitiram em responder a qualquer questionamento das autoridades”.
A defesa afirma que quem prestou socorro à vítima foram dois clientes do escritório, sem especificar quais.
“Ainda, é importante que se diga que, até o presente momento, somente as testemunhas de acusação foram ouvidas em juízo. Assim, é imprescindível que o princípio do contraditório e da ampla defesa seja respeitado, garantindo a todos os envolvidos o direito de se manifestar e apresentar suas versões dos fatos”, conclui a nota.
O crime
Zilda foi submetida a um ritual de exorcismo, sendo torturada, espancada e amarrada a uma cruz no cemitério. O ritual foi conduzido por Francisco Rosa Guedes (conhecido como Chico Guedes), Jubal dos Santos Brum e seus dois filhos, Larry Chaves Brum e Mayana Rodrigues Brum. Atualmente, Chico Guedes está em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica devido a problemas de saúde, e Jubal responde em liberdade. Larry e a irmã segue presos.
Na madrugada do crime, a Brigada Militar foi informada sobre a morte de Zilda, que estava participando de um possível ritual religioso no cemitério da Colônia Antão Faria, em Formigueiro. Durante o deslocamento, os policiais abordaram um veículo que transportava a vítima já sem vida. No hospital, o óbito foi confirmado pelo médico de plantão.
Segundo relatos, a família da vítima procurou o "pai de santo" para realizar um ritual, acreditando que Zilda sofria há mais de 20 anos com "duas entidades espirituais". Durante o ritual, a vítima foi agredida com socos, tapas e varas verdes, e teve sua cabeça lançada contra o solo diversas vezes antes de ser amarrada à cruz.
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