
Foto: Rodrigo Temp Muller (Divulgação)
Uma nova descoberta realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) revela o rosto de um dos dinossauros mais antigos do mundo, descoberto em 1999. O réptil, batizado como Saturnalia tupiniquim, tem cerca de 230 milhões de anos. Com os avanços obtidos nas pesquisas sobre o fóssil, foi possível constatar sua morfologia delicada e frágil, o que levou os especialistas a apelidarem de “Gracinha”.
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As novas descobertas foram possíveis graças às análises de novos fósseis, escavados em 2018, no sítio fossilífero Cerro da Alemoa, em Santa Maria. As pesquisas revelam que eles pertenciam a dinossauros com aproximadamente 1,5 metros de comprimento, com um crânio curto e afunilado, dentes em forma de punhal e munidos de serrilhas. Essas caracteristicas, típicas de animais carnívoro, permitiu atribuí-los a espécie Saturnalia tupiniquim.

Apesar de ser relativamente pequena, essa espécie pertence à linhagem de dinossauros conhecidos por seu tamanho gigantesco, pescoço longo e dieta herbívora. Os pesquisadores destacam que essa diferença se dá porque o Saturnalia tupiniquim foi um membro primitivo da linhagem que manteve uma dieta carnívora e tamanho corporal reduzido, igual fizeram seus ancestrais.
25 anos de trabalho
A descoberta de um crânio quase completo de Saturnalia tupiniquim também contribui para encerrar uma discussão que perdura há 25 anos. Com base nos poucos ossos cranianos descritos em 1999, pesquisadores sugeriram que a espécie teria um crânio pequeno em comparação com outros dinossauros de idade similar. Essa característica ajudaria a agrupar Saturnalia tupiniquim com dinossauros gigantes e herbívoros. Novas estimativas, publicadas em 2019 e baseadas em tomografias dos materiais recuperados em 1999, deram mais respaldo a essa hipótese.
No entanto, foi apenas com a recente descoberta que essa hipótese pôde ser definitivamente confirmada. De fato, Saturnalia tupiniquim possuía um crânio relativamente pequeno. Os pesquisadores acreditam que essa característica, juntamente com sua dentição carnívora, pode ter ajudado a espécie a realizar movimentos rápidos com a cabeça para capturar presas.

Atualmente, novas pesquisas estão em andamento, envolvendo mais fósseis e diferentes abordagens, com o objetivo de desvendar outros aspectos da vida dessa criatura que habitou a região central do Rio Grande do Sul há 230 milhões de anos. Com essas investigações, espera-se compreender melhor o desenvolvimento desse dinossauro, seu comportamento e as interações com os outros organismos que coexistiram com ele em seus ecossistemas. Nos próximos anos, mais informações sobre esse fascinante dinossauro de Santa Maria deverão ser reveladas.
Equipe
A pesquisa foi conduzida por Lísie Damke, ao longo de sua pesquisa de Mestrado em Biodiversidade Animal (UFSM), sob orientação do Dr. Rodrigo Temp Müller (CAPPA/UFSM). Também participaram do estudo os pesquisadores Dr. Max Cardoso Langer (USP) e Dr. Átila Augusto Stock Da-Rosa (UFSM). A pesquisa recebeu apoio do CNPq, INCT Paleovert, Capes e Fapesp.
Quem tiver interesse em conhecer os dinossauros da região central do Rio Grande do Sul, assim como outros fósseis, pode visitar o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM) em São João do Polêsine. O município faz parte do Geoparque Quarta Colônia Unesco. O CAPPA/UFSM fica aberto para visitação de segunda a domingo em horário comercial e a visita não tem custo.
*Com informações de UFSM
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