As mulheres negras têm 57% de chance a mais de morrer de câncer de mama do que as brancas. Nas pardas, a probabilidade é de 10% a mais. O subtipo mais agressivo é o triplo negativo (TNBC, na sigla em inglês). Os dados fazem parte do estudo Mantus - Mulheres Negras e Câncer de Mama Triplo Negativo: Desafios e Soluções para o SUS, promovido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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O documento busca definir o perfil completo das mulheres que são mais acometidas pelo TNBC no país, considerando fatores sociais, comportamentais, ambientais e biológicos.
Pesquisa
A pesquisa teve início em 2022. Na fase piloto, já concluída, foi feita uma avaliação retrospectiva de quase mil pacientes do Instituto, o que confirmou a relação do câncer de mama mais agressivo com a cor da pele preta.
– Uma análise molecular mostrou alterações que parecem ser específicas de mulheres negras, e é esse achado que estamos explorando no momento. A cor de pele é um indicativo importante (...), mas a ancestralidade parece ser ainda mais forte nessas associações com subtipos mais agressivos da doença – afirmou a pesquisadora do Inca, Sheila Coelho Soares Lima, responsável pela coordenação do trabalho.
Fatores comportamentais e ambientais, como o menor acesso aos serviços de saúde, diagnóstico com doença avançada, dificuldade de completar o tratamento, que pode ser pouco eficaz, também são levados em conta como possíveis causas. Conforme a pesquisadora, além da avaliação conjunta de fatores diferentes, o trabalho inova ao fazer uma análise específica da população brasileira do ponto de vista genético. Até então, o dado considerado era a cor da pele autodeclarada pelas pacientes.
– Em um país miscigenado como o Brasil, é preciso avaliar a ancestralidade, pois pode haver variantes constitutivas dessas mulheres que nos ajudem a entender quem são aquelas que, de fato, têm maior risco de desenvolver a forma mais agressiva da doença – explica Sheila.
Estratégias de prevenção e diagnóstico precoce
O principal propósito do estudo é produzir dados científicos para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce, assim como a formulação de novas terapias para o controle do câncer de mama agressivo.
– Considerando que 76% da população que usa o Sistema Único de Saúde é negra, os resultados que buscamos vão reduzir custos e melhorar o tratamento na rede de saúde do Brasil – conclui a pesquisadora, que reuniu uma equipe de epidemiologistas, geneticistas, oncologistas clínicos, mastologistas para atuar na fase de levantamento de dados e de inclusão de pacientes.
*com informações do Ministério da Saúde