“Ela era brilhante. Onde ela passava, iluminava as pessoas”, conta irmã de Rejane Maria Viera, vítima das fortes chuvas em Pinhal Grande

Fotos: Arquivo pessoal

As fortes chuvas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram mais do que estragos e perdas materiais. Em Santa Maria e região, nove pessoas morreram, deixando famílias incompletas, sonhos interrompidos e muita saudade. Nesta reportagem, conheça a história de Rejane Maria Viera.

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Uma vida dedicada à família

Filha de agricultores, Rejane Maria Viera nasceu em 22 de setembro de 1975, em Nova Palma. Era uma das mais novas de seis irmãos. A autônoma Márcia Terezinha Viera, 43, lembra com carinho da infância ao lado da irmã:

– Ela era muito brincalhona e sorridente. Era uma criança linda. Simplesmente linda.

Com o passar do tempo, os irmãos foram tomando rumos diferentes, mas o carinho se manteve intacto. Rejane morou por longos anos na localidade de Felisberta, ao lado da mãe, Tereza Pereira Viera. Mas o destino tinha outros planos. Em 2015, ela conheceu o agricultor Renato Moreira Fernandes, 41 anos.

Eles se conheceram em 2015, em uma festa na localidade de Encruzilhada, no município de Pinhal Grande. No domingo (28/4), antes da tragédia, eles foram nesta mesma festa, dançaram e se divertiram. Eles conversaram com todos familiares e amigos que estavam lá. Foi como se tivessem fechado um ciclo.

A irmã de Márcia e Rejane, Nelsi (à esq.); o primo Alvedir; Rejane (centro); a amiga de Rejane, Marisa; Márcia e o marido de Rejane, Renato em um dia de festa na localidade de Gringuinha, em Pinhal Grande Foto: Arquivo pessoal

Encontros

O casal morava na localidade de Gringuinha, no interior de Pinhal Grande. A rotina envolvia o cuidado com a lavoura, os animais, a contemplação da natureza e o amor pelo Sport Club Internacional. Márcia e a família faziam questão de visitar Renato e Rejane, pelo menos, uma vez por mês. O local era ponto de encontro também para os amigos e conhecidos. 

Eles eram muito unidos e divertidos. No período de Páscoa, fomos no aniversário dele (Renato). Eu também tenho fotos do aniversário dela do ano passado. Eles gostavam de agradar e era muito bom estar na casa deles – relata.

Entre uma lembrança e um elogio à irmã, Márcia descreve a residência que, por muitos anos, foi um lar feliz e com muitas festas:

A casa era de madeira, e só uma parte, de material. Havia dois galpões perto da casa e uma sanga, bem pequena e que mal corria água.

No celular, as fotos da irmã e do cunhado permanecerão guardadas com carinho. Rejane e Renato eram padrinhos da pequena Valentina, 7 anos, filha de Márcia. Outros itens também a fazem lembrar da irmã.

Ela era brilhante. Onde ela passava, iluminava as pessoas. Ela gostava muito de fazer crochê. Fazia tapetes, jogo de banheiro e muito mais. Eu até tinha comprado várias linhas para levar para ela, quando fôssemos para lá. É uma perda indescritível – afirmou.

Fotografia de residência de Renato e Rejane Foto: Arquivo pessoal

Óbito

Rejane Maria Viera morreu aos 48 anos, vítima de um deslizamento de terra que atingiu a casa onde morava com o marido. Conforme Márcia, o corpo de Rejane foi encontrado no dia 3 de maio após um longo período de busca:

O meu esposo se deslocou de Santa Maria para Pinhal Grande na quarta-feira (1º). Ele ajudou nas buscas até sexta-feira (3), quando a encontraram. Ele reconheceu o corpo da Rejane. No local, eles encontraram um par de chinelos dela, a carteira com identidade, CPF, cartão do SUS e a Bíblia deles.

A confirmação da morte de Rejane veio em meio a um cenário caótico para todo o Rio Grande do Sul.

– Devido às enchentes, nós não tínhamos contato com ninguém. Não tínhamos luz, telefone, nada. Quem tinha como se comunicar, mandava notícias. Nós temos um irmão que mora no município de Nova Palma e ele ficou sabendo da morte dela no sábado. Ele não pode fazer nada – conta Márcia.

Rejane foi enterrada na manhã de domingo, no cemitério de Pinhal Grande. Com o tempo, a família pretende transferir o corpo para a cidade natal: Nova Palma.

Leia mais

As buscas seguem

Renato Moreira Fernandes segue desaparecido em Pinhal Grande. A casa onde o casal morava foi arrastada pelas chuvas. No início da semana, as buscas eram realizadas com a ajuda de cães farejadores.

Homenagem

Para manter viva a memória, o Grupo Diário pretende contar também as histórias de Liane, Emily, Elizane Medianeira, Olide, Edna, Josemar Eduardo, Adriana e Miguel, a partir da visão de familiares e amigos.

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