Como Santa Maria deve sentir o impacto econômico com o Inter-SM na elite do futebol gaúcho no próximo ano

Do sonho para a realidade. O Inter de Santa Maria conquistou, no domingo (17), o acesso para a série A do Campeonato Gaúcho do próximo ano. Isso significa que jogará contra grandes clubes do Rio Grande do Sul em 2026, como Grêmio, Internacional de Porto Alegre, Juventude e Caxias. Para além do esporte, o feito deve ajudar a movimentar a economia do município, conforme apontam entidades. 

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A presença do clube na principal divisão estadual tende a atrair um maior público no Estádio Presidente Vargas, deve ampliar a visibilidade de Santa Maria e da região, bem como movimentar os setores ligados ao comércio, hotelaria e de serviços no geral. O impacto econômico chegará também nos artigos esportivos do clube, com crescimento nas vendas de camisetas, bandeiras e acessórios, algo que já foi registrado antes mesmo da semifinal entre Inter-SM e Veranópolis. O clube vendeu mais de 300 camisetas na loja do estádio.

O doutorando da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Thaimon Socoloski, 34 anos, aborda a questão do território e identidade do futebol no Rio Grande do Sul em sua tese. Thaimon é mestre e bacharel em Geografia pela UFSM. Natural de Gaurama, município próximo a Erechim, ele residiu durante 15 anos em Santa Maria. Para ele, o acesso muda o patamar do clube: 

– É para viabilizar a cidade para o Estado e para o futebol. Um clube quase centenário, que estava há 14 anos na segunda divisão, chama bastante atenção de quem não é de Santa Maria também. Por isso movimentou muitas pessoas nas redes sociais e nos jogos, para além dos torcedores. O acesso mostra que o Inter-SM sempre seguiu ativo, não voltou agora. A torcida ir ao estádio e se mobilizar em redes sociais comunica que Santa Maria abraçou o clube. 

A partir da Geografia, é observado que um estádio é uma grande construção, uma materialidade na paisagem. Diante disso, há dinâmicas que se alteram em dias de jogos, conforme descreve o pesquisador: 

– Vamos ter dinâmicas diferentes nos bairros. Um exemplo é de que o Bairro Noal (onde está localizado o estádio do Inter de Santa Maria) é diferente daquele conhecido em dias normais, quando não há jogo. Isso afeta o anel periférico, que vive o futebol, sobretudo quando há grandes públicos. O estádio consegue criar essa atmosfera ao redor dele.

Entidades projetam de forma positiva a economia do município para 2026. Confira abaixo o posicionamento de cada uma delas.

Cacism

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviço sde Santa Maria (Cacism), Andrei de Lacerda Nunes, afirma que ainda é difícil mensurar o impacto que se dará economicamente. No entanto, a expectativa é positiva, tendo em vista a quantidade de serviços que devem ser movimentados durante os jogos da série A do Campeonato Gaúcho de 2026 no município. Nunes também reforça a importância da imprensa no processo de levar a informação, e de alguma forma, motivar os torcedores.  

– Primeiramente eu gostaria de parabenizar o presidente do Inter-SM, Pedro Della Pasqua, e toda a diretoria, que aplicou um dos requisitos básicos do empreendedorismo que é a persistência. Foram extremamente persistentes e isso é louvável. Do ponto de vista econômico o impacto é muito positivo. Isso vai movimentar todo o entorno do estádio, as pessoas que se deslocam e consomem lá também, e isso se segue posteriormente ao jogo, quando saem do local e vão até um restaurante, por exemplo. O outro ponto é a questão da autoestime do povo. O Brasil é o país do futebol. Vamos colher frutos disso. Percebemos também uma sociedade mais engajada nesta temporada e também muito orgulhosa. Acredito que muito pelo trabalho da imprensa também. 

CDL

Para Maria Elizabeth Flores, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Maria (CDL), o município estava carente de boas notícias. O foco a partir de agora é planejamento: 

– É uma ótima notícia para Santa Maria. É momento de planejar e se unir. Precisamos pensar na vida de outras comissões técnicas, excursões de torcedores de outras cidades. É momento do comércio planejar essas vindas. Penso que é possível com a união do município com empresários, para estudar esse futuro positivo de Santa Maria. É algo que muda a autoestima do município. Isso não impacta somente os torcedores, mas toda a cidade. 

Sindhturr

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Maria (Sindthurr), João Provensi, acompanhou por meio de rádios o jogo do acesso, no domingo. Reforçou que nas entrevistas das rádios, diferentes sotaques e regiões do Brasil apareciam. Segundo ele, esse torcedor deve ter frequentado bares e restaurantes, bem como ter ficado alocado em algum hotel do município.

– É uma situação muito positiva. Esse torcedor vai consumir na cidade, vai assistir ao jogo, utilizar o hotel e frequentar restaurantes. No domingo mesmo, várias pessoas de outros Estados e cidades da região. Na minha visão também, muda o sentimento da população da cidade. Quantas pessoas estão mais felizes nesta segunda pelo acesso. Como presidente do Conselho do Riograndense Futebol Clube também vejo como positivo. Isso deve motivar um outro movimento do clube, para viver isso também em algum futuro próximo – diz.

Sindilojas

O presidente do Sindicato dos Lojistas de Santa Maria (Sindilojas), Ademir da Costa, afirma que o movimento de comissão técnica, de torcedores e da imprensa de outras cidades para Santa Maria durante os jogos em 2026 impactará na compra de produtos e serviços do município: 

– Isso automaticamente vai impactar. Isso gera consumo de roupas esportivas. A cadeia produtiva aumenta. E isso atinge vários setores da economia. Um morador com autoestima também impacta na cidade. A felicidade ajuda na produtividade das pessoas. Sem falar na questão do turismo, é um atrativo para trazer as pessoas para a cidade. Lembro que quando subiu, em 2007, foi também muito positivo para a cidade. Isso traz gente de todos os lugares do Estado. 

Inter-SM 

Ao programa Papo de Esporte desta segunda-feira, na Rádio CDN, o presidente do Inter-SM, Pedro Della Pasqua, disse que o trabalho foi muito intenso nos últimos dias para organizar a estrutura para receber o jogo e os torcedores. Segundo ele, foram muitas dificuldades enfrentadas e que o clube conseguiu reverter com o tempo e trabalho.

– Muda o patamar do clube. É uma visibilidade muito maior, com um campeonato televisionado. Com certeza, com isso, conseguimos maiores recursos. Agora invertemos essa lógica, ao invés de eu ir buscar as empresas, agora os locais nos procuram para ter essa visibilidade. Nesta segunda já recebi algumas ligações. Não podemos viver uma ilusão de seis meses. Com muitos clubes isso acontece e temos que ter todos os cuidados. Precisamos adequar o estádio para estrutura de série A e pensar no elenco. Chegamos para ficar, temos estrutura, torcida, já temos um elenco muito bom e pessoas muito competentes envolvidas com o clube para ter um excelente campeonato e se manter – afirmou o dirigente. 

Final da Divisão de Acesso

Novo Hamburgo e Inter-SM se enfrentam no próximo domingo (24) para a final da Divisão de Acesso 2025. O primeiro jogo será no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo. A partida da volta será em 31 de agosto, no Estádio Presidente Vargas.