“Ano de muitos desafios, mas de entregas”, diz prefeito Rodrigo Decimo sobre balanço do primeiro ano de governo

“Ano de muitos desafios, mas de entregas”, diz prefeito Rodrigo Decimo sobre balanço do primeiro ano de governo

Foto: Samuel Marques/Prefeitura de Santa Maria

Uma das obras destacadas neste primeiro ano é a conclusão do primeiro trecho da Perimetral Sul-Leste

O prefeito Rodrigo Decimo (PSD) completa um ano à frente do Executivo. Em entrevista ao Diário, ele fez um balanço deste período, marcado por turbulências como enchentes, protestos e greves de professores e servidores contra a Reforma da Previdência, além de uma crise financeira na prefeitura. 

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Inclusive, a entrevista ocorreu na manhã de 22 de dezembro, dia da paralisação total do transporte público com cerca de 60 mil usuários sem ônibus, consequência da falta de repasse do subsídio pelo Executivo. Enquanto fazia o balanço, Decimo, ao mesmo tempo, acompanhava a situação, principalmente sobre recursos disponíveis em caixa para fazer algum repasse. Sobre obras, ele destacou a conclusão do primeiro trecho da Perimetral Sul-Leste e a iluminação de LED na cidade. O prefeito falou, ainda, sobre as derrotas na Câmara com a retirada dos projetos da Reforma da Previdência e sobre o empréstimo para o pagamento do 13º por não ter ambiente para votá-los. 

O chefe do Executivo projetou 2026, principalmente quanto à crise financeira e à implantação de terceiro turno em unidades de saúde. Por fim, abordou a relação com a base, o seu perfil mais técnico do que político, críticas e vaias recebidas, além de mudança no secretariado.


Primeiro ano
- Foi um ano de muitos desafios. Mas também, fazendo uma análise mais cuidadosa, foi um ano com muitas entregas, nenhuma com uma dimensão, mas muitas que fizeram a diferença na vida das pessoas. Claro que tiveram alguns temas pelo impacto que trazem, pela polêmica que têm acabaram, naturalmente, tomando uma proporção... E que a gente, infelizmente, não conseguiu avançar. Mas temos entregas: a questão da iluminação de LED, por exemplo. É algo que impacta muito as pessoas. Apesar de desenvolvermos todo esse procedimento ainda na gestão anterior, a gestão do contrato é tão, quem sabe, mais importante do que a própria elaboração do processo que culminou no leilão. Isso tudo foi em grande parte gestado aqui nesse gabinete. Temos hoje um resultado bem positivo. Estamos chegando no final do 2025 com 96% de todo o parque de iluminação novo com lâmpadas de LED - comentou.

 
Área social e PPS
- Ainda neste ano seguimos, na Secretaria de Habitação, com a entrega de regularização fundiária – foram mais de 1,5 mil novas matrículas em 2025. Também assinamos o primeiro contrato do Minha Casa, Minha Vida de 176 unidades e, na sequência, vai ter mais outro de 160. Serão 336 unidades. Para o ano que vem, já está em elaboração um projeto para mais 500 unidades. Entregamos o primeiro trecho da Perimetral Sul-Leste, um investimento importante e que vai fazer a ligação entre a BR-392 e a estrada do distrito de Pains. Tivemos uma entrega significativa que foi o Consultório na Rua e estamos, agora, tratando do local para o Centro Pop, onde as pessoas em situação de rua estarão durante o dia. Também num programa do governo do Estado, conseguimos o RS Social Recomeço, que é um empreendimento bem inovador. Fizemos o lançamento do programa ‘Inovar é Cuidar das Escolas’, uma parceria público-privada (PPPs) que prevê a construção de até 30 novas escolas e, além da construção, haverá a manutenção da empresa por um período de 25 a 30 anos - relembrou.

Decimo concedeu entrevista a equipe do Diário e analisou seu primeiro anoFoto: Vinicius Becker

Pavimentação e reformas
- Temos uma série de ruas que estamos executando, umas já estão até prontas e entregues, fruto, principalmente, de emendas parlamentares: ruas Golfinhos, Tainhas, Carpas, F, G, Figueira da Mata, Maceió, Apóstolo Lucas, Miguel Nascimento e Rio Pardo. E fizemos a ordem de serviço da pavimentação das ruas Nossa Senhora do Trabalho e André da Rocha. Temos a reforma do Bombril, a Unidade Básica de Saúde Dom Antônio Reis, sem considerar as obras da reconstrução. E ainda a gente faz um olhar em termos de eventos. Tivemos o balonismo, a maratona, a Romaria da Medianeira, o Jubileu do Diácono João Luiz Pozzobon e a campanha da Mãe Peregrina. Tivemos, ainda, o Santa Summit, o Festival do Xis, com um destaque estadual - comentou sobre os eventos na cidade.

Tema sensível...
- A questão da Previdência, que é mais sensível e que impacta muito fortemente a questão financeira da prefeitura e, consequentemente, do município. Hoje, um valor muito significativo de recursos do caixa da prefeitura é drenado para o sistema de Previdência, inclusive se não fosse a condição financeira da prefeitura para poder transferir R$ 215 milhões, neste ano, não sei o que seria dos nossos servidores inativos. Foi graças a essas transferências que a gente conseguiu manter os seus benefícios em dia até esse momento. E dezembro temos duas folhas de pagamento. A do 13º foi honrada no dia 19 para os servidores concursados e também para os inativos. Temos, agora, a folha do mês normal (paga dia 30 apenas para servidores ativos). São duas folhas de R$ 40 milhões. Esses R$ 215 milhões que saíram do caixa livre da prefeitura para alimentar o Ipassp é um valor que acaba comprometendo investimentos na área de saúde, da educação, do desenvolvimento social, de esporte, lazer, cultura, na infraestrutura ...E logicamente na qualificação dos serviços, inclusive traz dificuldade para termos mais chamamentos de concursados, apesar que, neste ano, inclusive neste mês de dezembro, anunciamos a contratação de mais 100 novos servidores, 61 professores, justamente para que a gente possa, no início do ano letivo de 2026, ter os quadros completos e mais 39 outros servidores - explicou sobre a situação da cidade para 2026.

Assunto politizado
- Nós colocamos muita esperança que a gente possa tão logo vire o ano, avançar na Reforma da Previdência, que é determinante para que o município tenha o equilíbrio das finanças. Já no mês de janeiro, vamos retomar a questão previdenciária, que apresentamos no início de novembro. E, infelizmente, a gente não conseguiu avançar na esfera do Poder Legislativo, inclusive imaginávamos que seria o local adequado para fazer as discussões e os aprimoramentos desses quatro projetos de lei. Não houve esse entendimento, e o tema, em grande medida, foi politizado, levado para a seara mais partidária. Isso prejudicou a discussão - analisou.

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Atraso de salários
- Nós queremos avançar nesse assunto (Previdência) com maturidade, não temos um prazo estabelecido, mas queremos avançar no tempo que for preciso. É verdade que ela poderá se estender um pouco mais, mas imaginamos e vamos nos esforçar muito para que, no primeiro semestre, consigamos ter um encaminhamento satisfatório desses quatro projetos de lei. Até lá, teremos dificuldades. A dificuldade maior é na questão do mês de dezembro, pelo fato de termos duas folhas de pagamento. Logicamente que isso traz consequências e vai refletir nos meses de janeiro, fevereiro e, provavelmente, março, mas também nestes meses, temos o ingresso de receitas novas, principalmente do IPTU, que vai nos ajudar, somadas a outras projeções que a Secretaria da Fazenda tem.Temos também a questão do IPVA, que é um recurso que entra. Com isso, a gente deve ter um certo equilíbrio; é verdade que é num prazo curto, mas, no primeiro semestre, a gente imagina que possa trabalhar com essa possibilidade (equilíbrio) falou, projetando as finanças para o próximo ano.

Contenção de gastos
- Nós iniciamos 2025 com o Orçamento deficitário de R$ 91 milhões. Durante o ano, com todas as medidas adotadas, conseguimos reduzir esse déficit, mas, mesmo assim, não conseguimos zerá-lo. No ano de 2026, a gente inicia também com um déficit de R$ 66 milhões e terá de se trabalhar para fazer a equalização. O esforço continua na questão das despesas e, com certeza, de forma muito mais intensa com relação a cortes e tudo que for necessário, não inviabilizando aquilo que é essencial, a prestação de serviço ao público - comentou durante a entrevista.

Reforma na Câmara
- Nós não estabelecemos prazo(para enviar à Câmara), porque queremos fazer, a partir de janeiro, uma discussão exaustiva. Nós queremos estressar esse assunto para que, quando protocolarmos na Câmara de Vereadores, tenhamos, por parte dos vereadores, um entendimento, a convicção de que esse projeto representa as categorias, os nossos servidores, representa os nossos professores, logicamente os sindicatos que representam essas categorias, e também toda a comunidade. Porque esse tema, que tem um viés bastante direto com os servidores do município, também já é comprovado que afeta toda a cidade, porque, com esses recursos que acabam drenando para a Previdência, não temos condições de estar investindo em infraestrutura, naquela rua que o contribuinte, com razão reclama, de fazer a manutenção - explicou.

Contas maquiadas?
- Não. No ano de 2024, teve uma realidade e foi cumprida. Todas as obrigações foram atendidas. Então, não teve nenhum tipo de maquiagem, inclusive os recursos que foram empregados em obras eram recursos vindos, principalmente, de financiamentos. Era algo bem exequível. O que tivemos em 2025? Já com a previsão orçamentária desse déficit (R$ 91 milhões), tivemos uma realidade bem diferente. E, somou a isso, o fato de que tivemos a previsão das receitas em alguma medida frustradas, tanto as receitas próprias quanto as receitas transferidas, o que trouxe maiores dificuldades. Enfrentamos a questão (com decreto de corte de gastos) das despesas e estamos encerrando 2025 com um déficit menor (R$ 66 milhões) do que aquele previsto no Orçamento (de 2025). Infelizmente, não conseguimos zerá-lo. Claro que a Reforma da Previdência é necessária, não há dúvida, mas a prefeitura também precisa aumentar sua receita -  comentou.

Planta do IPTU
- A atualização da planta de valores do IPTU é uma das possibilidades que estamos estudando. As medidas ligadas à receita não têm um reflexo muito imediato. A própria questão da planta genérica de valores é um estudo que precisa ser feito, enfim, apresentado, submetido à Câmara de Vereadores. É um tema polêmico também, um tema desgastante e de repercussão. A gente tem que ter essa sensibilidade política para poder encaminhar no momento certo. Mas tem outras ações que estão sendo colocadas em prática em grande medida, mas que o reflexo virá no ano de 2026, com certeza - pontuou sobre a situação.

Economia com decreto
- Nós não temos isso ainda fechado, mas, com certeza, daqueles R$ 91 milhões previstos, menos da metade de déficit. Se não fosse essa redução, praticamente, em dezembro, não pagaríamos nenhuma das folhas e ainda ficaríamos devendo para fornecedores. O que nós conseguimos até agora? Renegociar, enfim, atrasar os fornecedores e honrar a folha do 13º e, cada dia que passa, é um dia que a gente faz as contas. Tem essa questão do próprio transporte público, que a gente precisa estar atento. O sistema vai precisar de recurso. O nosso IPTU, por exemplo, estrategicamente colocamos o vencimento em 12 de janeiro - argumentou.

Consultas e terceiro turno
- Todos esses temas estamos trabalhando. Tive uma reunião com o secretário de Saúde, Guilherme Ribas, e uma das pautas era, justamente, a questão da tecnologia na saúde. Na época (da campanha), trabalhávamos com o teleagendamento e com a teleconsulta. Mas nesse um ano, a tecnologia teve avanços e estudamos a possibilidade de colocar outros recursos tecnológicos que permitam que façam as vezes da teleconsulta, as vezes do teleagendamento. Eu pedi para ele (secretário) que se esforçasse para que, no início deste 2026, conseguíssemos apresentar algumas propostas para que a gente possa começar a encaminhar efetivamente uma solução. O terceiro turno também é algo que estamos trabalhando. E nessa reunião com o secretário Guilherme Ribas, foi solicitado que, além dos turnos estendidos, comecemos a implantar efetivamente o terceiro turno de forma fixa já, em 2026, com duas ou três unidades de saúde, a partir da maior demanda - projetou.

Turno integral nas escolas
- Com relação ao turno integral, essas 30 novas escolas que nós estamos prevendo, elas já têm no seu escopo a questão do tempo integral. Nosso cronograma é que, no final de 2026, máximo início de 2027, tenhamos todo esse processo na Bolsa de Valores para fazer o leilão. E a partir do leilão, logicamente, precisa um período de alguns meses, mas, já em 2027, começamos a operar essa parceria público-privada. E quando eu falo escolas novas, não são necessariamente 30 novas unidades. Por exemplo, a Sérgio Lopes é uma escola que já existe, mas que precisa de uma readequação. A Secretaria de Educação trabalha com essa possibilidade (ensino integral ainda em 2026), mas não na quantidade que gostaríamos. Vamos trabalhar para ter em todas as nossas escolas (82) o tempo integral, que é o nosso grande objetivo - frisou sobre o tema educacional.

Erro de avaliação?
- Quando a gente apresentou esses dois projetos (Reforma da Previdência e empréstimo para pagar 13°), logicamente, antes, fizemos uma conversa com os vereadores da base para poder ter essa percepção por parte deles. E, enfim, considerando a urgência dos temas, tanto a questão da Previdência, quanto a própria questão do 13º, entendemos que, previamente, poderia ser oportuno o envio desses projetos de lei. E foi dito na entrevista coletiva, do dia três de novembro, quando fizemos o protocolo das leis da Reforma da Previdência que estaríamos abertos ao aprimoramento desses projetos. Entendíamos que esta discussão aconteceria no âmbito do Legislativo. Não houve esse entendimento. A questão do 13º, apresentamos um projeto de lei que não é algo inédito, é algo que já é realizado em outros municípios. Nós imaginávamos que essa seria uma alternativa possível para que pudéssemos equilibrar o mês de dezembro, se nós desonerássemos dos cofres da prefeitura o 13º. Infelizmente, não houve também esse entendimento por parte da Câmara dos Vereadores e já estava um ambiente hostil - relembrou.

Relação com a base
- Fica o aprendizado. A gente procurou nesse período conversar muito com todos os vereadores da base, mas também é um momento tenso, principalmente a questão previdenciária, que é complexa. Houve por parte dos sindicatos uma manifestação um pouco mais intensa e isso acaba, logicamente, influenciando principalmente no Plenário da Câmara. É uma discussão que precisa ser feita em algum momento na Câmara de Vereadores, quer aprovando, quer até, eventualmente, não aprovando, mas acredito que haverá o entendimento da necessidade deste processo com algum resultado - declarou duranta a reta final da entrevista.

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Ao longo deste primeiro ano, Decimo enfrentou protestos do funcionalismoFoto: Vinicius Becker

Críticas e a população...

- A crítica, as manifestações são democráticas, e eu respeito. Algumas delas acontecem de forma desrespeitosa, eu procuro relevar. A gente entende, às vezes, a tensão do momento. E, quem sabe, assim, esse meu perfil mais contido, mais calmo, possa passar essa impressão de despreocupação, mas podem ter absoluta certeza que, de forma alguma, eu não tenho a atenção necessária. Estamos procurando alternativas, soluções para que as pessoas lá na ponta tenham os resultados e as melhores condições possíveis - projetou.

Vaias afetam?
- Não posso dizer que não. A gente, quando está numa posição, principalmente eu, que venho da iniciativa privada. É algo novo, eu entrei na prefeitura cinco anos atrás como vice-prefeito e tem uma visibilidade bastante menor, tem responsabilidades também, não tão grandes quanto o prefeito. Aceitando esse desafio de estar como prefeito, eu sabia que não seria fácil, até porque, durante a própria campanha, discutiam-se as dificuldades que viriam pela frente. E dizer que eu sou, assim, imune a elas, não. Quando é uma crítica respeitosa, com a intenção de contribuir, ela é sempre muito bem-vinda - comentou.

Mudanças na equipe?
- Tudo (redução de secretárias e cargos de confiança) estamos avaliando. A questão de alterações de pessoas nas secretarias é algo possível, sim, para poder encaixar um outro perfil mais adequado. Via de regra, todos os secretários têm suas qualificações. Às vezes, o momento não é o mais adequado, eu sempre faço uma analogia, apesar de não ser um grande entendido de futebol, com um técnico. Às vezes, tem aquele craque que joga muito bem, mas que está vivendo um momento não muito bom. E o técnico precisa fazer as substituições para que o resultado do time seja o melhor. Isso não está descartado, é possível (início do ano) que tenhamos algumas alterações, até porque o momento, em grande medida, exige - finalizou.

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