Foto: Mateus Ferreira (Arquivo/Diário)
Entre janeiro e novembro de 2025, a Polícia Civil da Região Central desencadeou ao menos 27 operações, o que resultou em cerca de 176 prisões. As ações, realizadas em municípios como Santa Maria, Tupanciretã e São Pedro do Sul, além da Quarta Colônia, tiveram como foco no combate ao tráfico de drogas, ao crime organizado e aos golpes virtuais. Conforme o delegado regional da Polícia Civil Sandro Meinerz, essas três frentes concentram os maiores desafios da segurança pública atualmente.
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As operações mobilizaram dezenas de policiais civis e equipes de apoio tático. A ação Quarta Colônia Livre, deflagrada em agosto, foi a maior do ano, com 66 prisões. Outras de destaque foram a Magnitude, em outubro, com 22 presos, e a Brush, em janeiro, que resultou na prisão de 20 pessoas (veja abaixo). Comparado a 2024, o balanço de 2025 apresenta crescimento nas operações e no número de prisões. Segundo Meinerz, isso é resultado de metas internas estabelecidas para as delegacias e de uma integração mais eficiente entre as forças de segurança.
Além das operações de grande porte, a Polícia Civil realizou, este ano, cerca de 900 prisões decorrentes de ações de rotina, que não fazem parte das ofensivas. Essas detenções resultam, principalmente, do cumprimento de mandados de prisão relacionados ao tráfico de drogas, crime que segue entre os mais recorrentes na região. O volume expressivo demonstra que, embora as operações concentrem grande visibilidade, a maior parte das prisões ocorre fora delas, em investigações contínuas conduzidas pelas delegacias.
O delegado regional da Polícia Civil aponta, ainda, que os crimes mais recorrentes na região são estelionatos virtuais e furtos, especialmente após o aumento da presença digital da população nas últimas décadas. Diversas operações, como Scammer e Interfraudes, foram deflagradas justamente para combater golpes pela internet, envolvendo fraudes bancárias, clonagem de contas e venda de dados pessoais. Embora a criminalidade virtual esteja em expansão, o tráfico de drogas ainda é o crime que mais motiva operações. E a maconha, segundo dados, segue como a substância mais apreendida nas ações da Polícia Civil.
Reincidência no crime é um dos desafios da segurança
Em relação ao perfil dos presos, o delegado Sandro Meinerz destaca que muitos já possuem antecedentes criminais. Porém, parte acaba respondendo em liberdade, especialmente em casos sem reincidência ou flagrante de grande quantidade de drogas.
– Quando o investigado é reincidente ou tem ligação comprovada com organizações criminosas, tende a permanecer preso durante o processo. Já nas prisões eventuais ou em flagrante, há casos em que o suspeito responde em liberdade e, infelizmente, acaba retornando à atividade criminosa – afirma.
Com mais de 170 prisões, 2025 já se consolida como um dos anos mais produtivos da Delegacia Regional de Santa Maria nos últimos tempos. O delegado Meinerz avalia que o trabalho investigativo continuará sendo o principal instrumento para reduzir a criminalidade e desarticular organizações criminosas na região central do Estado.
– O que garante resultados é a investigação qualificada. Cada operação é planejada para produzir efeito concreto na segurança pública, retirando criminosos das ruas e enfraquecendo as estruturas do crime – diz.
De acordo com Meinerz, o resultado expressivo de prisões é fruto de um trabalho de investigação aprofundada durante meses até o cumprimento das ordens judiciais. Mas o serviço não termina com a operação. Após as prisões, é realizada uma nova fase de apuração.
Ramificações
Para o advogado criminalista Raphael Urbanetto, e também coordenador do Curso de Direito da Faculdade Sobresp, a reincidência é reflexo das falhas do sistema penal, especialmente na reinserção social de quem já cumpriu pena.
– O caráter pedagógico da pena ainda é pouco desenvolvido. Precisamos investir, também, no pós-pena, repensar a reinserção do cidadão que cumpriu sua condenação. Sem isso, seguimos repetindo o ciclo do crime", conclui o jurista – afirma.
Sobre a consolidação das facções criminosas na região central do Estado, ele relembra que o tráfico de drogas e o crime organizado mantêm conexões diretas com estruturas prisionais.
– Essas organizações têm ramificações que vêm desde a Capital, usando o interior do Estado para controlar o comércio de drogas e também para a lavagem de capitais. Há, ainda, membros que exercem influência dentro dos presídios – conclui.
Ações contra o crime
As operações conduzidas pelas delegacias vinculadas à 3ª Região Policial, ao longo de 2025, que levaram a 176 prisões:
Janeiro
Operação Brush
Quando – Dia 15
Prisões – 20 em Santa Maria e outros oito municípios
Alvo – Combate ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
Operação Paperboy
Quando – Dia 24
Prisões – Quatro prisões em Santa Maria
Alvo – Grupo que praticava tele-entrega de drogas
Março
Operação Latrones
- Quando – Dia 7 de março
- Prisões – Sete em Tupanciretã
- Alvo – Investigação de crimes patrimoniais e furtos qualificados
Operação Scammer
- Quando – Dia 19
- Prisões – Quatro em São Paulo
- Alvo – Enfrentamento a fraudes e golpes virtuais (estelionatos online)
Abril
Operação Lanche em Pó
- Quando – Dia 16 de abril
- Prisões – Nove em São Pedro do Sul
- Alvo – Tráfico de drogas
Operação FOX 2
- Quando – Dia 16
- Prisões – 19 em Santa Maria e cidades da Região Central
- Alvo – Tráfico interestadual de drogas
Operação Fallax
- Quando – Dia 25
- Prisões – Sete em Porto Alegre, Canoas, Viamão, Cidreira e Charqueadas
- Alvo – Combate aos crimes de extorsão, estelionato e associação criminosa no "golpe dos nudes"
Maio
Operação Laboratório Fase 2
- Quando – Dia 28
- Prisões – 14 em Santa Maria
- Alvo – Desarticular grupo responsável pela produção e distribuição de drogas sintéticas
Junho
Operação Interfraudes
- Quando – Dia 24 de junho
- Prisões – Oito em cidades da Região Central
- Alvo – Enfrentamento a golpes bancários, clonagem de cartões e fraudes digitais
Julho
Operação Advena
- Quando – Dia 4
- Prisões – Quatro em São Sepé
- Alvo – Tráfico de drogas
Operação Ordinator
- Quando – Dia 14
- Prisões – Três em São Sepé
- Alvo – Tráfico de drogas
Agosto
Operação Cosa Nostra
- Quando – Dia 6
- Prisões – Oito em Santa Maria
- Alvo – Tráfico de drogas
Operação Pampa
- Quando – Dia 12
- Prisões – Uma em Santa Maria
- Alvo – Prevenção e repressão aos crimes rurais, em especial o abigeato (furto de gado)
Operação Quarta Colônia Livre
- Quando – Dia 22
- Prisões – 66 em cidades da Quarta Colônia
- Alvo – Tráfico de drogas
Operação De Olho Neles
- Quando – Dia 23
- Prisões – Duas em Tupanciretã
- Alvo – Verificar o cumprimento de medidas protetivas de urgência
Operação Dolos
- Quando – Dia 28 de agosto
- Prisões – Cinco em Santa Maria, Caxias do Sul, Porto Alegre e Bom Jesus
- Alvo – Repressão de crimes de estelionato e associação criminosa
Setembro
Operação Queda da Coroa
- Quando – Dia 4
- Prisões – Seis em São Sepé
- Alvo – Tráfico de drogas
Operação Fiesta
- Quando – Dia 10
- Prisões – 16 em Santa Maria
- Alvo – Receptação e revenda de veículos furtados
Outubro
Operação Magnitude
- Quando – Dia 17
- Prisões – 23 em São Pedro do Sul, Santa Maria, Agudo, Caçapava do Sul e Mata
- Alvo – Facção criminosa e tráfico
Operação Hécate
- Quando – Dia 22 de outubro
- Prisões – Sete em São Sepé
- Alvo – Combate ao tráfico e à distribuição de drogas sintéticas
Novembro
Operação Ignis Caceris
- Quando – Dia 10
- Prisões – Três em Tupanciretã
- Alvo – Prisões de envolvidos em incêndio criminoso
Outras ações
- Mais 28 suspeitos foram presos em outras operações ao longo do ano conduzidas pela Polícia Civil de Santa Maria na região e em outras cidades do Estado. Os alvos foram, principalmente, o tráfico de drogas. Houve, ainda, outras prisões que não constam nesta lista, por isso o número de suspeitos detidos podem ser superior a 176