Deni Zolin

Geoparques Unesco da região precisam de investimento e de equipe própria

Geoparques Unesco da região precisam de investimento e de equipe própria

Foto: Divulgação



Após acompanhar a entrega do certificado da Unesco para os geoparques da região, o Diário avalia agora os aprendizados trazidos pela comitiva da região que foi conhecer geoparques em Portugal e Espanha.


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A diretora do Geoparque Unesco Quarta Colônia e pró-reitora adjunta de Extensão da UFSM, Jaciele Sell, diz que a visita aos geoparques europeus já faz parte do trabalho para garantir a renovação do certificado da Unesco daqui a quatro anos. Os avaliadores que estiveram aqui na região tinham deixado, como recomendação, que os geoparques daqui tivessem uma maior interação com outros geoparques do mundo, justamente para troca de experiências que resulte em contínuas melhorias.

 
– A gente aproveitou a ida até o Marrocos e, já que estamos próximos de nossas referências, vamos estender uns fazer visita técnica. A gente visitou escolas, atrativos turísticos, museus, centros interpretativos, conversamos com câmaras municipais, com as equipes. A partir daí, tivemos vários exemplos do que serve para nós, daquilo que não nos serve. A grande lição, e espera que tenha tocado a todos que foram, é que o geoparque não pode ser uma coisa voluntária ou amadora. A gente viu nesses geoparques que precisa de investimento e equipe técnica. Não é mais um selo para pendurar na parede, até porque daqui a três anos, os avaliadores da Unesco voltam para ver ser o trabalho avaliou e avançou. Não pode ser mais uma atribuição que alguém vai fazer fora do horário, ou um extra, ou do jeitinho. A gente sempre soube, mas é preciso ver para crer – diz Jaciele, lembrando que o geoparque português de Arouca tem 13 funcionários.

 
Ela destaca que fica clara a importância do papel da UFSM não só para a conquista do certificado, mas também para a continuidade dos trabalhos daqui para a frente. Jaciele cita que a universidade tem mais de 30 projetos de extensão nos dois geoparques, que ajudam na disseminação da cultura de geoparques nas escolas e na comunidade, na qualificação de mão de obra para receber melhor os turistas e para criar novos produtos para vender a eles, como lembranças e artesanatos. 



Um exemplo disso: a comitiva gaúcha foi em uma cidade pequena portuguesa onde havia a tradição de doces conventuais, produzidos por freiras de conventos.

 
– A cada quadra, tem duas confeitarias. E perguntei ao nosso motorista português porque eles gostavam tanto desses doces. Ele disse: “Mas vocês é que gostam, os turistas que gostam e isso que faz com que tenha várias confeitarias, pois vocês vêm comer e levam também” – conta Jaciele.

 
Isso ressalta como a culinária da Quarta Colônia e de Caçapava podem ser ainda mais valorizadas, pois apesar de ser comum para quem mora aqui, é uma iguaria para turistas de fora.



Museu interativo é sonho de Caçapava

Coordenador técnico do Geoparque Unesco Caçapava, o professor da UFSM André Borba, diz que um dos objetivos agora é construir um centro interpretativo (espécie de museu interativo) na cidade, para divulgar de forma interativa e criativa as riquezas e belezas de Caçapava para visitantes, estudantes e a comunidade.

 
– Nós vimos espaços muito interessantes, fiquei muito impressionado com um centro interpretativo do Geoparque Maestrazgo, que é sobre uma batucada que eles têm na Semana Santa. E eles utilizam essa batucada de maneira tão emocionante e é uma coisa que eu sempre quis para o centro interpretativo de Caçapava, que é a utilização dos sons da floresta, dos sons das formações das estruturas geomorfológicas. Com certeza, vamos trazer muitas inspirações da Europa – diz.

 
Segundo ele, o centro interpretativo ou centro de visitantes não é um museu, é um equipamento (espaço) turístico e educativo. Ele pode ter algumas peças originais, que seriam de museus, mas trabalha muito mais com a questão audiovisual e de interatividade: fotografias em grande formato, vídeos, interação em três dimensões (3D), realidade virtual, realidade aumentada, simuladores.

 
– Seria um museu moderno, que apresente o território (região) e que desperte a curiosidade sobre aquele território (região), para que a pessoa tenha curiosidade de conhecer in loco lugares como a Pedra do Segredo, as Guaritas. Não só para o turista, mas principalmente para os estudantes, para que eles valorizem o seu município. E também para receber estudantes de outras regiões. Trazer pessoas para começar a conhecer Caçapava e ter orgulho de sua cidade é o principal objetivo nesse momento – afirmou Borba.


Obras marcantes que se pagam logo

Foto: Divulgação


André Borba ressalta que os investimentos como museus interativos, ou atrações turísticas como a ponte metálica para pedestres Arouca 516, de 516 metros de extensão e 170 metros de altura, com vista para um vale e uma cachoeira, pagam-se rapidamente. Ideias que podem servir de inspiração para grandes obras turísticas aqui nos geoparques Quarta Colônia e Caçapava.

 
– Eles gastaram R$ 1 milhão para fazer a ponte e recebem 1 milhão de turistas por ano, a um ingresso de 12 euros (R$ 63) por pessoa. Então, são R$ 60 milhões de receita por ano – diz Borba.
Ele cita ainda os Passadiços do Paiva (foto acima), que são escadarias e caminhos de madeira de 8 km ao longo do leito de um rio.

 
– A infraestrutura das escadarias de madeira é mais atrativa do que a própria paisagem. Arouca é um lugar remoto, onde quase ninguém ia porque não era passagem de turistas. Agora, eles vão por causa da ponte e do passadiço e acabam conhecendo as riquezas do geoparque do local – conta Jaciele Sell.

 
Nossa região já tem pontos turísticos, mas pode investir mais.

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