
Ao explicar nossas origens dizemos: somos de lá! Do Coração do Rio Grande! De uma cidade (re) conhecida pelas universidades, por abrigar a 3ª Divisão do Exército e pelo forte comércio. Foi assim que ouvi a primeira descrição de Santa Maria, quando meus pais escolheram morar no centro do Estado para os filhos estudarem. De certa forma, nos tornamos também santamarienses. Muitas famílias trilham esse caminho. Atualmente, por ser professora universitária, acolho estudantes que chegam de diferentes lugares. Algumas vezes converso com os pais que continuam carregando os mesmos desejos: querem um lugar de paz, que traga felicidade para o futuro dos (as) filhos (as). Impossível não citar o episódio Kiss, que arrancou dos jovens e familiares tantos sonhos.
Continuamos com excelentes universidades e reconhecidos pelo contingente militar. No entanto, tenho refletido, nos últimos tempos, sobre o comércio em geral. A começar pelos mercados que não abrem no domingo, dia em que teríamos maior disponibilidade para essa atividade, pois durante a semana, o trabalho ou os estudos ocupam quase todo nosso dia. Tudo é explicado legalmente: os mercados não podem abrir e "blá-blá-blá". Velhos e novos restaurantes são frequentados pelo mesmo público que procurou essa cidade para seus descendentes cursarem uma universidade. Alguns restaurantes são muito bons, e muitas vezes recorremos aos antigos, pois em feriados não é raro os restaurantes aproveitarem e também fecharem as portas. Vale lembrar que nesses estabelecimentos é bom abrir o olho, pois a notinha pode trazer surpresas indelicadas. Além dos 10%, que não foram combinados previamente, pode aparecer uma bebidinha que foi colocada "sem querer" na nota. Os tempos mudaram, portanto, não se intimide: diga ao garçom que não está apto para essa despesa. Tranquilamente. E se o restaurante estiver lotado, podemos recorrer ao velho e bom "Xis", sempre atual.
E como anda o comércio dos sapatos e vestuário? Aquele velho conhecido que movimentava as estradas trazendo a população da região para comprar mais barato em Santa Maria? Muitas lojas se espalham no centro, bairros e shoppings, inclusive, com horários flexíveis. O atendimento é o mesmo? Quem já não foi em loja que a pessoa do caixa expõe, insistentemente, as vantagens de comprar em oito vezes? Você responde: não. Ela segue informando que se o cliente pagar antes, terá desconto. Novamente você diz: não! Ela, quase robotizada, propõe mais algumas alternativas, que, obviamente, já contêm os juros impostos pelo sistema. Todos já fizeram as contas e sabem que o acréscimo está embutido nas prestações que, "milagrosamente", terão um desconto, caso antecipe o pagamento. É chato, muito chato. Mas a importunação não termina aí. O gran finale inclui a "simpática" oferta de um empréstimo liberado, imediatamente, em seu nome. Novamente aquela persistência do "atrativo". Qual a dificuldade de entender que "não é não"?
Pois uma novidade circula no comércio. Você vai na loja e descobre que existem prestações que não foram feitas pelo dono do cartão. Exatamente. Para comprovar que a compra não foi feita por você, terá que percorrer a delegacia de polícia, horas a fio percorrendo os diferentes setores da própria loja explicando o fato, entre outras questões extremamente desagradáveis. São os inconvenientes da informatização, das novas tecnologias, dos grandes departamentos, da globalização. Hoje paira uma sensação de que estamos, de alguma forma, sendo enganados. Saudade da loja em que sua mãe comprava "na conta" e não tinha surpresa no final do mês? Pois é. Não se trata de saudosismo. Mas seria bom uma pitada de honestidade, inclusive no comércio. Que dirá na política!