Foto: Arthur Camponogara
Muito antes da bola rolar, dezenas de pessoas ajudam o Inter-SM a entrar em campo

Antes do apito inicial no Estádio Presidente Vargas, quando o Inter-SM se posiciona para mais um jogo decisivo da Divisão de Acesso, há muito mais acontecendo do que os olhos da arquibancada podem ver. Por trás da bola rolando, há uma engrenagem silenciosa que começa a funcionar horas – às vezes dias – antes. É esse trabalho, feito longe das câmeras e dos holofotes, que garante que o espetáculo possa acontecer.
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No confronto deste domingo (3), às 15h, entre Inter-SM e Bagé, pela partida de volta das quartas de final, o foco está na classificação. Mas, nos bastidores, a rotina é a mesma: preparar, organizar, limpar, alimentar. Uma sequência de tarefas que transforma o estádio em casa, e o time, em família.
O dia começa pelo feijão
Rodrigo Batista da Rosa Pereira, 45 anos, é o responsável por alimentar jogadores, comissão técnica e funcionários do clube. E faz isso com dedicação diária, de domingo a domingo.
– A primeira coisa que faço é preparar o feijão, depois ponho a água esquentar para o café. Eu chego pela manhã, em torno de seis horas antes. Começo pelo café da manhã. Depois do café já começo o almoço. Terminou o almoço, já começa a janta. No outro dia cedo de novo – conta o cozinheiro, que ainda conta com o apoio da esposa no clube.
Com três anos de casa, Rodrigo aprendeu na prática o que cada fase da preparação física pede no cardápio. São de 50 a 60 pessoas por dia alimentadas pelo clube, entre jogadores, diretores e comissão técnica
– Tinha um nutricionista antigamente e eu peguei com a prática. Já tenho a noção do que precisa no do dia a dia dos jogadores. Qualquer coisa, entro em contato com o preparador para tirar alguma dúvida, se posso ou não posso fazer, mas é tudo praticamente eu que comando aqui. É o básico. Todos comem a mesma coisa, não tem diferença – explica Rodrigo.
O foco é nos carboidratos na véspera das partidas, para garantir a energia. Mas há um prato que nunca falha:
– O galeto é que eles gostam. Tem um tempero que eu faço, que eles preferem. Um dia antes das partidas, geralmente eu faço.
Perguntado qual seria o cardápio um dia depois do possível acesso, ele responde rindo:
– Churrasco, né?
O homem das linhas do campo
Com sete anos de clube, Paulo Rogério Costa, o “Zóio”, 55 anos, é um dos primeiros a chegar e dos últimos a sair. É ele quem cuida da limpeza, do gramado e de boa parte da manutenção do estádio. É também quem risca, com precisão, as linhas que definem o campo de jogo.
– Chego 7h20min. Já vou tirando o lixo, limpando tudo. Em dia de jogo, quando termina, no outro dia a gente já está cedo limpando tudo, para deixar pronto pro próximo – explica.
As linhas do campo são feitas com alguns dias de antecedência. Mas o trabalho vai além do que está no gramado. Nos dias de jogo, Zóio ainda ajuda na venda de refrigerantes e produtos na Copa.
– Não é a minha função, mas eu ajudo o clube. Gosto de participar. Me criei aqui dentro, meus filhos são alvirrubros. Meu guri é roupeiro, tá aí faz cinco anos. Às vezes também trago meu outro filho, para ajudar também. Estamos unidos, para ajudar o Inter a subir. Se Deus quiser, vai ser esse ano.
Quem deixa tudo pronto
Thiarles Rodrigues Rosa, 24 anos, é quem garante que nenhum detalhe falte no vestiário. No Inter-SM desde 2022, é um dos responsáveis por cuidar da organização dos uniformes, chuteiras, coletes e tudo mais que envolve o ambiente dos jogadores.
– A gente vem pra arrumar o vestiário, deixar tudo pronto para a hora do jogo. É organização mesmo, todo o cuidado possível para garantir que não falte nada.
Discreto e bem-humorado, Thiarles fala com naturalidade sobre o contato com os atletas:
– Os caras são show de bola. O tratamento deles com a gente é nota 10. Tratam a gente super bem – conta.
No dia a dia, o trabalho é silencioso, mas a "resenha" também faz parte. E no dia de jogo, assim como Rodrigo e Zóio têm o apoio da família, Thiarles conta com a esposa, que trabalha na copa do estádio em dias de jogo, para ajudar ainda mais o clube.
Em meio a tantas camadas que formam o Inter-SM, há histórias que não saem nas fotos, mas que sustentam a rotina do clube. São pessoas como Rodrigo, Zóio e Thiarles que garantem que, quando o juiz apitar o início da partida, tudo esteja pronto para o futebol acontecer.