Empregos e a operação de indústrias podem ser afetadas, alertam entidades gaúchas sobre taxação de Trump

Empregos e a operação de indústrias podem ser afetadas, alertam entidades gaúchas sobre taxação de Trump

Foto: Renan Mattos (Arquivo/Diário)

Na balança do país, as exportações seriam o fator que mais beneficiaria a economia, que tem como prioridade ter seus produtos consumidos por outros países. No entanto, com a decisão na noite desta quarta-feira (9) do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esse objetivo tem nova barreira – as exportações brasileiras sofrerão uma taxação de 50% a partir do dia 1º de agosto - atualmente, é de 10%. A decisão preocupa o Estado, que somou em 2024 US$ 21,9 bilhões (dólares americanos) em exportação, e os Estados Unidos foram o terceiro mais importante nessa compra de itens, com participação de 8,4%.  

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Conforme o painel das Estatísticas das Exportações do RS, os itens que mais são enviados aos estadunidenses são o fumo não manufaturado, celulose, madeira e máquinas agrícolas, além de carne de frango e suína. Cereais (exceto para semeaduras) e soja em grãos, seu farelo e óleo também estão na lista. Em 2024, as compras dos Estados Unidos somaram mais de 1,8 bilhão de dólares de retorno ao Brasil. Logo, estes são setores que podem ser afetados diretamente pela taxação. 

Setor industrial 

O presidente da Federação e o Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, destaca em nota que, se mantida, a taxação ameaça a competitividade das aproximadamente 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA. Consequentemente, empregos e a operação de muitas indústrias podem ser afetados. 

Bier frisa que os EUA são um importante parceiro comercial e, com isso, defende a negociação e mediação. Ele estaria em contato com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e dirigentes das demais federações industriais para que juntem esforços em favor da negociação.

Avícultura 

Após o caso de influenza aviária registrado no Estado, que foi oficialmente encerrada na última semana de junho, a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) está digerindo a decisão que pode afetar mais uma vez a economia. Ainda que o Estado ainda não exporte ovos para o EUA, e o Brasil não envie carne de frango, indica a associação, eles acompanham com preocupação as tratativas. E complementam que apesar da balança comercial ser deficitária para o Brasil, os embarques de proteína animal para os Estados Unidos têm relevância para as cadeias produtoras, gerando divisas importantes para a sustentabilidade os setores exportadores. 

Atualmente, os Estados Unidos são o 12° principal destino das exportações de carne suína, com 14,9 mil toneladas exportadas entre janeiro e junho, gerando receitas de US$ 31,6 milhões no período.


Trocas com os Estados Unidos 

  • Itens – Exportação de muito fumo, madeira, calçados e celulose;
  • Um dos maiores destinos das exportações gaúchas – 8,22% do total exportado em 2024 foi para os EUA;
  • EUA é o 3º país nas importações do RS

*Dados da Fiergs 

Na balança comercial do Rio Grande do Sul1º tri/2025 

  • China – 14,96% das exportações. US$ 701 milhões 
  • União Europeia – 11,10%. US$ 520 milhões
  • Estados Unidos – 9,93%. US$ 466 milhões 

O Rio Grande do Sul seria um estados que mais contribuem para as exportações brasileiras. O receio dos especialistas e de diversos setores da economia é sobre as proporções da decisão política. 

Entenda 

O anúncio foi realizado pelo presidente estadunidense via carta destinada ao presidente Lula (PT), que foi publicada por Trump em suas redes sociais. A decisão é uma resposta à perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria sofrendo no Brasil, devido ao processo criminal que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Eles também argumentam que o Brasil adota barreiras comerciais (tarifárias e não tarifárias) elevadas contra os EUA, o que estaria desequilibrando o comércio entre os dois países.

 Hoje, o percentual é de 10% do que é vendido aos EUA. E o presidente adicionará 50%. 

Em resposta a carta, Lula publicou em suas redes sociais que o Brasil responderá com a Lei de Reciprocidade Econômica. A lei que possibilita a ação estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira. Em relação a balança comercial, Lula rebate indicando que ​é falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano. E que o próprio país americano comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos. 

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