Diário explica: como é feita a repavimentação após obras de esgoto em Santa Maria

Diário explica: como é feita a repavimentação após obras de esgoto em Santa Maria

Fotos: Tales Trindade (Diário)

A implantação de uma rede de esgoto se assemelha à construção de uma casa. Assim como existem a pintura e os acabamentos finais, as obras de saneamento básico também têm sua etapa de conclusão. Depois de escavar, instalar tubulações e realizar os testes técnicos, vem o momento de repor o que ficou no caminho: a repavimentação das ruas. É ela o “retoque final” que devolve à cidade a aparência e a funcionalidade das vias.

A condição do asfalto é, também, reivindicação de parte dos santa-marienses que relatam desníveis, ondulações ou buracos. Para entender a causa dos problemas relatados, o Diário foi até uma das obras da Corsan para entender o processo e conversou com especialistas. Para eles, é importante que fique claro que, mesmo com o cuidado de empresas na repavimentação, o asfalto ou paralelepípedo dificilmente será como antes. O ideal seria que obras de saneamento básico, por exemplo, sejam realizadas antes da composição do pavimento – mas essa realidade, no Brasil, dificilmente acontece.

A orientação é que moradores que tenham dúvidas ou reclamações em relação a condições do pavimento, entrem em contato com a Corsan através do setor responsável. O WhatsApp é 55 9623-4814.


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Em Santa Maria, a repavimentação tem sido cada vez mais frequente. Isso porque são sete bairros que, em 2025, estão com obras para implantação de esgoto em andamento: João Goulart, Km 3, Nossa Senhora das Dores, Caturrita, Diácono João Luiz Pozzobon, São João e Juscelino Kubitschek. Além destes, outros dez bairros já estão com as obras finalizadas. Até o final de 2025, a previsão é que 77% das residências santa-marienses tenham rede de esgoto.


Como funciona a repavimentação

Após a implantação da rede coletora de esgoto, entra em cena a repavimentação. Ou seja, a parte do processo para fechar a via e compor o pavimento, da forma que estava anteriormente. Para isso, o gerente de Engenharia da Corsan, Adriano Palhares, explica que ocorre uma escavação inicial para que seja colocada a primeira camada de material. É como se fosse “o esqueleto da pavimentação”, explica:

– Essa camada que vai dar toda a estrutura de suporte a pavimentação e ao trânsito de veículos na via.

Após a primeira camada, é inserida uma espécie de cola líquida – que liga a camada da case com a do asfalto. Depois, é colocada a massa asfáltica, que chega na obra com uma temperatura de 110°C.

Essa temperatura precisa ser controlada para garantir a qualidade e a resistência do pavimento. E depende, também, das condições climáticas. Não é recomendada a aplicação em temperaturas abaixo dos 6°C e em dias úmidos – explica Palhares.

Na imagem, a cola líquida colocada no trecho que vai receber o pavimento


Na outra reportagem da série, entenda como funcionam as obras para implantação da rede de esgoto: 


Rotina na obra

No dia a dia, a rotina na obra é intensa e coordenada. Segundo Bruno Zambelli Jorge, responsável pela execução em campo, o trabalho é dividido entre equipes especializadas em cada etapa do processo. Primeiro, entram em ação os grupos que realizam as escavações e a instalação da rede de esgoto. Depois, uma nova equipe assume para fazer a recomposição do pavimento. Cada fase envolve profissionais específicos: operadores de máquinas, motoristas, encanadores e laboratoristas de controle tecnológico. Já na repavimentação, entram os rasteleiros, responsáveis por espalhar o asfalto, e os operadores de rolo compactador, que garantem a aderência e a resistência do pavimento.

Todo o processo segue um cronograma técnico para reduzir o tempo de interdição das vias. Em média, o prazo para que o trecho seja reconstituído e liberado ao trânsito é de até sete dias. Antes disso, equipes de topografia e engenharia fazem medições e ajustes no projeto, o que garante as exigências técnicas no trabalho de campo.

Além da execução, há o cuidado com o entorno. Uma equipe social da Corsan visita previamente os moradores para avisar sobre as interdições e, após a conclusão, retorna ao local para fazer uma vistoria pós-obra.

– As obras interferem na mobilidade, por isso mantemos contato constante com a Secretaria de Trânsito e seguimos um manual rigoroso de sinalização e desvio – completa.

Outra etapa importante no processo é a sinalização da via


Testes garantem qualidade na repavimentação das vias

Antes que uma nova camada de asfalto seja aplicada, cada etapa do processo passa por testes de qualidade. Segundo a equipe técnica responsável, o objetivo é garantir que o solo esteja devidamente compactado e resistente – o que evita problemas futuros, como recalques (desníveis).

A coordenadora de controle tecnológico, Tatiana Calmon da Silva, explica que os testes podem ser realizados no local da obra ou em laboratório. Entre os procedimentos, está o chamado ensaio in situ, que utiliza o cone de areia para medir a compactação, densidade e umidade ideal do solo. Outro teste, feito com o equipamento DCP, mede a resistência da vala antes da aplicação da massa asfáltica. Ou seja, serve para garantir que, ao aplicar a camada de revestimento asfáltico, não haja nenhum rebaixamento do asfalto.

– É um ensaio simples, leva cerca de 5 minutos, mas é essencial porque aponta a resistência para receber a camada de pavimento – explica Palhares, que acompanha o teste de perto.

O equipamento DCP, que aparece na imagem, é responsável pelos testes relacionados a compactação do solo

Ainda de acordo com Tatiana, a temperatura do material também é constantemente monitorada:

– Quando o asfalto chega no caminhão, precisa estar a pelo menos 145°C. No momento da aplicação, a temperatura mínima deve ser de 110°C para garantir uma melhor compactação e durabilidade do pavimento – detalha.

Além do controle em campo, a Corsan vai implantar um novo laboratório de controle tecnológico na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O espaço deve entrar em operação em outubro e permitirá a realização de ensaios de solo e asfalto. Conforme a equipe, o laboratório vai ampliar a precisão nas análises e fortalecer o acompanhamento técnico das obras de repavimentação em Santa Maria.


E se houver problemas após a repavimentação?

Mesmo após a conclusão das obras de repavimentação, o trabalho das equipes da Corsan tem continuidade. De acordo com o gerente de Engenharia, Adriano Palhares, a Companhia realiza um monitoramento contínuo para assegurar a qualidade do pavimento e evitar retrabalhos.

– Após a conclusão da obra e a reconstituição da pavimentação, o trabalho não termina. Mantemos um acompanhamento constante para garantir que o serviço entregue continue atendendo aos padrões de qualidade – explica Palhares.

Segundo ele, técnicos de controle de qualidade e agentes de expansão percorrem diariamente as ruas da cidade para fiscalizar obras em andamento ou, ainda, aquela que foram finalizadas recentemente:

Caso surja algum problema, a equipe técnica retorna ao local para fazer as devidas correções. Esse acompanhamento é essencial para garantir a durabilidade do pavimento e a eficiência dos serviços prestados à população.

Em caso de dúvida ou reclamações em relação a condições do pavimento após as obras da Corsan, a Companhia orienta que os consumidores entrem em contato para que as equipes técnicas possam verificar a situação. O WhatsApp do setor de responsabilidade social é o 55 9623-4814. 


“Compactação e temperatura corretas são essenciais para garantir a durabilidade do asfalto”, explica especialista

A repavimentação, etapa final das obras de esgoto, exige uma série de cuidados técnicos para assegurar a durabilidade do pavimento. Conforme o professor da UFSM e especialista em pavimentação, Luciano Specht, o principal desafio está na execução das camadas de base e no controle da compactação, especialmente em áreas de vala estreita.

– Em obras de abertura de vala, é muito difícil garantir a mesma qualidade de compactação, porque o espaço é pequeno. Um rolo compactador não entra numa vala de um metro, então a compactação precisa ser manual, e isso reduz a qualidade do serviço – explica.

O especialista destaca ainda que o controle de temperatura da massa asfáltica é determinante para a resistência do pavimento.

– Quando se trabalha com volumes pequenos de massa, como em repavimentações, o material esfria muito rápido e fica difícil compactar depois. Hoje já existe a tecnologia de mistura morna, que permite compactar em temperaturas mais baixas. É mais caro, mas melhora a qualidade e poderia ser adotado aqui também – completa Specht.

O professor coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Pavimentação e Segurança Viária (GEPPASV)

Para ele, a repavimentação deve ser encarada com o mesmo rigor técnico de uma nova obra, já que qualquer falha na execução pode comprometer o desempenho da via a curto prazo.

– A pavimentação é um investimento da sociedade. É preciso tratá-la com planejamento, técnica e manutenção adequada para preservar esse patrimônio – conclui.


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